Portugal
Sporting tem a viagem mais desgastante, mas na pior altura do ano para o Astana
2017-12-11 16:00:00
Leões vão ao Cazaquistão enfrentar o FC Astana numa altura de decisões na Liga, mas com o campeonato local parado

Longe vai o tempo em que de Bragança a Lisboa eram nove horas de viagem. Agora, as coisas estão diferentes e as distâncias foram encurtadas em tempo. Felizmente para o Sporting, que viu o sorteio da Liga Europa ditar-lhe um duelo frente a um dos emblemas com menos expressão na Europa, mas que exige a maior viagem entre os ainda em prova. Os leões vão defrontar os cazaques do FC Astana nos 16 avos-de-final e pela frente terão uma viagem de 6165 quilómetros. O voo deverá durar cerca de oito horas e, apesar de até ser mais rápido do que era noutros tempos ir ter com a "Maria", este é um cenário que pode condicionar sempre a preparação de uma equipa. Contudo, o Sporting terá uma vantagem do seu lado... 

A eliminatória vai situar-se numa altura decisiva da Liga, à entrada para as últimas dez jornadas. Em cerca de 20 dias, os pupilos de Jorge Jesus terão seis jogos que poderão ajudar a definir o sucesso da temporada. O Sporting recebe o Feirense antes de ir a Astana, a 15 de fevereiro. Depois, vai até Tondela e recebe os cazaques, a 22, jogando logo depois em casa com o Moreirense. Na jornada seguinte terá pela frente uma deslocação ao Estádio do Dragão, para enfrentar o FC Porto. Alguns destes jogos terão de ser disputados com uma distância de três dias entre si. Uma viagem tão longa pelo meio, será sempre um obstáculo a ultrapassar, pois deverá obrigar a equipa lisboeta a mais de meio dia em viagem.  

O Sporting irá igualar o Benfica na viagem mais longa alguma vez registada nas competições europeias. As águias sabem bem o que é viajar até um país transcontinental, com Astana a situar-se já do lado asiático do Cazaquistão. Em 2015/16 a equipa lisboeta empatou 2-2 no complicado reduto do FC Astana, que além da longa viagem ainda brinda os adversários com piso sintético. Mas esse foi um encontro para a Liga dos Campeões, ao contrário de agora, o que permitiu ao Benfica ter mais uns dias de descanso até ao jogo seguinte do campeonato. Nessa temporada, os encarnados foram a Braga cinco dias depois e venceram por 2-0.  

No entanto, a Liga Europa joga-se a uma quinta-feira e os 16 avos-de-final disputam-se em duas semanas seguidas, o que complica ainda mais a gestão. Os leões até poderão deslocar-se a Tondela a uma segunda-feira, conseguindo ter um intervalo de três dias no pós-Astana, mas na quinta-feira seguinte terão de jogar a segunda mão com os cazaques, o que reduz o descanso para dois dias – embora aí já não tenha o desgaste da viagem pela frente. Mas nem só a distância é um problema, pois o clima também poderá complicar a adaptação dos leões. 

Ainda assim, nem tudo joga a favor dos cazaques. O Sporting vai enfrentar o FC Astana naquela que poderá ser a melhor altura do ano. Isto porque o campeonato local terminou a cinco de novembro e o tetracampeão vai estar praticamente quatro meses parado. A temporada de 2017 só se iniciou em março, sendo expectável que o mesmo volte a acontecer em 2018. A equipa da capital cazaque terá de fazer uma pré-temporada a pensar exclusivamente nesta eliminatória. É certo que não deverão ter qualquer jogo pelo meio, mas o ritmo competitivo também não será o melhor. 

O velho conhecido Stoilov e o perigoso Kabananga 

O FC Astana apresenta uma equipa composta por vários jogadores locais, mas com alguns nomes vindos de países do leste europeu. No plantel há bósnios, um húngaro, um croata, um sérvio e um bielorrusso. Há também um búlgaro, mas esse fica no banco de suplentes a dar ordens. Stanimir Stoiloiv, de 50 anos, está em Astana desde 2014. Já orientou também a seleção búlgara. Foi ele que enfrentou o Benfica em 2015/16. Mas a ligação ao nosso país estende-se ao período em que foi jogador. Stoilov representou o Campomaiorense entre 1995 e 1997 e marcou alguns golos pelos "galgos" alentejanos.  

Na primeira época em Portugal disputou a primeira divisão. Fez sete golos e o primeiro deles foi frente aos leões, na terceira partida que realizou. Stoilov inaugurou o marcador, naquele que foi o único golo do Campomaiorense numa derrota por 7-1 em Alvalade. Um registo que não deverá trazer boas memórias ao atual técnico dos cazaques. O antigo médio não conseguiu ajudar a turma alentejana a garantir a permanência e na temporada seguinte disputou a segunda divisão, onde marcou 12 golos, regressando depois à Bulgária, país que representou em sete ocasiões.  

Na frente de ataque do Astana destaca-se ainda o congolês Junior Kabananga, autor de 23 golos na última temporada. Desse total, 19 foram no campeonato, onde foi o segundo melhor marcador. Na qualificação para a Liga dos Campeões fez um golo, antes de a equipa cazaque perder nos playoffs frente ao Celtic. Seguiram-se três tentos na Liga Europa, onde o FC Astana superou o Slavia Praga e o Maccabi Telavive na fase de grupos, sendo batido apenas pelo Villarreal CF. A "muleta" de Kabananga é Patrick Twumasi, um jovem ganês que vai na quarta temporada no clube e que em 2017 apontou 22 golos, 13 deles na Liga, cinco na fase de qualificação da Champions e quatro na Liga Europa. A dupla africana junta-se à distância e ao piso, como as principais ameaças que o Sporting terá de ter em conta nesta eliminatória.