Portugal
O velho Nani, o novo Jovane e o mesmo Sporting
2018-08-18 23:55:00
Os leões receberam e bateram o Vitória de Setúbal por 2-1 na segunda jornada da Liga

Nem as mãos de manteiga de Salin impediram o Sporting de segurar mais três pontos no campeonato e há um jogador mais responsável que todos os outros por esse feito: Nani. O internacional português e capitão dos leões apontou os dois golos que valeram o triunfo sobre o Vitória de Setúbal, faturando assim pela primeira vez neste regresso a Alvalade. Mas o veterano contou com um ajudante que começa a aprender os truques dos mais velhos e experientes para, qual Batman e Robin, dar apoio na tarefa de salvar o mundo sportinguista. Jovane Cabral, tal como havia feito em Moreira de Cónegos, entrou para resolver e ofereceu o golo da vitória a Nani. Tudo isto com um Sporting pouco ou nada diferente daquele que se viu na segunda metade da época passada.

O Sporting entrou forte na partida e começou a aproximar-se da baliza do Vitória com bastante regularidade. Poucos segundos tinham decorrido após o apito inicial quando Acuña esboçou a primeira tentativa que não resultou em mais que um pontapé de canto. Pouco depois, na sequência de um livre direto, Mathieu apareceu em boa posição e rematou para fora, com a bola a desviar num defesa sadino. Os leões estavam por cima e chegaram ao primeiro golo logo nos primeiros 10'. Nani recebeu a bola de Jefferson na esquerda do ataque da equipa da casa e todos os movimentos apontavam para que o jogador soltasse o cruzamento para a área do Vitória. Mas não, porque Nani é mais inteligente que todos nós e fez aquilo que ninguém esperava. Rematou de forma surpreendente, colocou a bola no único sítio possível e Cristiano, surpreendido, ainda tocou mas não impediu o 1-0.

O golo tinha tudo para lançar o Sporting para uma partida tranquila (Acuña, lançado por Bas Dost, obrigou Cristiano a aplicar-se pouco depois do lance genial de Nani), mas Salin não estava para aí virado. O guarda-redes francês respondeu a uma bola lançada por Nuno Reis de muito longe com um erro grave o suficiente para dar o empate ao Vitória. O francês não agarrou a bola e esta sobrou para Semedo, que por sua vez assistiu Zequinha. O extremo, com Mathieu sozinho na baliza, só teve desviar a bola do adversário para fazer com que o triunfo voltasse a estar à mesma distâncias das duas equipas.

O golo sofrido fez mal ao Sporting, que perdeu o ímpeto inicial e começou a baixar o ritmo e a apostar em excesso no jogo direto para os avançados. Porquê? Porque o meio-campo ofensivo não existia. Battaglia e Misic não são os homens certos para transportar bolas para o ataque e Bruno Fernandes, com uma marcação cerrada e bem sucedida de Semedo, não fez mais do que estar presente em campo. Assim, os jogadores de Peseiro criaram perigo através de lances de bola parada, como é exemplo o cabeceamento de Battaglia à barra aos 35'. O Vitória apostava apenas e só no contra-ataque e conseguiu dar trabalho a Salin quando Costinha lançou Cádiz, mas o guarda-redes leonino, desta vez, foi competente.

Salin voltou a errar no início da segunda parte. Aos 51', a saída em falso só não deu em golo do Vitória porque Cádiz cabeceou ao lado. Soubesse o avançado sadino que tinha a baliza aberta e, provavelmente, teria sido outro. Do outro lado, e já sem Bas Dost (saiu lesionado ao intervalo e deu lugar a Montero, mas a diferença pouco se notou), o Sporting voltava a criar perigo de livre. Desta vez foi Nani a bater diretamente à baliza, mas a trave voltou a salvar Cristiano.

José Peseiro, desesperado por criatividade e velocidade no ataque, apostou na mesma fórmula que resultou em casa do Moreirense e colocou Jovane Cabral em campo. O jovem de 20 anos esteve envolvido num lance perigoso aos 65' e, no minuto seguinte, descobriu um golo que mais ninguém parecia capaz de descobrir. A partir da direita, cruzou de forma perfeita para o coração da área, onde apareceu Nani completamente sozinho para, de cabeça, fuzilar a baliza do Vitória. Um lance que serviu para perceber duas coisas: o velho Nani pode (e vai) ser muito útil a este Sporting e o novo Jovane é uma aposta para continuar.

Até ao final, o Sporting controlou as operações, mas nunca ficou a sensação de que os três pontos estavam completamente seguros em Alvalade. O Vitória, quando conseguia, aproximava-se da baliza de Salin e conseguiu alguns cantos e livres que prometiam perigo, mas o resultado final estava estabelecido. Já em tempo de compensação, o Sporting esteve perto do 3-1 em duas ocasiões e ambas com o mesmo protagonista: Jovane Cabral. O extremo rematou de longe com a bola a passar perto do poste aos 90+3' e, no último ataque da partida, percorreu dezenas de metros de um lado ao outro do campo para Mathieu atirar às malhas laterais.

Os três pontos, no final, acabaram por ficar com a equipa que mais os mereceu. O Sporting não jogou um futebol bonito e o meio-campo não se viu no Estádio José Alvalade, mas dedicou-se mais ao triunfo do que o Vitória e acabou por sair recompensado graças a individualidades.