Depois deste jogo, os melhores cientistas do planeta vão querer falar com Bruno de Carvalho para conseguirem autorização para examinar Fredy Montero. Tudo porque o avançado leonino viajou no tempo: veio de 2013, ano em que chegou ao clube verde e branco pela primeira vez e marcou uma larga quantidade de golos, aterrou em 2018 e faturou duas vezes 'à antiga'. O Sporting recebeu e bateu o Viktoria Plzen por 2-0 na primeira mão dos oitavos-de-final da Liga Europa e vai a República Checa com uma vantagem considerável, mas que peca por escassa - apesar do justíssimo triunfo, o Sporting não fez um jogo brilhante. Fábio Coentrão e (especialmente) Bruno Fernandes, para além de Montero, foram duas lufadas de ar fresco na equipa de Jorge Jesus, brilhando sempre que isso era possível.
O primeiro golo podia ter surgido logo aos 7', minuto em que Acuña serviu Gelson Martins, mas o internacional português, regressado ao onze inicial depois da ausência no Dragão, não foi capaz de enviar a bola para o fundo das redes desertas. O Sporting dominava o meio-campo e tinha sempre mais bola que os checos, mas jogava de forma errada: apostava bastante em cruzamentos e bolas altas, como se Bas Dost estivesse em campo. Contudo, com Montero, tudo muda, e o colombiano, apesar de ser bom de bola, não tem a presença física do holandês nem a capacidade de estar tantas vezes no sítio certo.
Antes do apito inicial, foi prestada homenagem a Davide Astori, capitão da Fiorentina que morreu no passado domingo (Miguel A. Lopes/Lusa)
Aos 22', no entanto, o Sporting voltou a criar perigo com uma iniciativa individual. Desta vez, Acuña rematou de longe e a bola chegou a tocar na barra quando o guarda-redes estava batido. Individualmente, não havia comparação e os jogadores leoninos iam sendo consideravelmente superiores aos do Viktoria Plzen. Um deles era Bruno Fernandes, que teve uma grande oportunidade quando, a cinco minutos do intervalo, concluiu um contra-ataque com forte um remate ao lado.
Se, até aqui, o Sporting dominava por ter jogadores melhores que o adversário, o 1-0 (45+1') contrariou bastante esta teoria. Fábio Coentrão recuperou a bola na defesa, avançou com ela até ao ataque, combinou com Bryan Ruiz e, de forma acrobática, serviu na perfeição Fredy Montero. O camisola 40, com toda a calma e classe do mundo, atirou com o pé direito para o golo que trazia justiça ao resultado e levava a equipa da casa em vantagem para o descanso nos balneários.
O regresso ao relvado foi tão bom ou melhor que a despedida que havia tido lugar uns minutos antes. Aos 49', depois de uma perda de bola da defesa do Viktoria Plzen, Bruno Fernandes assistiu Fredy Montero para - e, desta vez, de pé esquerdo - o segundo golo do Sporting. Montero foi egoísta e, se não tivesse marcado, ia levar com a raiva de Bruno Fernandes (em muito melhor posição para marcar), mas estava confiante e, veio depois a confirmar-se, tinha razões para tal. Nenhum adepto do Sporting ficou chateado com o egoísmo do avançado, certamente.
Nos largos minutos que se seguiram, só deu Sporting. A bola estava quase sempre nos pés dos leões, que avançavam para a área do Viktoria Plzen, uma equipa com poucos argumentos para contrariar essa vontade verde e branca. Aos 65', Bryan Ruiz só não marcou o terceiro do Sporting após passe de Bruno Fernandes porque Hruska, mais por instinto do que por intenção, fez uma das melhores defesas da noite. O mesmo Hruska, três minutos depois, impediu que Bruno Fernandes juntasse o golo à assistênncia já conseguida.
O primeiro golo de Fredy Montero (Miguel A. Lopes/Lusa)
No último quarto de hora, o Sporting desacelerou bastante e o Viktoria Plzen encontrou uma janela para tentar chegar ao golo que iria mudar tudo no segundo jogo. Krmencik, por duas vezes, foi o mais perigoso, chegando a cabecear com a bola a passar perto da baliza de Rui Patrício. Mais por demérito do adversário do que por qualidade defensiva, o Sporting conseguiu, ainda assim, garantir o registo limpo na secçao de golos sofridos da ficha de jogo e voltou a ter mais uma chance quando Mathieu, qual gazela aos 90+1', arrancou num contra-ataque mas vacilou na hora do remate.
2-0 é um resultado positivo para o Sporting e, mesmo apesar do jogo longe do brilhantismo, um resultado justo. Mas, na segunda mão, sem Coates e William (viram cartão amarelo e estavam em risco), Jorge Jesus não pode permitir que os jogadores descansem. Apesar de inferior, o Viktoria Plzen não tem uma desvantagem impossível de anular e, na próxima quinta-feira, vai ter um estádio a puxar pela derrota do Sporting.