A terceira derrota consecutiva e o quinto jogo – em cinco – a sofrer golos nesta pré-época já são suficientes para causar alguma perplexidade em Jorge Jesus. Os sinais deixados no 1-2 frente ao Olympique de Marselha não foram muito diferentes daqueles que já se tinham visto ante o FC Basileia ou – aqui agravados – face ao Valência CF. E se a equipa presa e lenta a reagir pode ter a ver com as cargas físicas que está a levar nesta altura, há sintomas bem mais preocupantes à volta de posições onde se nota a falta de alguma coisa ou até a aparente imprescindibilidade dos internacionais que estiveram na Taça das Confederações. Podence foi hoje o único a brilhar: foi ele que colocou no jogo uma equipa do Sporting que, até à sua entrada, se limitou a fazer uma posse de bola estéril e a sofrer na reação à sua perda.
Se a equipa fosse feita a olhar para o jogo de hoje bem podia dizer-se que vai ser Podence e mais dez – o que de certa forma pode explicar o facto de, mais uma vez, Jesus não ter colocado na equipa Bas Dost e Doumbia ao mesmo tempo, de forma a trabalhar a complementaridade dos dois goleadores. O jovem avançado foi o único a meter aceleração no jogo do Sporting, numa segunda parte na qual foi por vezes acompanhado por Matheus Pereira, um dos que tem a sua continuidade no plantel em risco. De resto, até aí, o Sporting foi sempre um deserto ofensivo. A primeira parte, então, jogada com dois médios-alas sem capacidade para fazerem de terceiro avançado – Bruno Fernandes apareceu na direita e Bruno César na esquerda – e com um núcleo de meio-campo sem visão de jogo – Petrovic não está a conseguir confirmar o que chegou a mostrar no Rio Ave e Battaglia é jogador de transporte – terá feito o treinador ansiar pelo regresso de William, Adrien e Gelson. Restará saber duas coisas: se eles ficam e se, ficando, faz sentido ter ido buscar tanta gente.
Nessa altura, a equipa mostrou também alguns problemas defensivos. Viu-se a tentativa de defender alto, de ir à procura do pressing, mas com grande distância entre linhas a facilitar a saída apoiada do adversário e uma defesa lenta a controlar a profundidade – que os franceses aproveitaram para marcar muito cedo. Com mais bola, é certo, o Sporting não conseguiu nessa altura ligar jogo a Bas Dost, que só teve uma oportunidade de finalizar, num cruzamento de Piccini, o lateral que confirmou a imagem de jogador voluntarioso mas que voltou a deixar à mostra problemas defensivos. Isso tudo melhorou no segundo tempo, mas mais um erro defensivo do coletivo – Matheus Pereira não baixou, Battaglia esqueceu-se que estava a jogar a 6 e por isso devia compensar os movimentos para as costas dos laterais e os centrais ficaram a ver o cruzamento de Payet chegar a N’Jie – deixou o jogo quase fora de alcance. Aí, no entanto, com Bruno Fernandes ao meio, Mattheus Pereira na esquerda e os mais móveis Doumbia e Podence na frente, o Sporting chegou a causar problemas à defesa francesa. Ainda marcou, por Doumbia, num penalti ganho por Podence, mas nem o facto de ter chegado a ameaçar com o empate deixará os adeptos mais tranquilos.
