Portugal
Primeiros sinais animadores: Liga Revelação não tirou espaço aos jovens na Liga
2018-09-09 22:00:00
Em média até há mais jovens sub-23 a jogar com maior regularidade esta temporada na Liga Portuguesa.

2018 surge como um ano de alguma revolução no futebol português. 2018/19, em particular, como uma temporada de alguma revolução no futebol português tomando lugar esta época a primeira edição da Liga Revelação, a nova competição de clubes organizada em Portugal sob a chancela da Federação Portuguesa de Futebol e dedicada a jogadores e equipas Sub-23. O objetivo, já se sabe, segundo a federação, é abrir espaço competitivo a jovens jogadores que não encontram ainda espaço nas primeiras equipas dos seus clubes e evitar que o talento dos mesmos se perca. Importa perceber, por isso, até que ponto a criação da Liga Revelação retirou espaço aos jovens jogadores na liga portuguesa. À primeira vista, os indicadores são positivos.

Se ao longo da temporada passada, 2017/18, foram 81 os jogadores sub-23 utilizados durante toda a época pelos 18 clubes participantes na Liga Portuguesa, em 2018/19, apesar da criação de mais um espaço competitivo dedicado a jogadores dessa faixa etária, foram já 51 os jogadores sub-23 utilizados pelas equipas da primeira divisão portuguesa nas quatro jornadas já disputadas e que antecederam a primeira paragem na Liga, quer para jogos de seleções, quer para que seja disputada a primeira jornada da Taça da Liga. Ou seja, à primeira vista, os sinais são animadores uma vez que já mais de metade do número de jovens sub-23 utilizados na temporada passada já foram utilizados em apenas quatro jornadas nesta nova temporada.

Dos oitenta e um jogadores com idade inferior a 23 anos utilizados na temporada passada na Liga Portuguesa, porém, apenas 16 cumpriram metade dos minutos disputados na época inteira (1530 minutos), tendo ficado Lumor, com 1515 minutos disputados na época passada, perto de integrar o restrito lote de jogadores. Ou seja, dos oitenta e um jogadores sub-23 utilizados na temporada passada na liga portuguesa, apenas 19,75% deles fizeram pelo menos metade dos minutos disputados em toda a época. Neste aspeto, o início de temporada português também deixa bons indicadores apesar da criação da Liga Revelação. Praticamente 51% (50,98%) dos jovens Sub-23 utilizados na Liga Portuguesa, os tais 51, disputaram metade dos minutos já jogados esta temporada na Liga.

Mantendo-se a média, não só a Liga Revelação não tirou espaço aos jovens jogadores na primeira divisão portuguesa, como os clubes portugueses parecem mesmo empenhados em rejuvenescer-se e a abrir espaço para que os “miúdos” possam brilhar. Mas será isto uma questão particular e de indivíduos em particular, ou estarão mesmo os onze iniciais e os planteis da primeira liga portuguesa mais jovens neste início de temporada face aquilo que foi habitual na temporada passada?

No que aos onze iniciais diz respeito, enquanto na temporada passada entraram em campo 35 onze iniciais com idade média inferior a 25 anos, em 2018/19 foram, até agora, seis os onze iniciais com idade média inferior a 25 anos a surgir em campo, curiosamente, seis onze iniciais divididos entre duas equipas: Rio Ave e Nacional. Ou seja, de todos os onze iniciais que podiam ter entrado em campo na liga, dois por jogo em cada uma das jornadas da liga portuguesa, 5,72% deles tinham menos de 25 anos. Já em 2018/19, esse número, em média, é superior, já que de todos os onze iniciais que podiam ter sido utilizados esta temporada, dois por cada um dos nove jogos das quatro jornadas já disputadas, 8,33% deles tinham menos de 25 anos.

Ainda assim, para já, os registos relacionados com os planteis dos clubes da primeira liga portuguesa revelam um aumento da média de idades em dois anos, de 26,0 esta temporada face aos 24,3 registados na temporada passada, algo explicado pelo facto de os poucos jogos já disputados diluírem a possível presença de ainda mais jovens que acabaram por estar presentes nos bancos de suplentes na temporada passada e que à partida não eram tidos em conta para as contas globais dos plantéis tal como acontece nesta altura. Ou seja, por esta altura, na temporada passada, a idade média dos plantéis da liga não estaria certamente nos 24,3 anos finais, mas sim num valor superior, pelo que esse comparativo não é ainda possível ser tecido.

Apesar de em 2018/19 ter sido criada uma nova competição jovem que podia servir para retirar espaço aos jovens jogadores da primeira divisão do futebol em Portugal, a verdade, é que até agora os primeiros sinais são animadores e em certos indicadores, mantendo-se a média atual, até pelo contrário, existirão ainda mais jovens a ter espaço na primeira divisão do futebol português. Quem sabe, para colocar Portugal ao nível de países como a Alemanha, a França ou a Holanda como as principais ligas europeias que mais espaço dão aos jovens jogadores para crescer entre a elite do futebol no país.