Portugal
Não o quiseram, mas este rapaz é jogador. Oh se é...
2018-10-13 17:20:00
O vencedor é justo, pela forma eficaz e concreta de atacar a baliza, mas o resultado é estranho.

Antes de explicarmos o título, há que dizer que a vitória do Aves, frente ao Rio Ave, por 3-0, na Taça da Liga, foi dos jogos mais interessantes que vimos nesta temporada. Foi, também, dos jogos mais estranhos. O resultado foi, igualmente, um pouco estranho. A vitória pode ser considerada justa, mas os números são um exagero. E o Rio Ave, pasme-se, para além das inúmeras oportunidades desperdiçadas, ainda enviou três (!!!) bolas aos ferros. Isto, hoje, foi estranho. Estranho, mas bom. E o Rio Ave já está fora da Taça da Liga, no grupo de Aves, Benfica e FC Paços de Ferreira.

É um lugar comum dizer que é importante ser eficaz e concreto na hora de rematar à baliza, mas, neste sábado, temos mesmo de falar de eficácia. O Rio Ave foi sempre uma equipa predisposta a ter bola, construir desde trás, criar em posse e envolver a equipa toda no processo ofensivo. Oportunidades de golo? Aos montes. Todas deitadas ao lixo.

O Aves, por outro lado, foi uma equipa consentidamente subjugada à posse de bola adversária e com outra ideia: recuperar em zonas adiantadas e colocar rapidamente a bola nos corredores, tentando, com um ou dois passes mais diretos, chegar à zona de remate.

Na primeira parte, o Rio Ave colocou-se a jeito. É positivo tentar construir desde trás, mas há limites, sobretudo quando os laterais, na primeira fase de construção, estão tão projetados. Perdas de bola e… perigo certo. O Aves foi somando oportunidades em recuperações de bola em zona alta, sobretudo porque a pressão, sem ser muito intensa, era feita em igualdade numérica, por os laterais adversários estarem lá bem à frente. Qualquer passe mal feito dá asneira. E deram.

Isto foi ainda pior pela falta de qualidade do Rio Ave naquela zona. Leandrinho é bastante limitado e “emperra” a construção e Coentrão, que começou muito predisposto a baixar e dar qualidade naquela zona, rapidamente perdeu gás e começou a andar a passo, uns metros mais à frente.

Belo jogador

Aos 37 minutos, o Aves conseguiu uma das tais saídas rápidas e o Rio Ave, nunca conseguindo fazer dobras e coberturas de 2 contra 1 na bola, deixou-se enganar. Espaço e cruzamento de Rodrigo e Miguel Rodrigues não soube ler o que se passava, deixando Junio a marcar dois. Um deles, Derley, fez o golo, de cabeça.

Por falar em Derley: este rapaz joga que se farta. Por muito respeito que mereça o Aves, Derley é jogador para mais e, com os craques que tinha à sua frente, na passagem pelo Benfica, foi mal aproveitado. Fortíssimo a jogar em apoio frontal, forte a cair nos corredores, forte a dar profundidade e bom tecnicamente. Muito completo. Belo jogador.

Na segunda parte, o jogo foi mais fraco. Mais paragens, mais faltas e, sobretudo, mais execuções falhadas. Ainda assim, ambas as equipas somaram mais algumas oportunidades. Mais uma vez, o Aves soube aproveitá-las, sempre da mesma forma: saídas rápidas a aproveitar a recuperação defensiva sempre passiva e a “trote” dos jogadores do Rio Ave. Braga deu uma facadinha, aos 78 minutos, após bela jogada de Derley, e o jovem Ricardo Rodrigues deu a facada final, aos 88.

O vencedor é justo, pela forma eficaz e concreta de atacar a baliza, mas o resultado é estranho.