Portugal
Saída de Sá Pinto é "demonstração da prepotência e incompetência dos dirigentes"
2019-12-23 15:30:00
José Pereira arrasa a "ditadura nos clubes" geridos por "pessoas com pouca decência"

Ricardo Sá Pinto tornou-se na nona vítima da chicotada psicológica na época em curso e, pelo percurso que fez até ao despedimento, o exemplo mais cabal da "incompentência" dos dirigentes, no entender de José Pereira.

O presidente da Associação Nacional de Treinadores criticou a 'facilidade' com que os clubes 'despacham' as equipas técnicas, numa falta de respeito para com a indústria do futebol.

A decisão do SC Braga em mandar Sá Pinto embora foi "uma surpresa", mas também se revela como "demonstração inequívoca da prepotência e incompetência dos nossos dirigentes", considerou José Pereira, em entrevista à 'Renascença'.

"Não é admissível que aconteçam estas situações com esta frequência e falta de respeito para com os próprios treinadores. Os dirigentes fazem os contratos no início da época, com grande pompa e circunstância, e depois de forma desrespeitosa acabam por tomar estas posições que nada os dignificam", sustentou.

Sá Pinto deixa o SC Braga com o recorde de clube português com mais jogos sem perder nas provas europeias (e já lá vão 13, enquanto FC Porto e Benfica se ficaram pelos 11), qualficado para os 16 avos de final da Liga Europa (como cabeça de série no sorteio) e apurado para a final four da Taça da Liga.

No entanto, os guerreiros do Minho têm feito um campeonato irregular, ocupando o oitavo lugar da tabela.

"A época ainda vai a meio e estas atitudes não dignificam o futebol nem os dirigentes", salientou o responsável da associação de treinadores.

"Antes do Natal não há justificação possível para este tipo de atitudes. Só pessoas com pouca decência podem tomar decisões desta natureza", insistiu.

Para José Pereira, este 'abuso' das chicotadas psicológicas deve-se às "ditaduras que se verificam nestes clubes", que "desprestigiam o futebol".

"Não faz sentido que não haja respeito pelos treinadores. Os treinadores são reconhecidos internacionalmente e no próprio país, mas que por algumas pessoas não têm valor nenhum", concluiu.