Os agentes do futebol são os principais responsáveis pelo ambiente de crispação que se vive em Portugal, não demonstrando o mínimo "respeito" pelos adeptos, acusou Luciano Gonçalves.
Ao intervir na conferência da Renascença, em Lisboa, o presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) destacou ainda a inação dos mesmos agentes como um dos fatores para o agravamento dos problemas em torno do futebol.
"Nós não temos respeito por nós próprios", afirmou: "Nós não estamos a ter respeito pelas pessoas que consomem esta paixão que é o futebol. Isto está a ultrapassar o futebol, o desporto, é um problema da sociedade e o futebol, movimentando tantas massas, temos de fazer aquilo que o [árbitro] João [Capela] disse: já sabemos o que está mal no futebol português, mas falta-nos agir e nós não estamos a saber agir".
Como exemplo, Luciano Gonçalves falou da agressão a árbitro num jogo das camadas jovens, no passado fim de semana.
"Se tivermos de proibir um pai de ir ver um jogo do seu filho, se calhar até estamos a fazer um favor àquele pai e àquele filho enquanto não houver uma mudança de comportamento. Tanto a nível desportivo como civil temos que ter uma mão pesada”, frisou.
"Alguma coisa tem que mudar para que isto não possa acontecer. Tem que se ter coragem para a nível desportivo aumentarmos as coimas, de forma exemplar, temos que ser céleres nas decisões. Não pode acontecer nós estarmos a decidir ainda situações com seis meses e a nível civil termos casos com dois anos", reforçou.
É urgente promover o "respeito" no futebol e combater "o clima de suspeição", reiterou o líder da APAF, que defendeu castigos mais pesados para quem critica a arbitragem.
"Tudo o que seja feito para penalizar o que destrói o nosso futebol é positivo", concluiu Luciano Gonçalves.