Jogar longe da zona defensiva e pressionar logo à saída de bola do adversário é o segredo do FC Porto de Sérgio Conceição que mantém a baliza a zeros ao fim de cinco jornadas em que soma outras tantas vitórias, registo que iguala o FC Porto de 1983/84 de José Maria Pedroto.
António Sousa era médio dessa equipa, numa defesa que tinha nomes como os de João Pinto, Eurico, Lima Pereira, Inácio, Eduardo Luís e o malogrado guarda-redes Zé Beto, e 34 anos depois encontra semelhanças no modelo das duas equipas. "Este FC Porto está a pressionar como o de 83/84. O modelo é o mesmo e assenta na mística do FC Porto de antigamente, uma equipa que tem de jogar alto e pressionar logo à saída da bola do adversário. As equipas grandes têm forçosamente de fazer isso. E este FC Porto está a fazer isso."
Danilo, no final do jogo com o GD Chaves, enumerou a pressão alta que o FC Porto está a fazer nos jogos comouma das explicações para a baliza a zeros. "A chave da segurança defensiva começa nos avançados, no Marega, no Aboubakar, no Soares, que começam a pressionar logo após a saída de bola do adversário. Há uma pressão constante e coletiva, e assim temos conseguido, com eficácia, que a bola não chegue ao nosso guarda-redes", argumentou o médio defensivo que fez 26 anos no dia do jogo com o GD Chaves.
O antigo médio do FC Porto, António Sousa, considera que no onze de Sérgio Conceição "as linhas estão mais juntas e a equipa joga mais à frente. Este FC Porto ganhou 20 metros, pressiona à saída da área do adversário. Tudo isto faz beneficia o setor defensivo. Se os avançados e médios pressionam à frente criam um bloco forte que beneficia a parte defensiva", explica António Sousa. Sérgio Conceição, na conferência de imprensa após o jogo com o GD Chaves, já tinha resumido parte do segredo de os portistas manterem a baliza inviolável. "O mérito não é só da defesa e do guarda-redes, mas sim de toda a equipa". Para António Sousa, "a equipa está mais compacta, trabalha mais, está mais humilde, com um espírito muito diferente, e um pouco de tudo isto também tem contríbuido para esta série de jogos sem sofrer golos".
Sérgio Conceição pode superar Pedroto
O FC Porto de Sérgio Conceição vai em cinco jogos consecutivos sem sofrer golos na Liga, num bom arranque que só tem paralelo ao início de campeonato em 1983/84, com José Maria Pedroto ao leme. Nessa época, o FC Porto abriu a temporada com triunfos sobre Salgueiros (1-0), Águeda (2-0), Sp. Espinho (4-0), SC Braga (1-0) e Vitória de Guimarães (2-0). Os dragões acabariam por interromper esta série de invencibilidade e com a baliza a zeros à sexta jornada, no Estádio da Luz, diante o Benfica com uma derrota por 1-0, numa época em que a equipa encarnada acabaria por sagrar-se campeã nacional. Além do atual FC Porto e o de 1983/84, também há o registo de mais três equipas que nas cinco primeiras jornadas do campeonato mantiveram as balizas a zero. Foram elas o Vitória de Setúbal em 1973/74, o Benfica de 1980/81 e o Sporting de 1988/89.
Apostando num quarteto defensivo formado por Ricardo Pereira, que regressou ao clube após empréstimo ao OGC Nice, Felipe, Marcano e Alex Telles, bem guardado por Iker Casillas, Sérgio Conceição só mexeu na defesa em dois jogos, e sempre no lado direto, lançando Maxi Pereira frente ao Moreirense (3-0) e Layún diante o GD Chaves (3-0). A comparação com a performance defensiva do FC Porto de 1983/84 com a do atual FC Porto, significa que se a equipa portista vencer o Rio Ave na próxima jornada, Sérgio Conceição supera 34 anos depois a marca de Pedroto, sendo que o atual treinador dos azuis-e-brancos já leva a melhor nos golos marcados, com 12 contra 10. Estoril (4-0), Tondela (1-0), Moreirense (3-0), SC Braga (1-0) e GD Chaves (3-0) não só saíram vergados ao poderio atacante deste FC Porto como revelaram-se ineficácias na tentativa de desfeitear a defesa dos dragões que têm vindo a apresentar uma consistência defensiva acima da média nestas cinco primeiras jornadas do campeonato. Um bom início mas que Sérgio Conceição procura não dar muito relevo porque o importante como ele próprio costuma referir é chegar ao fim "com mais um ponto do que o segundo classificado" e porque, dizem os números, nem sempre a melhor defesa ganha campeonatos. Em 14/15, o FC Porto de Lopetegui só sofreu 13 golos, menos três do que os encarnados, mas não foi o suficiente para ganhar o campeonato.
