Portugal
Sousa Cintra: "O Sporting estava a cair a pique”
2018-10-22 10:20:00
Sousa Cintra abriu o livro para analisar a passagem pela direção da SAD do Sporting.

Sousa Cintra abriu o livro e em entrevista passou em revista o tempo que passou como presidente da SAD do Sporting no período pós Bruno de Carvalho. Segundo o antigo dirigente, quando assumiu a liderança do clube pela segunda vez o “Sporting estava a cair a pique”, mas que assim que regressou a Alvalade “as vendas de gameboxes dipararam”. “Passámos a ter filas de sócios a pagarem as quotas. Começou a entrar dinheiro que foi uma coisa maluca”, afirmou ao jornal Record.

Sousa Cintra afirmou que a única coisa que se arrepende do seu tempo no Sporting foi de ter despedido Bobby Robson em 1993, assegurando que se fosse hoje isso nunca aconteceria. Cintra escusou-se a falar de Bruno de Carvalho e apesar de não fechar a porta a um regresso ao Sporting no futuro, garante que “nunca mais será candidato à presidência do Sporting, porque não o quer ser”.

O antigo presidente do clube de Alvalade. e da SAD leonina voltou a explicar as razões do despedimento de Mihajlovic, e destaca a indecisão de José Peseiro na construção do plantel do Sporting: “Ele fazia a leitura dos jogadores, mas perdia muito tempo a analisar. Via, via, serve, não serve, houve ali alguma falta de decisão. Tenho enorme respeito pelo treinador, mas na escolha de jogadores houve muita indecisão. Sim, depois não, depois sim, não, talvez... Peseiro viu muitos jogadores, talvez demais. Poderíamos ter outro plantel, apesar de este ser bom”.

Sousa Cintra destaca que esteve perto de contratar Prijovic ao PAOK, mas que o avançado sérvio acabou rejeitado por José Peseiro: “Tivemos as negociações muito adiantadas. Esteve para vir. O Peseiro primeiro disse sim, depois não, depois no fim até disse que ele nem sequer iria para o banco”. Cintra afirmou não ter falado com Miguel Veloso em relação a um possível regresso a Alvalade e que Fábio Coentrão também podia ter voltado. Viviano? “Não apareceu alguém que o quisesse. Se ele pudesse, também tinha saído. Agora está a melhorar. Pode ser que ainda dê um grande contributo. Se calhar pensava que vinha de férias. Estava gordo e não se dedicava. O treinador não gostou e tive de arranjar outro guarda redes”.

Sousa Cintra que reiterou a sua amizade com Luís Filipe Vieira e que foi isso que impossibilitou que o Benfica contratasse qualquer jogador ao Sporting, assegurando que nenhum dos jogadores regressado a Alvalade tiveram um aumento salarial ou qualquer prémio de assinatura, apesar de confirmar o pagamento de comissões aos empresários dos jogadores para que eles regressassem ao Sporting. Aumento salarial recebeu, sim, Jovane Cabral. “O Jovane ganhava 2 ou 3 mil euros por mês. Uma vergonha. Vivia num sítio horrível, um craque daqueles. Não se compreendia. Renovei-lhe o contrato, aumentei-o dez vezes ou mais e dei-lhe 100 mil euros para comprar uma casa e viver condignamente com a mãe. Ele merecia”.

O antigo presidente do Sporting lamenta o estado em que está a formação do Sporting, assegurando que a situação já começou a ser resolvida e confessou que Jorge Jesus “não voltou por um fio” ao Sporting. “Ao Jesus corre-lhe o Sporting nas veias e fez um excelente trabalho no clube. Tinha contrato assinado para ir lá para os árabes que o obrigava a ficar lá pelo menos seis meses. Se quisesse sair, tinha de pagar indemnização. Essa situação complicou a questão. No entanto, quando ele lá chegou, não gostou muito daquilo, ficou atrapalhado e sentiu vontade de voltar. Houve um momento em que isso esteve para acontecer, mas eles tinham o passaporte dele e as coisas ficaram por ali. Ponderámos arranjar-lhe um passaporte para ele sair de lá. Houve essas conversas. Não veio por um fio”, afirmou, confessando ainda ter tido total acordo com Paul Le Guen antes de se decidir por um treinador português.

Sobre os jogadores que rescindiram contrato e não regressaram o Sporting, Sousa Cintra fala em processos diferentes. Rui Patrício já tinha o futuro definido com o Wolves, enquanto “Gelson estava completamente perdido. Ele estava com a cabeça no Atlético Madrid e nada o demovia. Estava perdido por ir embora. Incrível!”. Sousa Cintra afirmou que estava disponível para negociar Gelson por 40 milhões, mas o Atlético não aceitou. Já Rafael Leão, diz Sousa Cintra, sempre quis regressar ao Sporting, porém foi o pai e o empresário do jovem que o levaram a assinar pelo Lille OSC.