Portugal
Sérgio Vieira: Desde observador da Naval até ao Moreirense, ao ritmo do Brasil
2017-11-01 19:55:00
Anunciado recentemente como novo treinador do Moreirense, Sérgio Vieira faz a estreia como técnico no principal escalão.

Desde os primeiros tempos como observador, passando pela experiência enquanto treinador no Brasil, até culminar agora no comando técnico do Moreirense. Sérgio Vieira é o sucessor de Manuel Machado no cargo de timoneiro da equipa de Moreira de Cónegos e vai ter assim a primeira experiência a treinar um clube no principal escalão do futebol português. Tudo começou, em 2006/07, na extinta Naval, na qual o jovem técnico mostrou valor numa função que já não desempenha hoje em dia.

Mariano Barreto foi quem “apadrinhou” a passagem de Sérgio Vieira como observador da Naval. O principal trabalho do novo treinador do Moreirense primava pelo estudo das equipas adversárias. Sérgio Vieira estudou treino especializado em futebol, em Rio Maior, e Mariano Barreto contou ao Bancada os primeiros passos daquele a quem lançou as bases futebolísticas. “Era um rapaz humilde, que passava quase todos os dias connosco, nos treinos, e eu lancei-lhe um desafio, que era começar a observar as equipas contra quem nós iríamos jogar a seguir”, referiu Mariano Barreto. Ainda assim, ao início as responsabilidades de Sérgio Vieira no clube da Figueira da Foz ainda eram reduzidas. “Era uma forma de ter uma segunda opinião, pois nós já tínhamos um observador na equipa nesse momento.”

Agora treinador, é um dado adquirido que a comunicação com os jogadores é fundamental, mas isso era algo que não transparecia nos primeiros tempos de Sérgio Vieira enquanto treinador. Mariano Barreto explicou um momento curioso num desafio que lançou ao novo técnico do Moreirense. “Ele era muito dedicado, envolvido nas tarefas que estava a realizar, e passado uns tempos lancei-lhe um outro desafio, que era passar a apresentar as características do conjunto adversário ao nosso plantel. Ao início, houve alguma confusão, porque ele não estava habituado a fazer aquilo”, recordou Mariano Barreto, entre alguns risos, ao Bancada. “Mas, depois começou a ficar enquadrado e as apresentações já se foram aproximando daquilo que pretendíamos.”

No fim de 2006/07, Mariano Barreto deixou o comando técnico da Naval e assim também saiu Sérgio Vieira, porém o trajeto de ambos não mais se cruzou. Ainda assim, foi a Académica a surgir no caminho do novo treinador do Moreirense e Mariano Barreto teve papel principal nessa situação. “Quando saí da Naval, por ter verificado que ele tinha, de facto competências, e como não o podia levar comigo, recomendei-o ao diretor desportivo da Académica e inclusive falei com o Manuel Machado, que era o treinador nessa altura e disse-lhe que ele era um miúdo interessado, humilde, com espírito de equipa. Depois tanto o Manuel como o diretor desportivo deram-lhe a mão e o Manuel Machado acabou por sair do clube, então ele continuou com o Domingos Paciência.”

Depois da passagem pelos “estudantes”, seguiu com Domingos Paciência para SC Braga e Sporting, onde encontrou aquele que é tido como o seu principal mentor, Jesualdo Ferreira. O treinador do Moreirense sempre destacou a boa relação que ainda mantém com Jesualdo, mas o percurso de ambos foi separado, quando surgiu o Brasil em equação. A primeira experiência de Sérgio Vieira em solo “canarinho” foi nas camadas jovens do Atlético Paranaense e tudo começou com uma viagem ao país. “Estive no Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Coritiba. Andei a conhecer os clubes, a ver jogos e foi aí que surgiu a hipótese do Atlético Paranaense, que tem uma academia muito boa, ao nível da do Sporting ou do Benfica. São excelentes condições, com nove campos, um hotel lá dentro”, referiu Sérgio Vieira em entrevista ao portal “zerozero.pt”, datada de 2015.

Depois de treinar o Guaratinguetá, Atlético Paranaense, Ferroviária, América Mineiro e São Bernardo, sem os resultados esperados, Sérgio Vieira aterrou agora para o regresso a Portugal e com a missão de colocar o Moreirense de novo na rota dos objetivos principais, ou seja, assegurar, o mais rapidamente possível, a permanência na Primeira Liga. O novo timoneiro do conjunto de Moreira de Cónegos sucede, precisamente, ao técnico que estava na Académica quando Mariano Barreto o sugeriu para a Académica. O mundo dá voltas curiosas…