Portugal
Rio Ave está em reconstrução, mas em batalhas europeias não se pode errar assim
2018-07-26 20:45:00
O Rio Ave mostrou que está em processo de reconstrução, mas não é por isso que os erros deixam de ser fatais na Europa.

O Rio Ave está em plena fase de reconstrução e se dúvidas existissem sobre isso ficaram hoje dissipadas com o desaire dos vilacondenses frente ao Jagiellonia Bialystok, por 1-0, na segunda pré-eliminatória da Liga Europa. Num onze com escassas semelhanças em relação ao da temporada passada, foi um reforço do eixo defensivo que cometeu um erro daqueles que não se podem fazer em andanças de competições europeias. A turma de José Gomes até jogou mais do que o adversário, teve o controlo da partida durante a grande parte dos 90 minutos, diante de um adversário que ficou quase sempre na expetativa. Mas, pela falta de velocidade na circulação de bola, foi notório que a equipa portuguesa ainda precisa de muitas afinações e de assimilar processos que somente acontecem com o tempo.

O primeiro onze oficial da época do Rio Ave manteve apenas Tarantini e Nélson Monte como jogadores que foram opções regulares da equipa sob o comando de Miguel Cardoso. Ainda assim, o sistema de 4x3x3, que se transforma também num 4x2x3x1, foi também o predileto para José Gomes, mas a contrariedade da lesão precoce de Diego Lopes forçou a entrada em campo de Bruno Moreira e a presença de dois homens na frente de ataque, com o avançado português a par de Gelson Dala. Quando perdeu Diego Lopes aos 17 minutos, o Rio Ave ficou igualmente sem aquele que é o principal construtor de jogo, o homem mais criativo e que tem a missão de fazer a ligação entre o meio-campo e o ataque, tarefa na qual Dala não consegue obter o mesmo tipo de resultados.

Antes desse infortúnio para José Gomes, já o Rio Ave estava em desvantagem no marcador, desde os nove minutos. O lance teve por base um erro do central Buatu, que se atrapalhou quando tentava um corte e a bola ressaltou para Machaj, que não desperdiçou em frente a Makaridze. O erro do defesa dos vilacondenses é daqueles que não se podem cometer ao mais alto nível, principalmente quando está na balança um lugar na Liga Europa. Buatu até nem esteve mal no resto do encontro, mas esse lance infeliz permitiu aos polacos resguardar-se lá atrás durante grande parte do jogo, na expetativa, a conservar um resultado importante e sem golos sofridos para levar para a segunda mão.

A reação do Rio Ave ao golo sofrido foi positiva. A equipa de José Gomes conseguiu assumir o controlo do jogo e ser presença assídua no meio-campo adversário. A chuva e o facto de o relvado estar encharcado não ajudaram na incursão por um futebol apoiado, mas a verdade é que aquilo que faltou à manobra ofensiva dos vilacondenses foi velocidade na fase da circulação e também uma melhor tomada de decisão na área do Jagiellonia. Foi assim não apenas durante os primeiros 45 minutos, como também no decorrer do segundo tempo.

Galeno foi o mais inconformado e aquele que se mostrou em melhor forma neste primeiro esboço do Rio Ave para a nova temporada. Por isso, custa entender a decisão de José Gomes em tirar o brasileiro de campo na reta final da partida, quando os vilacondenses estavam por cima e em busca do empate, muito por culpa das investidas de Galeno. A par dele, também Bruno Moreira e Leandrinho deram boas indicações. Ao invés, Gabrielzinho e Dala mostraram qualidade técnica, mas perdem demasiadas vezes o esférico por partirem para investidas individuais com a possibilidade de fazerem a equipa jogar através do entrosamento com outros colegas. Tal como já foi referido, é evidente que este Rio Ave está em plena reconstrução e por isso mesmo não é de estranhar que nesta fase da temporada ainda não esteja totalmente oleado. Fica por saber se daqui a uma semana já terá capacidade para triunfar em casa e seguir em frente na Liga Europa.