Portugal
O Montero de 2013 viajou no tempo até 2018. O Sporting agradeceu, claro
2018-03-08 23:10:00
Os leões vão à República Checa com uma vantagem de dois golos graças ao instinto goleador do colombiano

Depois deste jogo, os melhores cientistas do planeta vão querer falar com Bruno de Carvalho para conseguirem autorização para examinar Fredy Montero. Tudo porque o avançado leonino viajou no tempo: veio de 2013, ano em que chegou ao clube verde e branco pela primeira vez e marcou uma larga quantidade de golos, aterrou em 2018 e faturou duas vezes 'à antiga'. O Sporting recebeu e bateu o Viktoria Plzen por 2-0 na primeira mão dos oitavos-de-final da Liga Europa e vai a República Checa com uma vantagem considerável, mas que peca por escassa - apesar do justíssimo triunfo, o Sporting não fez um jogo brilhante. Fábio Coentrão e (especialmente) Bruno Fernandes, para além de Montero, foram duas lufadas de ar fresco na equipa de Jorge Jesus, brilhando sempre que isso era possível.

O primeiro golo podia ter surgido logo aos 7', minuto em que Acuña serviu Gelson Martins, mas o internacional português, regressado ao onze inicial depois da ausência no Dragão, não foi capaz de enviar a bola para o fundo das redes desertas. O Sporting dominava o meio-campo e tinha sempre mais bola que os checos, mas jogava de forma errada: apostava bastante em cruzamentos e bolas altas, como se Bas Dost estivesse em campo. Contudo, com Montero, tudo muda, e o colombiano, apesar de ser bom de bola, não tem a presença física do holandês nem a capacidade de estar tantas vezes no sítio certo.

Antes do apito inicial, foi prestada homenagem a Davide Astori, capitão da Fiorentina que morreu no passado domingo (Miguel A. Lopes/Lusa)

Aos 22', no entanto, o Sporting voltou a criar perigo com uma iniciativa individual. Desta vez, Acuña rematou de longe e a bola chegou a tocar na barra quando o guarda-redes estava batido. Individualmente, não havia comparação e os jogadores leoninos iam sendo consideravelmente superiores aos do Viktoria Plzen. Um deles era Bruno Fernandes, que teve uma grande oportunidade quando, a cinco minutos do intervalo, concluiu um contra-ataque com forte um remate ao lado.

Se, até aqui, o Sporting dominava por ter jogadores melhores que o adversário, o 1-0 (45+1') contrariou bastante esta teoria. Fábio Coentrão recuperou a bola na defesa, avançou com ela até ao ataque, combinou com Bryan Ruiz e, de forma acrobática, serviu na perfeição Fredy Montero. O camisola 40, com toda a calma e classe do mundo, atirou com o pé direito para o golo que trazia justiça ao resultado e levava a equipa da casa em vantagem para o descanso nos balneários.

O regresso ao relvado foi tão bom ou melhor que a despedida que havia tido lugar uns minutos antes. Aos 49', depois de uma perda de bola da defesa do Viktoria Plzen, Bruno Fernandes assistiu Fredy Montero para - e, desta vez, de pé esquerdo - o segundo golo do Sporting. Montero foi egoísta e, se não tivesse marcado, ia levar com a raiva de Bruno Fernandes (em muito melhor posição para marcar), mas estava confiante e, veio depois a confirmar-se, tinha razões para tal. Nenhum adepto do Sporting ficou chateado com o egoísmo do avançado, certamente.

Nos largos minutos que se seguiram, só deu Sporting. A bola estava quase sempre nos pés dos leões, que avançavam para a área do Viktoria Plzen, uma equipa com poucos argumentos para contrariar essa vontade verde e branca. Aos 65', Bryan Ruiz só não marcou o terceiro do Sporting após passe de Bruno Fernandes porque Hruska, mais por instinto do que por intenção, fez uma das melhores defesas da noite. O mesmo Hruska, três minutos depois, impediu que Bruno Fernandes juntasse o golo à assistênncia já conseguida.

O primeiro golo de Fredy Montero (Miguel A. Lopes/Lusa)

No último quarto de hora, o Sporting desacelerou bastante e o Viktoria Plzen encontrou uma janela para tentar chegar ao golo que iria mudar tudo no segundo jogo. Krmencik, por duas vezes, foi o mais perigoso, chegando a cabecear com a bola a passar perto da baliza de Rui Patrício. Mais por demérito do adversário do que por qualidade defensiva, o Sporting conseguiu, ainda assim, garantir o registo limpo na secçao de golos sofridos da ficha de jogo e voltou a ter mais uma chance quando Mathieu, qual gazela aos 90+1', arrancou num contra-ataque mas vacilou na hora do remate.

2-0 é um resultado positivo para o Sporting e, mesmo apesar do jogo longe do brilhantismo, um resultado justo. Mas, na segunda mão, sem Coates e William (viram cartão amarelo e estavam em risco), Jorge Jesus não pode permitir que os jogadores descansem. Apesar de inferior, o Viktoria Plzen não tem uma desvantagem impossível de anular e, na próxima quinta-feira, vai ter um estádio a puxar pela derrota do Sporting.