Portugal
“Há o G15, o G2 e o Benfica, que vai fazendo o seu próprio caminho”
2019-08-01 13:15:00
Administrador financeiro do Benfica, Domingos Soares de Oliveira, e a proximidade entre FC Porto e Sporting

Domingos Soares de Oliveira concedeu uma entrevista à Exame, onde aborda questões como a venda de João Félix e as parcerias com o empresário Jorge Mendes, mas onde também fala da ausência de contactos entre clubes que são, na verdade, parceiros de negócios na indústria do futebol.

"A situação tem vindo a degradar-se e não é apenas entre os três principais clubes. O que nós assistimos nos últimos anos foi à criação de um grupo chamado G15, que exclui de alguma forma os três principais clubes portugueses. Eu não conheço nenhuma situação assim a nível europeu. Mas temos este G15, não sei se este grupo ainda está vivo ou não. Depois temos um grupo, que eu chamo G2, que é uma maior proximidade entre Porto e Sporting, e ainda temos o G1, o Benfica, que, de alguma forma, não está nem num grupo nem noutro e que vai fazendo o seu próprio caminho", afirmou.

O dirigente faz uma distinção entre FC Porto e Sporting, assumindo uma incapacidade em sentar-se à mesa para discutir com a direção de Pinto da Costa. 

"No geral, acho que não estamos minimamente preparados para nos voltarmos a sentar a uma mesa de trabalho com o FC Porto", afirmou Domingos Soares de Oliveira.

Existem "reuniões aos níveis mais operacionais", mas nada mais do que isso: "A um nível de maior responsabilidade e de sentido de Estado, acho que ainda não estamos preparados para isso".

Já com o Sporting o cenário é diferente, em virtude da saída de Bruno de Carvalho do cargo de presidente.

Com Frederico Varandas "há um movimento de maior abertura para que possamos discutir", ainda que um duplo discurso: o institucional e aquele que se dirige aos adeptos.

"A atual presidência do Sporting tem tido um discurso mais construtivo quando estamos sentados à mesma mesa, por vezes menos construtivo quando é preciso falar aos adeptos", apontou Domingos Soares de Oliveira.

O dirigente considera, no entanto, que “a situação tem vindo a degradar-se e não é apenas entre os três principais clubes”.

"Do que eu me lembro em todos os setores em que já trabalhei, todos têm mecanismos para se sentarem à mesa e construir qualquer coisa. Nós temos isso a nível europeu, os clubes que eu conheço a nível doméstico de outros países têm essa capacidade de conversarem entre grandes e pequenos. Em Portugal, não o estamos a fazer. E acho que isso é prejudicial para o desenvolvimento da indústria", lamenta.