Portugal
O bom, o mau, e o vilão. Guedes foi todos eles e o Rio Ave agradeceu
2017-11-18 23:15:00
Guedes fez o golo decisivo de uma partida que podia ter oferecido muitos mais. Até do próprio. SC Braga cai na Taça.

O resultado não mente. Em Vila do Conde, Rio Ave e SC Braga digladiaram-se durante 90 minutos e ainda que o encontro apenas tenha oferecido um golo, não foram poucas as oportunidades de golo e chegadas perigosas à área ocorridas em ambos os lados do campo. O jogo entre vila-condenses e bracarenses foi decidido no pormenor. Um pormenor que vestiu de verde e branco e ostentou o número sete. Foi em Guedes, afinal, que esteve o segredo da vitória do Rio Ave. O avançado português marcou pelo segundo jogo consecutivo e foi o seu golo que permitiu à equipa de Miguel Cardoso seguir em frente na Taça de Portugal, vingando a queda do Rio Ave, em 2016/17, nesta mesma ronda.

Rio Ave e SC Braga entraram em campo dispostos a assumir o jogo. A bola chegou com fluidez ao último terço de ambos os lados do campo e ainda que se tenha aguardado quase vinte minutos pelas primeiras ocasiões de golo já Cássio havia proporcionado um par de sustos a Miguel Cardoso. Particularmente, aos dez minutos, quando na tentativa de controlar um lançamento longo nas costas da defesa bracarense, derrubou Esgaio, motivando protestos durante e pós jogo. Cássio viu amarelo, o mesmo Cássio que aos 22 minutos viu Dyego Sousa surgir na sua frente negando-lhe o golo com os pés, logo após João Novais ter assustado Matheus com um remate de meia distância que experimentou ao longo da noite repetidamente. O jogo manteve-se aberto durante toda a primeira parte, e à medida que os minutos avançaram, acresceu-lhe uma intensidade ainda mais evidente. O SC Braga explorou o espaço concedido pelo Rio Ave nas costas da defesa e entre o lateral e o central, criou perigo, mas não encontrou o golo. Rio Ave, por seu lado, foi mais paciente e associativo na construção, ideia de jogo vincada com os registos finais de posse de bola. Esse associativismo foi letal. Aos 36 minutos, durante o melhor momento do Rio Ave na partida, em jogada desenvolvida ao primeiro toque e em ritmo elevado, Tarantini surgiu isolado no corredor direito, cruzou para Guedes e o avançado do Rio Ave, sozinho na frente de Matheus, só teve de encostar. Sabor familiar para Guedes que já no encontro anterior, no Estoril, havia marcado.

O SC Braga reagiu com perigo ao golo adversário. Um resultado que lhe tem sido tão habitual esta temporada. Hoje, porém, não houve reviravolta. Abel bem tentou. Na segunda parte, já em modo tudo por tudo, tirou um lateral (Goiano) e colocou em campo Paulinho. Antes disso, ainda antes do intervalo, desperdiçou para mais tarde ter desesperado. Ora por Dyego Sousa, em duas ocasiões, ora por Ricardo Horta já bem em cima do apito para descanso. Até um contra ataque de cinco para três homens o SC Braga desperdiçou. Tantas vezes o SC Braga se viu neste filme esta temporada que o mais lógico era os adeptos bracarenses sonharem com a reviravolta. Ainda para mais, perante um Rio Ave que nunca mostrou verdadeira solidez e coesão defensiva. Na segunda parte, porém, o filme não se repetiu.

A resposta de Abel à adversidade não durou muito tempo. Ainda antes da hora de jogo, Dyego Sousa e Horta deram lugar a Hassan e Fábio Martins. Infrutífero. Se até então o SC Braga continuava sem criar verdadeiros lances de perigo, foi mesmo ao Rio Ave que pertenceram as melhores ocasiões de golo na segunda parte. Logo após as alterações promovidas por Abel, tanto Guedes como João Novais surgiram isolados na cara de Matheus desperdiçando oportunidades soberanas de golo. Golo que permitiria ao Rio Ave uma tranquilidade na partida que, apesar de controlada, nunca aconteceu verdadeiramente. Aos 65 minutos, por exemplo, Hassan, na cara de Cássio, mostrou que um lance podia mudar tudo. Atirou por cima. Era altura do tudo por tudo de Abel, mas tudo o que o técnico bracarense conseguiu foi ter visto Ruben Ribeiro, de livre direto, atirar a centímetros do poste de Matheus. Conseguiu, no máximo, ver Paulinho isolar-se na cara de Cássio, mas não conseguiu desviar o lançamento em profundidade para a baliza vila-condense. Pediu penalty, mas não foi atendido.

Guedes marcou pelo segundo jogo consecutivo e, frente ao SC Braga, foi mesmo decisivo. O golo do avançado do Rio Ave permitiu ao conjunto de Vila do Conde ultrapassar uma ronda da Taça de Portugal na qual o emblema vila-condense caiu na temporada passada. Para o SC Braga chegou ao fim a participação na Taça de Portugal depois de, em 2016/17, apenas terem caído nos oitavos de final da prova, então, aos pés do SC Covilhã.