Portugal
Noite de tareia: O Bruno dá a boleia, o Sporting faz mão cheia
2018-01-07 20:30:00
Dost fez hat-trick e Bruno esteve em quatro golos.

Esta é a crónica de uma noite de tareia. O Sporting recebeu o Marítimo, em sua casa, mas não foi nada hospitaleiro: marcou cinco e só não foram mais... porque não calhou. Os leões foram muito superiores, sobretudo na forma como se adaptaram à escolha defensiva do Marítimo e como foram "papões", sem bola. Mas já lá vamos.  

Antes, destaque para o regresso de Bryan Ruiz à titularidade num jogo de Liga Portuguesa e a existência de um "comboio" em Alvalade: Ristovski. Um senhor lateral. A passada larga, potência, força física e profundidade fazem um pouco lembrar o suíço Lichtsteiner e provam que o Sporting, para além do bom nível de Piccini, tem aqui um senhor lateral. Ah e Bas Dost. Tocou poucas vezes na bola, mas, quando o fez, foi para encostar bolinhas para o seu hat-trick. Bas Dost foi... Bas Dost.

Jesus sabe bem o que fez

Quem disse que, em ataque continuado, não se explora a profundidade e as costas da defesa contrária? Não sei, mas se alguém o fez, fez mal. O Sporting provou-o neste domingo, num jogo em que teve quase 90 minutos em posse da bola, mas no qual explorou aquela que, teoricamente, é a estratégia de quem joga em transições. Expliquemos.

O jogo começou com uma postura surpreendente do Marítimo: não pressionava a saída de bola do Sporting, mas estava, ainda assim, com a equipa muito subida, concentrada nos primeiros 30 metros do seu meio campo o que, desde cedo, parecia ser um "docinho" para as "motas" do Sporting. E assim foi. Gelson e Ristovski (Podence esteve mais apagado) não só aproveitaram o espaço nas costas da defesa madeirense como ainda fizeram questão de mostrar que Luís Martins não é Bebeto. Não terá sido inocente e casual a insistência do Sporting no lado direito do seu ataque, até porque, do lado contrário, estava um Bryan Ruiz ainda pouco capaz de acrescentar qualidade em zonas de definição.  

Defesa subida e lado esquerdo (direito do Sporting) frágil? Foi assim mesmo que o Sporting chegou ao golo, com uma incursão de Gelson a terminar com um encosto de Bas Dost, de primeira (boa finalização). Após o golo, o Sporting tentou adormecer o jogo e convidar o Marítimo a pressionar mais alto. Aqui, notou-se a falta de Mathieu, dado que André Pinto raramente verticalizou o jogo na primeira fase de construção, tocando apenas tranquilamente com Coates. 

O problema, para o Marítimo, é que, mesmo que quisesse ter bola, não conseguiria. Uma das grandes valências do Sporting nesta partida foi a reação à perda da bola, com mais do que um jogador a "abafarem" o homem do Marítimo.

Boleia do Bruno

Na segunda parte, veio o "show" Bruno, que deu boleia para a goleada. Bruno Fernandes espalhou classe, técnica, visão de jogo e esteve em quatro golos dos leões. Assistiu brilhantemente (grande passe) Bryan Ruiz para o 2-0, aos 50 minutos, e Dost para o 3-0, aos 74. Foi ainda o autor de dois remates fortíssimos (que bombas saem daqueles pés!), cujas recargas permitiram chegar ao terceiro e quarto golos, por Dost e Acuña. Caramba! O Bruno merecia um golito!

Parece-lhe um resumo pobre da segunda parte? Percebemos. Mas o facto é que o jogo teve mesmo pouca história, dado que os leões, tremendamente eficazes, não só fizeram o que quiseram do Marítimo – que até nem entrou mal na segunda parte, mas, com o 2-0, começou a pressionar individual e anarquicamente – como criaram perigo de quase todas as vezes em que chegaram à área madeirense.  

Resultado: pois. Uma mão cheia e uma tareia.