Portugal
Quinze minutos à FC Porto: Dragão cospe fogo até mais tarde com Sérgio Conceição
2017-11-19 13:50:00
Com Sérgio Conceição o FC Porto remata e marca mais golos nos últimos quinze minutos das suas partidas.

Com três golos apontados ao Portimonense, na passada sexta feira, o FC Porto alcançou os 48 golos em 2017/18. Um registo que permite à equipa de Sérgio Conceição ficar perto dos melhores registos históricos do emblema do Dragão ao fim de 18 jogos disputados, sendo apenas superado, nas últimas décadas, pelo FC Porto de Artur Jorge que, em 1986/87, temporada em que o clube azul e branco até se sagrou campeão europeu, registou 50 golos ao fim das mesmas 18 partidas iniciais da temporada. Com os três golos marcados frente ao Portimonense o FC Porto manteve a média de golos da presente temporada que, por esta altura, se cifra nos 2,61 golos/jogo. Mais do que isso, porém, os dois golos do FC Porto frente ao Portimonense, alcançados já para lá do minuto noventa, permitiram ao FC Porto aumentar a contagem de golos tardios já conseguidos esta temporada. Algo que começa a ser, também, uma marca tradicional das equipas de Sérgio Conceição.

“Acreditar até ao fim”; “O jogo só acaba quando o árbitro apita”; “Todos os minutos contam” … etc. Estas frases poderiam muito bem definir a filosofia futebolística de Sérgio Conceição. Assim dizem os números. Seja na liga portuguesa, seja na Liga dos Campeões, são raras as equipas que, esta temporada, já fizeram mais golos que o FC Porto nos últimos quinze minutos das suas partidas. Tal situação não é estranha às equipas de Sérgio Conceição e os registos alcançados nos últimos meses permitem desenhar um padrão. Em 2016/17, por exemplo, quando chegou a França em dezembro, e após 17 jornadas da liga francesa, o FC Nantes havia marcado apenas um golo na competição nos últimos quinze minutos das suas partidas. Com Conceição, porém, esse número ascendeu aos sete, tendo o Nantes melhorado significativamente a sua prestação neste parâmetro. Emiliano Sala foi quem mais contribuiu para tal fator tendo apontado quatro dos seis golos tardios conseguidos pelo Nantes de Conceição.

Muitos são os que acreditam que Sérgio Conceição trouxe, para o FC Porto, uma mentalidade guerreira e combativa que há algum tempo o clube não denotava. Os mesmos que, por ventura, acreditam que com Nuno Espírito Santo – por exemplo - nunca o FC Porto alcançaria a vitória frente ao Portimonense da forma como o fez. Os números talvez lhes dêem razão. Com Nuno Espírito Santo, em 2016/17, o FC Porto marcou em média um golo no “pressing final” a cada 37 minutos, enquanto este ano, sob a orientação de Sérgio Conceição, o tempo de espera por um golo nos últimos quinze minutos caiu em praticamente dez minutos de média. Ou seja, de forma simples, o FC Porto marca mais; mais frequentemente, golos nos últimos quinze minutos dos seus jogos face aquilo que conseguia na temporada passada. Algo que é resultado, igualmente, do aumento do número médio de remates durante esse período de jogo de uma temporada para a outra. Se, com Nuno Espírito Santo, o FC Porto rematou em média a cada 4 minutos e 30 segundos durante os últimos quinze minutos, com Sérgio Conceição, o FC Porto efetua em média um remate a cada três minutos e cinquenta e quatro segundos.

O FC Porto de Sérgio Conceição é, por isso, uma das equipas com mais golos nos últimos quinze minutos dentro do seu contexto. Na liga portuguesa, só o Benfica tem mais golos nos últimos quinze minutos de jogo que o FC Porto (7 contra os seis já registados pelos azuis e brancos) e, na Liga dos Campeões, os dois golos já marcados pelo FC Porto durante o “pressing final” apenas são superados pelos três registados por Liverpool FC, Juventus, Olympiacos e Chelsea, bem como pelos quatro do PSG. Ou seja, só cinco equipas em trinta e duas marcaram mais golos nos últimos quinze minutos dos seus jogos na Liga dos Campeões que o FC Porto. A nível europeu, são igualmente poucas as equipas que nas suas ligas nacionais marcam tão frequentemente um golo durante os últimos quinze minutos das suas partidas. Na verdade, nas cinco maiores ligas europeias (Ligas alemã, espanhola, francesa, inglesa e italiana), só nove equipas precisam de menos tempo que o FC Porto para fazer um golo nos últimos quinze minutos das suas partidas: Manchester United (com um registo impressionante de um golo por jogo neste período), PSG, Inter, Betis, Manchester City, Valência CF, FC Barcelona, Real Sociedad e TSG 1899 Hoffenheim.

Os seis golos já marcados pelo FC Porto, esta temporada, na liga portuguesa, contabilizam 20% do total de golos registados pela equipa de Sérgio Conceição na competição. Uma mentalidade e capacidade de superação que fez a diferença na passada sexta feira também na Taça de Portugal, permitindo ao FC Porto, em pouco minutos, evitar a eliminação na prova, em casa, frente ao Portimonense. Manter a garra e a intensidade durante o total dos noventa minutos parece ser, por isso, uma característica do FC Porto sob a orientação de Sérgio Conceição – tal como já era o seu Nantes em 2016/17 - e mesmo que tal mentalidade ainda não tenha estado diretamente associada à conquista de pontos na liga portuguesa (como já foi decisiva na Taça de Portugal), os golos tardios alcançados perante Belenenses, GD Chaves e Boavista garantiram tranquilidade ao conjunto de Sérgio Conceição, matando por completo as hipóteses de recuperação do adversário.

Neste aspeto, os golos tardios foram mesmo um dos fatores determinantes para o décimo lugar alcançado na liga portuguesa pelo Vitória SC de Sérgio Conceição em 2015/16. Três desses golos estiveram diretamente ligados ao resultado final dos encontros, permitindo ao Vitória fazer sete pontos com os mesmos. 18% do total de pontos conquistados pelo Vitória em 2015/16 resultaram de golos marcados pelo conjunto de Sérgio Conceição nos últimos quinze minutos das partidas dos vimaranenses. Em 2015/16, foram 38 os golos marcados pelo Vitória na liga portuguesa desde que Sérgio Conceição pegou na equipa à sexta jornada, sete deles, no período final dos encontros (18,4% dos mesmos, portanto).