Artur Soares Dias, apontado por muitos como um dos melhores árbitros portugueses, abriu o coração e partilhou um testemunho muito pessoal da arbitragem.

Numa reportagem da SIC, o juiz portuense admitiu que fica frustrado quando erra, salientando que também um árbitro deve ter "espaço para melhorias".

"Eu próprio sou incompetente em alguns momentos. Não gosto de ser incompetente. Gostava de ser bem sucedido, mais eficiente, em algumas decisões, assim como o próprio jogador, que quando tem a baliza aberta não quer falhar. Mas a verdade é que algumas vezes falha", sustentou.

O árbitro abordou depois a relação com o videoárbitro (VAR), salientando como este "não deve intervir" em questões que são "de interpretação.

"Essas questões ficam para o árbitro, no campo, tomar a sua decisão e ser autónomo", reforçou.

Nessa relação entre árbitros e VAR, um dos focos de maior tensão incidente nos foras de jogo decididos por centímetros.

"No início, houve uma fase de adaptação. Agora, sou eu a dizer: 'vê lá se isso está bem, para amanhã não haver barulho'", revelou Artur Soares Dias.

Assumindo que os jogos que lhe dão mais prazer são "os dérbis, os clássicos, jogos com tensão", o juiz falou também das partidas nas competições europeias, fazendo questão de agradecer aos colegas que o acompanham.

"Dedico-me muito. Esforço-me muito. Mas sem os meus assistentes, Rui Licínio e Paulo Soares, que me acompanham sempre, sem um bom VAR, que me acompanha sempre, como é o caso do Tiago Martins e do João Pinheiro, não conseguiria atingir os objetivos", salientou.

Neste testemunho invulgar, o árbitro falou também sobre o incidente num jogo do campeonato grego, entre AEK e o Aris, quando chegou a ameaçar não retomar o encontro depois do intervalo.

"Ter alguém de um clube, junto de um árbitro assistente, a agarrar-lhe os seus órgãos genitais foi hilariante. Eu nunca tinha visto nada assim. Foi uma agressão nada normal. Eu nem queria acreditar", afirmou.