Portugal
SC Braga teve a A24, mas só lá foi de canto
2017-10-29 18:30:00
SC Braga venceu o GD Chaves, por 1-0.

Surpreendido com a vitória (1-0) do SC Braga frente ao GD Chaves? Se sim, não deixe de ler esta crónica. Para já, deixamos a garantia: este desfecho só surpreende quem não viu o jogo. E o GD Chaves ainda ofereceu a A24 ao adversário, que não a quis. Mas já lá vamos.

Primeiro, destacar dois aspetos: o SC Braga continua imbatível em casa - descontando a derrota com o FC Porto - e o GD Chaves mostrou que, sem Pedro Tiba, perde, pelo menos, 50% do seu valor.

O GD Chaves surgiu neste jogo com uma postura subjugada, ainda que consentida. A equipa de Luís Castro optou por nunca pressionar a saída de bola do adversário e, nessa zona, estava sempre em inferioridade numérica. A construir com tranquilidade, os centrais minhotos (aos quais se juntava Danilo) conseguiam fazer chegar a bola às alas e, aí, estava o ouro. E não é exagero: o GD Chaves tinha mesmo um magnífico ouro para oferecer ao adversário. A A24 permite chegar a Trás-os-Montes e o GD Chaves ofereceu essa autoestrada ao SC Braga. Chegou a ser confrangedora a forma como os bracarenses atacavam pelo seu lado direito aproveitando a total incapacidade transmontana de fechar esse corredor. E estranha-se a apatia de Luís Castro, normalmente tão sagaz a ler o jogo.

A24 é boa, mas não valeu de nada

Sucederam-se os ataques, quase sempre por essa autoestrada, do lado direito, e quase sempre com perigo. Esgaio, Goiano e até Horta iam fazendo o que queriam e só a falta de faro de golo do avançado Hassan impediram os minhotos de chegar ao golo.

Do outro lado, para além da incapacidade de fechar o corredor esquerdo (custa culpar Djavan, dado que o lateral ficava, muitas vezes, em um contra três), havia incapacidade de sair a jogar com qualidade. Faltava Pedro Tiba. E que falta fez. O jogador emprestado pelo SC Braga não pôde atuar neste jogo e faltou ao GD Chaves a sua capacidade de transporte, passe e até de critério na escolha da jogada ofensiva, tantas vezes refém dos fogachos de Matheus e Davidson. Com o SC Braga a pressionar sempre com dois jogadores, a primeira zona de construção do GD Chaves acabou, invariavelmente, com “chutão” na frente. Com Tiba em vez de Patrão, talvez tivesse havido uma solução extra para tentar o jogo que Luís Castro tanto tenta incutir: bola no chão e construção desde trás.

O canto, o golo e o deserto

Na segunda parte, algo mudou. O GD Chaves subiu mais Patrão e Bressan, conseguindo pressionar mais alto e roubar bolas mais à frente. Criou duas ocasiões de golo e, depois, sofreu. Bruno Viana marcou, de cabeça, num canto, conseguindo o que não a sua equipa não tinha conseguido nas inúmeras jogadas de perigo na primeira parte. A partir daqui, veio o deserto.

Deserto de futebol, de emoção e de oportunidades. Até ao final, viu-se um SC Braga bastante adulto, a guardar a bola, e um GD Chaves incapaz de incomodar Matheus, que não fez uma única defesa na segunda parte. As constantes paragens para substituições também não permitiram que o GD Chaves conseguisse assentar, respirar, pensar e decidir de que forma ia atacar o adversário. Nada fazia prever que o resultado se alterasse. E não se alterou.

Por fim, nota para o bom jogo do árbitro Bruno Esteves. É salutar a forma como tentou deixar jogar, alargando o critério e aplicando muito bem a lei da vantagem durante todo o jogo, em várias zonas do terreno. Permitiu que o jogo fosse mais fluido e teve ainda duas decisões complicadas, nas áreas, ambas bem decididas. Bom desempenho.