Portugal
"Sócios têm de decidir se querem ter paciência para reconstruir o Sporting"
2020-01-15 21:15:00
José Peseiro defende que o clube de Alvalade precisa de encontrar "forma de estar unido"

José Peseiro, o treinador que Sousa Cintra chamou para comandar o Sporting no período que se seguiu ao ataque a Alcochete, afirmou hoje que o clube continua "fraturado".

O técnico despedido logo no início do mandato de Frederico Varandas estava a comparar as diferentes pressões no Sporting e no Real Madrid, por onde passou como adjunto de Queiroz, numa entrevista à A Bola TV.

"Em termos de massa associativa e claques, a pressão no Sporting é maior, mais destrutiva e perturbante. Em termos de imprensa, a espanhola é demolidora. Não foi só o Queiroz, tivemos o Cristiano Ronaldo e o José Mourinho", salientou.

E Peseiro afirmou então que "o Sporting está um clube fraturado, fruto do que se passou nos últimos dois anos".

Evocando as conversas que teve com os jogadores, o técnico revelou que a preocupação geral era "sobre o futuro deles e o futuro da relação com os sócios e as claques".

"O clube tem que se reinventar, tem que encontrar forma de voltar a estar unido", defendeu.

"A alma do Sporting está fraturada. É fruto do que se passou, da forma como as coisas foram e são feitas", reforçou, alertando para a possibilidade do Sporting se tornar no primeiro clube português a seguir o modelo inglês (e "do Real Madrid"), com a presidência entregue a quem 'tem dinheiro'.

"Pede-se paciência à massa associativa, mas se calhar tem de ser o Sporting a decidir se quer ter esta paciência para reconstruir a alma do clube, porque a história está lá, é um clube grandíssimo, o futebol português não pode existir sem o Sporting. Ou, então, o caminho é [aparecer] alguém que tenha essa capacidade económica", reforçou.

Para além dessa paciência, é preciso tempo "para projetar um futuro melhor", que só será possível "vendendo jogadores ou apostando na Champions".

"O Sporting atrasou-se na formação, está mais longe do que Benfica e FC Porto para vender recursos, teve que voltar à matriz", lamentou José Peseiro, considerando que os leões não têm capacidade para terminar em primeiro ou segundo no campeonato, os lugares que dão acesso à Liga dos Campeões.