Portugal
Primeira "chicotada" da época nem sempre é mau sinal
2017-09-14 11:00:00
Nos últimos anos, o primeiro clube a trocar de treinador teve resultados ou muito bons ou muito maus

O Boavista foi o primeiro clube a trocar de treinador esta temporada, aceitando o pedido de demissão de Miguel Leal, depois de cinco jornadas de Liga. Esta é a jornada em que mais frequentemente se tem dado a primeira “chicotada psicológica” nos últimos anos e os resultados nalguns casos foram muito bons e noutros muito maus.

Na temporada passada, Paulo César Gusmão também só esteve cinco jornadas no comando do Marítimo, até ser demitido a 19 de setembro de 2016, tal como acontera na temporada anterior com José Viterbo, que apresentou a demissão a 20 de setembro de 2015. Há cinco anos, Sá Pinto também só resistiu cinco jornadas no comando do Sporting, sendo que aí houve a agravante de os resultados da Liga Europa também terem sido negativos.

Pelo meio, a temporada 2014/15 assistiu à saída mais rápida de um treinador nos últimos cinco anos, quando João de Deus deu lugar a José Mota no comando do Gil Vicente, a 1 de setembro de 2014, com apenas três jogos disputados no campeonato. Um ano antes, curiosamente, tinha sido José Mota o primeiro treinador a perder o emprego na Liga Portuguesa, quando deixou o Vitória de Setúbal ao fim de sete jornadas, a 7 de outubro de 2013.

Resultados das primeiras chicotadas são imprevisíveis

Ser o primeiro clube a trocar de treinador na temporada não é, naturalmente, um bom sinal, mas nos últimos anos há casos que correram muito bem e casos que correram muito mal. Dos casos falados anteriormente, sobre os últimos cinco anos, as trocas de treinador no Marítimo na época passada e no Vitória de Setúbal em 2013/14 correram muito bem.

Daniel Ramos substituiu Paulo César Gusmão à quinta jornada, recebendo a equipa no 17.º lugar, com apenas três pontos em cinco jogos, e conseguiu terminar o campeonato na sexta posição, qualificando o Marítimo para o play-off da Liga Europa. Já em 2013/14, em Setúbal, José Couceiro substituiu José Mota quando o Vitória estava no 14.º lugar, com cinco pontos em sete jornadas, e conseguiu chegar ao sétimo lugar. É preciso recuar dez anos, até 2007/08 para encontrar época melhor do Vitória de Setúbal, que ficou em sexto lugar em 2007/08. Tirando essas duas exceções, o Vitória não conseguiu sequer ficar nos primeiros dez na última década.

No entanto, os outros três casos mencionados não tiveram final feliz. José Viterbo foi substituído por Filipe Gouveia logo à quinta jornada de 2015/16, mas a Académica terminou a época no mesmo último lugar em que Viterbo a deixou. No Gil Vicente, em 2014/15, José Mota substituiu João de Deus logo à terceira jornada, mas não evitou a descida de divisão, ficando em penúltimo lugar. Finalmente, em 2012/13, Sá Pinto foi substituído por Oceano, que depois deu lugar a Vercauteren, que depois deu lugar a Jesualdo Ferreira, e o Sporting terminou a Liga na sua pior classificação de sempre, o sétimo lugar.

No Boavista, o próximo treinador sabe que vai pegar na equipa no 17.º lugar e logo com uma receção ao Benfica, mas o passado mostra que ainda é possível o Boavista fazer uma boa temporada.

Primeira troca de treinador nas últimas épocas:

2017/18: Miguel Leal deixou o Boavista dia 13 de setembro, com o clube em 17.º lugar, resultado de uma vitória e quatro derrotas, em cinco jornadas.

2016/17: Paulo César Gusmão do Marítimo foi demitido do Marítimo a 19 setembro, após cinco jornadas em que registou uma vitória e quatro derrotas e estava no 17.º lugar da classificação. Daniel Ramos foi o treinador escolhido e terminou em sexto lugar.

2015/16: José Viterbo demitiu-se da Académica a 20 setembro de 2015, depois de cinco derrotas noutros tantos jogos do campeonato, que deixavam os “estudantes” no último posto da classificação. Filipe Gouveia foi o escolhido para orientar a equipa, mas a Académica terminou em último lugar.

2014/15: João de Deus deixou o comando do Gil Vicente a 1 de setembro de 2014, após três derrotas em três jornadas da Liga. José Mota substituiu, mas o Gil não evitou a despromoção, ao terminar em 17.º lugar.

2013/14: O Vitória de Setúbal trocou José Mota por José Couceiro a 7 de outubro de 2013, depois de sete jornadas que deixavam o Vitória no 14.º lugar do campeonato, fruto de uma vitória, dois empates e quatro derrotas. Com Couceiro, a equipa terminou no sétimo lugar.

2012/13: Sá Pinto foi demitido do Sporting a 5 de outubro, depois de uma derrota por 3-0 frente ao Videoton, a contar para a Liga Europa. Na Liga, em cinco jornadas, o Sporting somava uma vitória, três empates e uma derrota. No lugar de Sá Pinto ficou Oceando, mais tarde substituído por Vercauteren que, depois, deu lugar a Jesualdo. O Sporting terminou o campeonato como sétimo classificado