Portugal
“Pior é não haver consenso e união na crítica ao racismo”, diz Conceição
2020-02-19 17:40:00
Sérgio Conceição fez a antevisão ao jogo contra o Bayer Leverkusen

O treinador Sérgio Conceição lamentou hoje a ausência de “união na crítica ao racismo”, considerando isso mais importante do que a atitude do FC Porto no jogo em Guimarães após os insultos a Marega.

“Pior do que entrar ou sair este ou aquele jogador é não haver consenso e união na crítica ao racismo. Isso é que é importante”, sublinhou, quando confrontado com as palavras do treinador do Bayer Leverkusen, adversário de quinta-feira na Liga Europa, que disse que a sua equipa teria abandonado o campo em situação idêntica.

No domingo, Marega recusou-se a permanecer em jogo em Guimarães e abandonou o campo, ao minuto 71, após ter sido alvo de insultos racistas por parte dos adeptos do clube vimaranense, numa altura em que os ‘dragões’ venciam por 2-1, resultado com que terminou o encontro da 21.ª jornada da liga.

Vários jogadores de ambas as equipas tentaram demovê-lo, mas Marega, que já alinhou no Vitória e tinha marcado o segundo golo dos ‘azuis e brancos’, mostrou-se irredutível e foi substituído por Manafá, depois de o jogo ter estado interrompido cerca de cinco minutos.

“Já vi muitas pessoas a dar lições de moral, mas aqui ninguém dá lições de moral a ninguém. Temos um balneário muito forte, muito unido e muito solidário. Toda a gente a remar para o mesmo lado. No final do jogo não interessa a nacionalidade, cor da pele, altura ou cor do cabelo. É exatamente igual, somos uma família”, garantiu.

A propósito das críticas, perguntou “quantos treinadores e jogadores sabem os regulamentos, o que fariam em situação única como esta, a primeira vez que aconteceu em Portugal”.

“Levamos para o banco um caderno de esquemas táticos, de bolas paradas, e não um de regulamentos. Naquele momento, ficámos todos sem saber o que fazer. A nossa preocupação era acalmar e estar com o Moussa (Marega). Isso é que é importante”, realçou.

Sérgio Conceição recorda que o presidente portista, Pinto da Costa, já falou também sobre o tema e disse que não se alongaria sobre um tema que o “enoja”.

Na conferência de imprensa de antevisão do encontro da primeira mão dos 16 avos de final da Liga Europa, Diogo Leite sublinhou o desejo de todos no grupo “voltar à normalidade, o Moussa em primeiro”.

“Entregámos o caso a quem tem de ser, o mister já falou, o presidente também, estamos solidários com ele. Fomos e somos uma família, espírito que entra no nosso balneário. Estamos só focados em fazer um bom jogo”, concluiu.