Portugal
José Mourinho recorda conquistas europeias pelo FC Porto
2019-06-14 16:45:00
Técnico falou abertamente sobre o início da carreira

José Mourinho recordou, em entrevista à The Coaches' Voice, o início da sua carreira de treinador principal, que atingiu o auge com as conquistas europeias ao serviço do FC Porto, primeiro com a Taça UEFA e, no ano seguinte, com a Liga dos Campeões. O técnico português, que considera haver "um antes e um depois de Mourinho" para os técnicos portugueses, revelou que não teve medo de "mudar a direção" e a política de transferências dos 'dragões', de forma a fazer uma transição entre as duas competições. 

"A coisa incrível era, como eu trabalhava num clube que não tinha potencial financeiro para pensar em grande, comprar em grande e observar jogadores noutros lugares - o Leiria, claro - estava verdadeiramente ciente de muitos jovens talentos nas equipas menores. Não estávamos com medo de mudar completamente a direção do FC Porto, obtendo os melhores jogadores jovens nos clubes mais pequenos de Portugal. Não comprámos um único jogador por milhões, ou de um clube de tipo. Todos eram jovens, estavam com 'fome', motivação e desejo", explicou Mourinho. 

"[Final da Taça UEFA]. A minha maior dúvida era como aquele grupo de jogadores ia enfrentar a atmosfera de uma final europeia. Tentei analisá-los desde o momento em que aterrámos em Sevilha. (...) Apenas o meu guarda-redes [Vítor Baía] tinha disputado uma final europeia antes daquela. (...) Eu senti que eles reagiram da melhor maneira possível. Percebi imediatamente que os 'rapazes' estavam prontos", continuou. 

"Estávamos a ganhar 1-0, eles empataram, depois fizemos o 2-1, eles empatam novamente e aí o prolongamento é que é difícil. Mesmo para nós, do lado de fora, é difícil, porque uma final é, na maioria das carreiras, especialmente em Portugal, algo de agora ou nunca. Achas que é uma ocasião única, estávamos longe de imaginar que, 12 meses depois, estaríamos a jogar uma final da Liga dos Campeões. Olhámos para aquele jogo [final da Taça UEFA] como o jogo das nossas vidas, das nossas carreiras", defende Mourinho. 

"Muitos anos depois, digo o mesmo: às vezes, o melhor investimento que podes fazer é manter os melhores jogadores. (...) No FC Porto, nessa época, toda a gente ficou. Deco, Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Nuno Valente, Maniche, todos ficaram para o ano seguinte. Foi apenas uma questão de repensar a equipa para o salto para a Liga dos Campeões, porque sabíamos que íamos jogar contra as melhores equipas. (...) A grande diferença é que na Taça UEFA considerávamos que éramos uma das melhores equipas. Na Liga dos Campeões não éramos. Enquanto que na Champions apanhámos logo o Real Madrid na fase de grupos e depois o Manchester United, na Taça UEFA apanhámos uma equipa da Polónia, outra turca e depois a Lázio e o Celtic. Mas a Champions é a Champions. Sabíamos que não éramos os melhores. Tínhamos de pensar o nosso jogo. Muitas pessoas pensam que o talento é a única forma de vencer jogos, mas também há o lado estratégico. Às vezes é preciso isso", rematou.