Portugal
Samaris. Como Lage lançou o desafio daquilo que não está nas palavras
2019-08-13 11:45:00
Grego vai ganhando ritmo para os duelos que se avizinham

O desafio foi feito por Lage aos jornalistas na antevisão do jogo com o Paços de Ferreira. O técnico apelou a que fossem feitas mais leituras de detalhes que não estão nas palavras mas nas opções tomadas para os encontros e o que acontece no desenrolar das partidas. Curiosamente, frente ao Paços de Ferreira, o próprio Bruno Lage acabou por deixar uma nova resposta... mas sem palavras; apenas com uma decisão. Partindo desse desafio lançado por Lage, o Bancada procura essa resposta que surge na sequência da lesão de Gabriel.

Com a lesão do brasileiro, várias foram as opções para o meio-campo que se colocaram no Benfica. Mas a decisão de Bruno Lage acabou por recair em Samaris que fez parceria no miolo com Florentino Luís.

E se o jovem médio foi, como tem sido, responsável por 'tapar' as entradas do adversários em zonas mais 'delicadas' para a defesa encarnada, desta feita não teve a parceira de Gabriel, o brasileiro que, na passada larga e visão de jogo, o ajudou a desmontar as organizações adversárias na pré-época e frente ao Sporting.

Desta vez, chegou outro colega de setor para 'Tino' e acabou por ser com alguma surpresa que o nome foi Samaris. Embora o grego tenha feito grande parte das opções de Lage quando Gabriel se lesionou na última época, agora pensou-se que seria Taarabt a ser lançado.

Mas Bruno Lage pensou mais adiante e fica a sensação de que o treinador do Benfica procurou outra coisa não no imediato mas, sim, no longo prazo, numa espécie de treino da ideia em competição.

A jogar perante o seu público, com a possibilidade de ter mais posse e de praticar um futebol de ataque apoiado, ficava a ideia de que seria o marroquino a assumir a vaga de Gabriel.

Adel Taarabt até podia oferecer mais soluções no ataque e deixaria Florentino mais sozinho nas missões atrás (coisa que, na teoria, o jovem médio até seria capaz de cumprir no duelo frente ao Paços de Ferreira, que não iria ter tanta iniciativa de jogo - como não teve - na Luz).

O marroquino daria mais soluções na frente e atrás nem se ia notar tanto por isso. Ganhava em sociedade com Pizzi e Rafa, numa espécie de triângulo em zona de criação por dentro, ou até por zonas exteriores, e não iria perder muito no setor mais recuado. Mas imperou a visão de longo prazo de Lage. E é aí que entra Samaris na equação.

O grego passou da bancada na Supertaça para a titularidade no jogo contra o Paços de Ferreira já que Lage pensa no calendário rigoriso que se avizinha ao campeão nacional.

Embora não tenha dado a resposta por palavras, Lage respondeu com a decisão tomada.

Não deixando de perder a identidade da equipa, Lage quis ensaiar um jogador que, no futuro mais próximo, possa ajudar Florentino a 'tapar' as entradas adversárias em zonas de finalização pelo centro. Cirúrgica, a entrada de Samaris visou dar minutos ao jogador helénico quando estão perto confrontos mais exigentes ao nível tático e mais recuado.

No sábado, o Benfica desloca-se ao Jamor para defrontar o Belenenses SAD, recebendo depois o FC Porto (24 de agosto), seguindo-se a visita a Braga (1 de setembro). 

Estes são duelos onde é esperado que o Benfica tenha posse mas numa percentagem mais dividida pelas características de jogo dos adversários e pela pressão inerente que estes jogos acarretam.

Daí que, como o próprio treinador assegurou, os seus jogadores têm de estar preparados para mudanças repentidas. Essa é a gestão de expectativas feita por Laga. "Não é andar aqui com truques nem a fugir dos jogadores, é ser verdadeiro!", disse o técnico do Benfica.