Portugal
Melhor Sporting que este só o de 93/94. "Já toda a gente falava em ser campeão"
2017-09-09 16:35:00
Conjunto orientado por Bobby Robson (à esquerda, na foto) chegou à sexta jornada só com vitórias

Com a vitória sobre o Feirense (3-2) graças aos golos de Coates, Bruno Fernandes e Bas Dost, no último minuto, o Sporting registou o melhor arranque de Liga dos últimos 24 anos. São cinco triunfos em cinco jogos, estando a apenas um de 1993/94, quando a equipa treinada por Bobby Robson conquistou os três pontos nas seis primeiras jornadas do campeonato. "O Sporting tinha uma grande equipa, talvez até superior a esta", admitiu Carlos Jorge, elemento desse plantel leonino que não considera que o início prometedor do conjunto verde e branco deva motivar qualquer expetativa extra: "só significa uma coisa: o Sporting começou bem. Mais nada. Não significa que vai ser campeão ou que vá fazer uma grande época porque ainda falta muito campeonato".

Os encontros vencidos contra o SC Salgueiros (2-1), Vitória de Setúbal (3-2), Estrela da Amadora (4-0), Belenenses (3-1), Farense (1-0) e CF União (1-0) abriram as hostes do campeonato do Sporting em 1993/94. Essas partidas foram marcantes para quem os viveu, que nos contou o estado de espírito vivido no seio do clube, entre jogadores e adeptos leoninos.

"O Sporting, nesse ano, começou dessa forma e eu lembro-me perfeitamente que, sabe como é que é, quando se começou a ganhar cinco ou seis jogos já toda a gente falava em ser campeão. Foi um arranque fantástico e motivante, mas depois tivemos logo uma quebra", começou por dizer Carlos Jorge ao Bancada.

José Mourinho, Bobby Robson e Manuel Fernandes (esquerda-direita) integravam a equipa técnica do Sporting em 1993/94 (Acácio Franco/Lusa)

A "quebra" a que o antigo defesa-central se refere aconteceu entre outubro e dezembro de 1993, período em que o Sporting sofreu derrotas com o Celtic, Boavista e FC Porto e foi eliminado da Taça UEFA pelo Casino Salzburgo, o que motivou o despedimento de Bobby Robson por parte de Sousa Cintra, presidente. Quem o substituiu foi Carlos Queiroz.

Carlos Jorge, por sua vez, chegou a Alvalade na época anterior mas nunca se afirmou como primeira opção no Sporting. Ainda assim, cumpriu os 90 minutos nos dois primeiros encontros da Liga em 1993/94 numa equipa que considera ter sido de grande valia, ainda que não tenha conquistado o título.

"Na altura, e não foi campeão, é verdade, o Sporting tinha uma grande equipa, talvez até superior a esta. O Sporting tinha muito bons jogadores, talvez até uma das melhores equipas de lá para cá, na minha opinião", proferiu, apontando Jorge Jesus como uma das principais armas do Sporting 2017/18.

"Nestes últimos anos, o Sporting tem um treinador com muito conhecimento na matéria, bom currículo e dados adquiridos, o que é uma mais valia. Nós tínhamos um treinador que não conhecia tanto o futebol português como o Jesus conhece, essa é uma realidade. O Bobby Robson estava lá há um ano e qualquer coisa. Agora, em termos de qualidade o Sporting desse tempo era superior a esta equipa", referiu Carlos Jorge.

Queiroz ainda conseguiu estar um longo período do campeonato sem qualquer derrota e a vencer larga maioria das partidas. O título estava à vista e os leões tinham uma grande oportunidade de conseguir reaver um troféu que lhes fugia desde 1982. Contudo, os jogos entre os três grandes foram determinantes, e nesse capítulo o Sporting foi o mais fraco ao perder todos os jogos disputados contra Benfica e FC Porto. Os encarnados até foram ao antigo Estádio José Alvalade vencer por 6-3, num jogo que ficou na memória de todos.

Paulo Sousa foi uma das principais figuras da equipa nessa temporada (António Cotrim/Lusa)

O campeão nacional acabou por ser o Benfica, com apenas mais dois pontos que o FC Porto e três que o Sporting, que ainda perdeu a final da Taça de Portugal para os dragões.

"À partida, as equipas têm de perceber que o campeonato acontece muito entre os três grandes. Se acontecer o mesmo este ano [perder todos os jogos com Benfica e FC Porto], o Sporting não será campeão. Perder com um grande faz com que a equipa se desmotive um pouco, enquanto ganhar faz com que a equipa fique mais forte psicologicamente", contou Carlos Jorge.

Este ano, o Sporting também está a começar de forma positiva. O registo, ao fim de cinco jogos, até é semelhante (13 golos marcados e quatro sofridos em 1993/13 golos marcados e três sofridos em 2017), mas o madeirense Carlos Jorge, que já viveu a experiência anterior, prefere não embandeirar em arco e até recorda que a formação verde e branca tem conseguido vitórias tangenciais, como aconteceu com o Vitória de Setúbal (1-0), Estoril-Praia (2-1) e, agora, Feirense (3-2).

"É sempre bom começar assim, com cinco vitórias. Agora, é preciso perceber a forma como o Sporting ganhou. Ganhou no limite, como ontem, por exemplo. Aquela vitória cai do céu. Apesar de ser um penálti que, na minha opinião, é bem assinalado, não vai acontecer todos os jogos. Da mesma forma que aconteceu com o Benfica, também. O Sporting está motivado e é sempre bom ganhar, mas não pode cair em excesso de vaidade porque há muito campeonato pela frente", finalizou.