Portugal
O treze não foi de azar, e à terceira foi de vez
2018-12-16 19:55:00
Ao décimo terceiro jogo da temporada na Liga, o Benfica marcou um golo de bola parada.

Bastou apenas um golo, mas o Benfica matou dois coelhos com uma cajadada. Ao fim de treze jornadas disputadas na Liga, o conjunto de Rui Vitória marcou por fim um golo de bola parada. Até à visita ao terreno do Marítimo, o Benfica surgia como a única equipa da Liga ainda sem golos nascidos de lances de bola parada, mesmo que até aqui já tivesse tido duas grandes penalidades que, igualmente, desperdiçou. Não hoje. Hoje, Jonas confirmou o provérbio, mas anulou a superstição. O treze não foi de azar, e à terceira foi de vez. O suficiente, já em período de compensação na primeira parte, para que o resultado mascarasse uma exibição muito pouco positiva. Vale para ambas as equipas.

Se a primeira parte nos Barreiros não foi especialmente inspirada, pelo menos os quinze minutos intermédios ofereceram algo por muito pouco que fosse. O mesmo não se pode dizer da restante partida, muito menos durante a segunda parte, com os números relativos às perdas de bola a atingirem valores preocupantes. Se durante os 90 minutos, o Benfica perdeu a posse de bola em 25 ocasiões (Pizzi foi o recordista com sete perdas de bola), o Marítimo não fez melhor. O conjunto de Petit perdeu a posse de bola em 24 ocasiões, e nem sempre estas perdas de bola foram totalmente potenciadas pelo adversário.

Na Madeira o Benfica teve mais bola, mas nem sempre soube o que fazer com ela. Na verdade, foi preciso esperar até ao minuto 76 para que conjunto de Rui Vitória conseguisse construir, por fim, uma jogada de verdadeiro envolvimento coletivo, uma verdadeira jogada de organização ofensiva e, muito provavelmente, o único momento de desequilíbrio pelo corredor central em todo o jogo quando Pizzi e Jonas combinaram ao primeiro toque para que a jogada morresse com um remate fraco de Jonas para defesa de Amir. Até ao golo do Benfica, já em período de compensação na primeira parte, até tinham pertencido ao Marítimo os principais lances de maior perigo, perigo relativo, durante grande parte do jogo e até ao minuto 38 quando Grimaldo, aproveitando um erro numa tentativa de interceção de bola de Bebeto, surgiu isolado na área para obrigar Amir a intervir.

O lance surgiu dois minutos depois de Grimaldo, de livre direto, ter obrigado Amir a defesa controlada, mas surgia já depois de Vukovic, aos 28 minutos, ter surgido totalmente isolado de marcação no interior da área do Benfica após cruzamento do corredor direito sem que André Almeida fechasse o corredor como seria de esperar. A bola acabou por sair à malha lateral, perante o remate de primeira do médio maritimista, que com tempo e espaço podia ter feito muito melhor. Foi, porém, sintomático de algo: da incapacidade do Benfica em ser perigoso e de juntar à desinspiração em momento ofensivo uma preocupante falta de organização em momento defensivo. Já antes, Rodrigo Pinho tinha rematado com algum conforto no interior da área.

Se o Benfica não esteve inspirado, os problemas de construção e organização ofensiva do Marítimo voltaram a evidenciar-se, mas mesmo um Marítimo com graves dificuldades em construir jogo (teve apenas 42% da bola e 75% de passes acertados no encontro), a espaços, chegava com alguma facilidade ao meio campo defensivo do Benfica. Em especial, na segunda parte, com a entrada de Édgar Costa, que mesmo sem conseguir criar verdadeiras situações de algum perigo conseguiu estar confortável no jogo. Uma segunda parte que manteve a toada lenta e desinteressante da primeira, sem que alguma das equipas conseguisse ser perigosa sem ser em lances de bola parada. Sintomático disto, foi o facto do Marítimo ter acabado o encontro acertando cerca de metade dos seus passes verticais (dados Goalpoint).

O jogo dos Barreiros não foi um jogo rico de incidências, mas permitiu ao Benfica terminar com uma seca que durava desde o início da temporada. O treze não foi de azar, e à terceira foi de vez. O Benfica marcou um golo de bola parada, e a terceira grande penalidade da época na Liga lá acabou por mascarar uma exibição que dificilmente merecia mais do que o nulo.