Portugal
R. Horta: a melhor época daquele que era o primeiro a chegar e o último a sair
2018-04-21 22:00:00
O Bancada esteve à conversa com ex-colegas e um treinador de Ricardo Horta, um dos jogadores em destaque nesta época.

A atravessar a melhor época da carreira, um dos principais destaques do SC Braga, Ricardo Horta colhe agora os frutos que plantou desde cedo, quando ainda nem sénior era. O trabalho que demonstrava dentro das quatro linhas, aliado às características enquanto ser humano, trilharam o trajeto do atacante de 23 anos. Quem já se cruzou com ele, reconhece em Ricardo uma pessoa “com grande amor ao futebol”. Foi assim que Alfredo Lopes, antigo treinador de Horta nos juniores do Vitória de Setúbal, descreveu aquele que em tempos foi um dos seus pupilos. “Ele era sempre o primeiro a chegar e o último a sair, trabalhando sempre com paixão e igual intensidade. Para além da qualidade técnica fora de série, deixou marcas pela grande humildade que tem”, reconheceu o técnico em conversa com o Bancada.

Ricardo Horta chegou à equipa principal do Vitória de Setúbal em 2012/13, temporada em que fez permuta entre os seniores e os juniores sadinos. No plantel principal, cruzou com Miguel Pedro, que considera ter tido um papel importante no crescimento do jovem de 23 anos enquanto futebolista. “Penso que fui importante para o crescimento dele quando estive com ele, porque lhe passei coisas e valores importantes nesta modalidade, que são o trabalho, a confiança desse trabalho e a grande humildade que ele teria que ter depois de chegar lá em cima”, referiu Miguel Pedro ao Bancada. O jogador do SC Salgueiros apontou que Horta “é um jogador diferente dos outros extremos que temos em Portugal, porque é difícil teres jogadores assim” e explicou o porquê desta ideia.

“Ele demonstra uma grande maturidade a jogar... vai para cima quando tem que ir, é irreverente quando tem que ser, sabe definir bem os tempos de jogo e muitas vezes é ele no SC Braga que faz essa gestão. A sua maturidade comparada a idade é fora do normal, algo que todos os treinadores querem ter nas suas equipas. O Ricardo faz isso na perfeição através da ala. Outra arma é a finalização, é um jogador com um índice muito alto de finalizações com sucesso nas partidas”, salientou Miguel Pedro.

Aquilo que Ricardo Horta vale dentro de campo é bem visível todos os fins de semana, mas quem é o jogador do SC Braga fora das quatro linhas? De todos os testemunhos recolhidos, há uma palavra que se destaca: humildade. “Nos anos que passou na formação do Vitória, o Ricardo deixou uma imagem de educação e simpatia para todos aqueles com que se relacionou, naquele estilo reservado e descontraído que fazem a sua imagem de marca”, referiu Alfredo Lopes, que reconheceu ao Bancada o “misto de emoções” que era para os juniores sadinos quando José Mota chamava Horta à equipa principal. Um misto de emoções que era vivida com um sorriso de orgulho nos lábios, claro está.

Ricardo Horta nos juniores do Vitória de Setúbal. Crédito: Patrick Zeferino Costa Facebook

Quem partilhou balneário com Horta, também não consegue encontrar outras palavras que não sejam elogiosas para o jogador do SC Braga. “É uma pessoa muito tranquila. Ao início, é assim mais reservado, mas depois é brincalhão, muito humilde. Claro que ao início ele era assim mais calado, mas quando ganha a confiança está sempre a rir, sempre bem disposto”, referiu Kiko, que jogou no Vitória de Setúbal entre 2006 e 2015 e também jogou com Horta nas camadas jovens do clube, assim como na equipa principal. O jogador do Académico de Viseu reconheceu ao Bancada que acredita que o ex-colega “tem tudo para dar um salto ainda maior no panorama futebolístico”. Miguel Pedro falou numa “excelente pessoa, com grande humildade. É com orgulho que o vejo chegar ao nível em que está hoje e que seguramente irá ultrapassá-lo uma vez que vem em crescendo de época atrás de época, com mais golos e assistências.”

Convidados a relatar um episódio caricato que tenham vivenciado com Ricardo Horta, Alfredo Lopes teve logo na memória presente uma recordação do lado mais sentimental do antigo pupilo. “Ficou-me um momento em que a mãe de um amigo muito próximo dele faleceu num acidente, ele recebeu a notícia pouco antes de um jogo e ficou manifestamente perturbado. Fui ter com ele e transmiti-lhe a minha compreensão pela situação e que entenderia se ele não jogasse. Sem hesitar, ele disse que queria jogar e a forma como foi a jogo num momento de dor deixou bem claro que teria um trajeto de sucesso como veio a acontecer.” Kiko, por seu turno, lembrou uma história de medo, que acabou por terminar em sorrisos. “Uma vez ficámos presos num elevador quando estávamos no Vitória. Ficámos cheios de medo lá dentro com isso… e depois a história até ficou alvo de risota no balneário”, referiu entre risos.