Portugal
Óliver: do centro do universo a ponto de equilíbrio do FC Porto
2018-03-19 20:30:00
Sérgio Conceição faz renascer a esperança do jovem internacional espanhol em época até ao momento para esquecer

Houve um FC Porto antes de Óliver e um FC Porto depois de Óliver. Foi o próprio Sérgio Conceição quem o sublinhou no final do triunfo de 2-0 registado frente ao Boavista. "O jogo foi equilibrado na primeira parte com maior tendência do FC Porto, mas na segunda foi diferente com a entrada do Óliver para dar mais equilíbrio ao nosso corredor central", afirmou o treinador dos dragões. O jovem internacional expanhol é bem o exemplo da oscilações que um jogador pode ter ao longo de uma temporada. Começou como imprescindível, ainda nos jogos de pré-época, no centro do universo do futebol portista, desapareceu depois do "mapa" e pouco a pouco tem vindo, agora, a ganhar protagonismo nas opções do técnico dos azuis e brancos.

"O que peço ao Oliver é um bocadinho diferente do que estava habituado a fazer e já o está a fazer com mais frequência e de uma melhor forma. Faz parte do que é a evolução dele próprio como jogador", afirmava Sérgio Conceição no início do ano, prognosticando: "Vai ser muito importante."

De titular indiscutível na fase inicial da temporada a... quarta opção foi um pequeno passo para Óliver. Até 13 de setembro o mundo do futebol azul e branco girava em torno do jovem internacional espanhol, por quem os dragões pagaram 20 milhões de euros no último defeso, mas desde aí, o mesmo é dizer, desde o jogo com o Besiktas, que significou a primeira derrota da temporada em termos absolutos, tudo mudou. Óliver saiu ao intervalo e Sérgio Conceição alterou por completo o paradigma tático do FC Porto.

Sérgio Conceição adotou o 4x4x2 como principal e único sistema no primeiro mês de temporada. Foi apenas após a primeira derrota da época (1-3) que soaram as trompetas, depois de cinco triunfos consecutivos em arranque imparável na Liga, com 12 golos marcados e... zero sofridos. O desaire averbado no Dragão frente aos turcos, na qual Óliver fez o último jogo de peso na condição de titular, levou o treinador a pensar e a mudar o "chip" na deslocação ao Mónaco. No principado, os dragões surgiram de forma surpreendente dispostos num 4x3x3, com uma grande novidade no onze: Sérgio Oliveira.

Desde que deixou de ser titular de forma sistemática, o médio espanhol só surgiu no onze em jogos teoricamente menos complicados. Foi assim na goleada de 6-0 frente ao Lusitano de Évora, na Taça de Portugal; foi assim no empate a zero diante do Leixões no Dragão, em jogo da Taça da Liga; e foi assim no trunfo caseiro de 3-2 sobre o Portimonense, da Taça de Portugal. O único desafio de maior grau de dificuldade em que Óliver participou na fase mais negra teve lugar na Alemanha. Diante do RB Leipzig, a 17 de outubro, o médio ex-Atlético de Madrid entrou para disputar os derradeiros 33 minutos da derrota (2-3).

Nos últimos 29 jogos disputados, Óliver foi opção apenas em 12, o que diz praticamente tudo quanto à perda de influência que foi tendo ao longo da época. Uma situção que ganha agora indicíos de inversão, até pelas declarações de Sérgio Conceição a elogiar o camisola 10. O espanhol jogou 28 minutos na goleada de 5-1 imposta ao Portimonense, fez os 90 minutos do empate a zero registado em Liverpool, falhou a deslocação a Paços de Ferreira, onde os azuis e brancos somaram a primeira derrota na Liga, e foi agora opção frente ao Boavista quando ao minuto 52 o treinador fez sair Otávio, apostando na sua utilização.

O médio espanhol teve, então, participação ativa no melhor período do FC Porto e a sua entrada em campo revelou-se determinante no alterar do cariz do dérbi portuense, que os dragões acabaram por vencer, continuando na liderança da Liga, beliscada pelo desaire averbado em Paços de Ferreira. Será que Óliver voltará a ser mesmo importante, tal como antevê Sérgio Conceição? Será que finalmente vai justificar os 20 milhões de euros gastos na compra do seu passe ao Atlético de Madrid?