Portugal
Tom van Weert, o avançado incansável que encontrou inspiração em Nistelrooy
2018-06-19 20:55:00
Tom van Weert aterrou em Lisboa após uma temporada que terminou banhada a golos.

Tom Van Weert aterrou em Lisboa. Tanto em Portugal, como na Holanda, a chegada a Portugal do avançado de 28 anos do FC Groningen, surgiu como uma surpresa. A imprensa nacional assegura que Van Weert será reforço do Sporting para a nova temporada e por isso fomos saber mais sobre um homem que procurou inspiração em Ruud van Nistelrooy para ultrapassar o ponto mais baixo da carreira. Um homem que, enquanto jogador, é um trabalhador incansável, mas que não vem para Portugal para ser o novo Ricky Van Wolfswinkel.

"É uma grande surpresa para nós também. Não esperávamos que ele fosse para o Sporting. No início da temporada o Tom van Weert nem sequer jogava muito. Foi muitas vezes utilizado só a partir do banco. No final da temporada, porém, ganhou o lugar e aí sim começou a jogar bem e a marcar golos porque até então não o tinha conseguido", diz-nos Jan Mennega, jornalista da conceituada revista holandesa Voetbal International, que acompanhou o FC Groningen ao longo da temporada.

Terminada a segunda temporada ao serviço da equipa de Groningen, que terminou a primeira divisão holandesa na 12ª posição, Van Weert aterrou esta manhã em Lisboa e segunda grande parte da imprensa nacional será reforço para a frente de ataque do Sporting para a próxima temporada, Van Weert a aterrar em Portugal depois de uma das melhores temporadas da carreira com 12 golos em 33 jogos pela equipa do Groningen, todos eles, marcados na primeira divisão holandesa. Um registo que permitiu mesmo a Van Weert sagrar-se o melhor marcador da equipa holandesa esta temporada.

Se espera ver em Tom van Weert um novo Ricky van Wolfswinkel, é melhor começar a mudar de ideias. Segundo Mennega, ideia corroborada por Toni Varela, antigo companheiro de equipa de Van Weert no Excelsior, as características dos dois jogadores estão longe de se assemelhar. Quem o conhece destaca-lhe a capacidade de trabalho, um grande coração e uma entrega inesgotável que compensam a menor capacidade técnica do jogador. Correr e desgastar defesas são o grande ponto forte de Tom van Weert.

Eindhoven, 2013. O FC Eindhoven entrou com tudo. Em nove minutos marcou dois golos e só aos 21 minutos o Den Bosch reduziu. Marcou Tom van Weert, naquele que foi o 19º golo da temporada para Van Weert na segunda divisão holandesa. Van Weert foi, porém, do céu ao Inferno em poucos minutos. Aos 33 minutos saiu lesionado e só horas mais tarde se percebeu a verdadeira dimensão da lesão do avançado: rutura do menisco externo e rutura do ligamento cruzado anterior. A lesão surgiu em abril de 2013 e só um ano depois, exatamente um ano depois, Van Weert voltou aos relvados.

Para ultrapassar o ponto mais baixo da carreira Van Weert procurou inspiração em Ruud van Nistelrooy que, em 2000, a poucos dias de se transferir para o Manchester United, sofreu lesão idêntica. "Sabes que isto te pode acontecer a qualquer momento. Muitos antes de mim já o sofreram. Dizem que até podes sair mais forte de uma situação como esta. Vejam o Van Nistelrooy. Se não me engano sofreu a mesma lesão do que eu e toda a gente sabe como o resto da carreira decorreu. Só posso olhar em frente e manter-me positivo e ter noção que irão sempre existir momentos pesados como este", afirmou Van Weert à imprensa holandesa em 2013.

A lesão de Van Weert surgiu numa altura em que se ia afirmando como uma das figuras mais interessantes da segunda divisão holandesa. Antes da grave lesão sofrida em Eindhoven, Van Weert havia feito 17 golos em 2011/12, termindo com vinte golos no total da temporada seguinte, aquela em que se lesionou. E, quando regressou, pegou de onde havia deixado e já num patamar acima, qual Ruud van Nistelrooy. Ao serviço do Excelsior, já da primeira divisão holandesa, Van Weert apontou 16 golos em 2014/15 e 15 golos na temporada seguinte, as épocas imediatamente seguintes à grave lesão. Uma recuperação explicada, também, por aquilo que é Van Weert enquanto pessoa e jogador: um batalhador.

"Ele é um jogador muito disciplinado dentro e fora do campo. Trabalha muito para equipa. Diria que o ponto forte dele é estar sempre bem posicionado, estar em situação de perigo dentro da área adversaria", avalia-nos Toni Varela, internacional caboverdiano de 32 anos que fez carreira pela holanda e ainda passou por países como a Grécia, os Emirados Árabes Unidos ou a Áustria. Desde então, nanhuma outra lesão grave apoquentou Van Weert.

Para Jan Mennega a transferência de Van Weert para o Sporting é uma surpresa. O jornalista holandês conta-nos que não tivesse Van Weert terminado contrato com o Excelsior em 2016 e dificilmente o Groningen teria avançado para a contratação do avançado caso tivesse de pagar algum valor por ele. A ida para Groningen foi, segundo Mennega, uma oportunidade de negócio que surgiu e que a equipa verde e branca não rejeitou. Certo é que depois de uma temporada de estreia em que apenas marcou 6 golos em 19 jogos pelo Groningen, já longe dos problemas físicos que o apoquentaram em Den Bosch, Van Weert terminou a temporada em alta acabando por dobrar o registo goleador na equipa de Groningen de um ano para o outro.

Van Weert terminou a temporada em alta. Se em 28 jogos havia marcado 6 golos na liga holandesa, o avançado terminou a época de forma prolífica apontando mais seis golos nas últimas sete jornadas ficando em branco em apenas duas delas. Frente à antiga equipa, o Excelsior, em abril, apontou mesmo um bis, registo ao qual devem ser adicionadas duas assistências nas jornadas 26 e 27. Van Weert até pode ter começado a temporada como segunda escolha para liderar o ataque, porém, terminou-a liderando a linha ofensiva do Groningem. Desde a jornada vinte, diga-se, só em três encontros Van Weert acabou substituído nunca fazendo menos de 70 minutos em campo.

Tanto Jan Mennega como Toni Varela têm dúvidas de que Van Weert tenha a capacidade para ser decisivo num campeonato como o português, jogando por uma das principais equipas do país. Mas, Toni Varela deixa o aviso: "Ele sempre se adapta muito bem a um nível mais alto. É um jogador inteligente", diz-nos, sobre um homem que podia acordar à noite para comer um prato italiano e que defende que as almôndegas dinamarquesas são melhores que as suecas do IKEA que, afinal, até são turcas. Relevante, nós sabemos.