Portugal
Kwame N’Sor: Um goleador da II Liga que é homem dos “connects”
2018-05-03 18:05:00
"Tem um coração muito bom”

Há uma pérola escondida na II Liga. Vá, se calhar não está assim tão escondida, mas o certo é que pouco se tem falado de Kwame N’Sor. Este avançado do Académico de Viseu já fez muita coisa na temporada passada – foram 17 golos na II Liga, pelo União da Madeira –, mas parece que ninguém deu por ele. Nesta época, em Viseu, continua a meter umas quantas “bolachas” lá dentro.

Falámos com João Caminata, Ryan Ramos e Nilson Barros, ex-colegas de N’Sor, no União, e garantimos-lhe, em português coloquial: este homem – muito divertido e que gosta de rezar – “está cheio de connects”. Até com um jogador que vai à final da Champions. A conferir mais à frente.

Para já, queremos apresentar-lhe este goleador. Sim, com vídeos. Mas já lá vamos. Damos, primeiro, a palavra a Caminata, ex-colega de N’Sor, que nos explica o que vale este ganês.

“É um jogador de área, muito forte no 1 contra 1 com o guarda-redes. Não vi muitos atacantes com o faro de golo dele”, começa por dizer, acrescentando: “Também tem facilidade em cair nas costas da defesa, pois é bastante rápido”. Já Nilson Barros fala de um avançado “veloz e forte, que nunca dá por perdido nenhum lance de jogo”. “E tinha faro de golo”, acrescenta.

Pegando nas palavras de Caminata, não é difícil constatar de que se trata de um jogador completo. Olhando para a altura (quase 1,90 metros), o jogo aéreo não passa despercebido neste africano esguio. Olhando para os números, a finalização parece estar lá. Olhando para a fisionomia, aquele tamanho todo pode fazer diferença. Olhando para o que faz em campo, convém acrescentar que não é um “pinheiro”.  Gosta, por iniciativa própria, de sair da área e jogar em apoio frontal e até arrancar com bola desde trás, com aquela perna longa típica de tantos jogadores africanos.

Ele marca golos.

Mas também mexe na bola.

Este ganês, de 25 anos, foi formado no Metz e chegou a Portugal na temporada passada, depois de um ano na II divisão da Bélgica. Na Madeira, pelo União, foram 17 golos em 33 jogos. Na Liga foram 16, uma marca só superada por Paulinho, agora no SC Braga, e Pires, que subiu com o Portimonense. Neste ano, sobretudo desde que Manuel Cajuda o fez saltar para o onze, já são cinco golos em seis jogos (oito no total da temporada).

E atenção: não são apenas golos, são golos decisivos. Marcar é giro, sim, mas marcar para decidir é melhor ainda. Destes cinco golos, apenas um não teve influência direta no resultado. Deu a vitória frente a Gil Vicente e Covilhã (neste jogo, marcou também o terceiro golo do 3-1) e deu os empates frente a SC Braga B e Real SC.

E chega de números, vamos mas é ao homem.

"Tem um coração muito bom”

Quisemos conhecer melhor Kwame N’Sor e, ao Bancada, Ryan Ramos define-o como “um ‘cara’ muito alegre, que estava sempre disposto a ajudar. Tem um coração muito bom”, numa visão semelhante à de Nilson Barros: “É uma pessoa tranquila, humilde e divertida. Muito brincalhão e bom ser humano”.

Já João Caminata, fala de uma pessoa assim mais para o pacata. “É muito humilde e amigo dos amigos”, diz, antes de analisar: “É também algo introvertido. A meu ver, sempre me pareceu muito focado no futebol e na família”.

Já conhecemos o jogador e já conhecemos o homem. Falta saber se temos, de facto, um possível craque de primeira liga. Os ex-colegas, apesar de suspeitos na matéria, não têm grandes dúvidas.

“Penso que sim, acho que só lhe falta ser dada a oportunidade de ser regular na primeira liga”, diz Caminata, tal como Ryan Ramos: “Quem acompanhou a Segunda Liga, no ano passado, pôde ver todas a qualidades dele. Com a qualidade e características que ele tem, tem toda a possibilidade de jogar numa Primeira Liga e se destacar”.

Vamos ser desmancha-prazeres: apesar de toda este potencial, sobretudo num campeonato como o português, que não é de topo europeu, N'Sor ainda não é internacional ganês. É, talvez, o ponto que mais poderá fazer "desconfiar" deste jogador, que parcas oportunidades teve em equipas de primeira divisão (apenas alguns jogos no Metz).

Estou? Mané?

Dissemos-lhe que Kwame N’Sor é um homem cheio de “connects”. João Caminata contou, ao Bancada, que este ganês é amigo de Sadio Mané, com quem se cruzou no Metz.

“Um dia, o Kwame estava já há cerca de meia hora a falar com o Sadio Mané, do Liverpool. Eu disse para ele dizer ao Mané para me seguir nas redes sociais. Daí, ele passou-me o telemóvel para falar eu com o Mané”, recorda, acrescentando que se lembra de este ganês passar muito tempo a rezar.