É o fim de uma ligação de 15 anos. Raúl José, o 'eterno' braço direito do atual treinador do Al-Hilal prepara-se para abraçar o projeto de Frederico Varandas, o novo presidente do Sporting, com poderes na estrutura do futebol sportinguista, sobretudo ao nível do scouting. É o ponto final de uma relação que começou em 2004/05, em Moreira de Cónegos, e que de então para cá, nunca mais se separou: União de Leiria, Belenenses, SC Braga, Benfica, Sporting e agora Al-Hilal. Até surgir o convite de Varandas...

A carreira de Raul José como futebolista foi modesta. Jogou a avançado em clubes como o Atlético e o Alverca. No clube ribatejano, terminou a carreira, aos 33 anos, passando a ser treinador dos juniores e posteriormente foi adjunto da equipa principal, primeiro com Mário Wilson (1998/99) e depois com José Romão (1999/00). No Alverca, conheceu Luís Filipe Vieira que o contratou para fazer golos pela equipa ribatejana e há quem diga que foi ele a aconselhar Vieira a apostar em Jesus para treinador do Benfica.

A relação entre Raúl José e Jorge Jesus começou cedo quando os dois ainda eram jogadores, no Atlético. No clube da Tapadinha, em 1987, o médio Jesus estava a terminar a carreira e o avançado José começava a dar os primeiros passos. Partilharam o balneário como jogadores apenas nessa época, mas o suficiente para cultivarem uma relação que perdura até aos dias de hoje. Foram treinados por Norton de Matos e mais tarde reencontraram-se mas agora como treinador principal e adjunto, respetivamente, no Moreirense. Era o início de uma longa relação onde Raúl José foi sempre visto como o fiel da balança, o pacificador, não só nos momentos mais quentes como também na relação com os jogadores.

Luis Vouzela trabalhou com os dois no Moreirense e, em declarações ao zerozero.pt, explicou como é que a dupla funcionava. "Ele [Jorge Jesus] sempre discutiu por tudo e por nada e o adjunto é que o acalmava. Já eram assim quando trabalhei com eles (...) os dois sempre se deram muito bem. Ele [Raúl José] sabe que o Jesus ferve em pouca água e acaba por ser alguém que está ali para o pôr no sítio".

Orlando Sá, outro jogador que trabalhou com a dupla técnica que agora se vai desfazer, faz um paralelismo entre os dois. "Têm uma forma de estar diferente e quem os conhgece sabe disso (...) muito do sucesso que Jorge Jesus tem deve-se a este homem, que é uma espécie de braço direito, à semelhança do que o Rui Faria é para o Mourinho. Tenho a certeza que o Raúl José é a pessoa de confiança de Jorge Jesus, sublinhou o avançado em declarações ao zerozero.pt.

Raúl José concluiu o curso de treinador de IV nível em julho de 2009, com a nota de 16,3. O melhor aluno foi Bruno Moura (18), ex-membro da equipa técnica do Belenenses, e filho de Rodolfo Moura, antigo fisioterapeuta de FC Porto e Sporting. Desse curso fizeram parte também Vítor Pereira (17,9), Rui Jorge (17,7), Jorge Costa (16,8), Lázaro Oliveira (16,3), Tulipa (15,6) e Oceano (15,4), entre outros.

Quer no Benfica como depois no Sporting, Raúl José teve de substituir Jorge Jesus no banco por mais de uma vez, devido a castigos aplicados ao atual técnico do Al-Hilal. Todos o definem como sendo uma figura discreta, calma e apaziguadora e com uma grande capacidade de trabalho. Quer no Benfica como no Sporting era ele um dos principais responsáveis pela organização do treino, treinava o capítulo ofensivo da equipa, e no banco assumia-se perante o técnico principal como o transmissor das informações que eram recolhidas vindas da bancada, sobretudo por Miguel Quaresma, outro dos fiéis a Jesus que vai trabalhar em Alvalade.