Portugal
José Mota: "Dá gozo treinar um jogador como o Ricardo Horta"
2018-03-21 16:00:00
Atual treinador do Aves lançou o avançado na primeira Liga ainda com idade júnior ao serviço do Vitória de Setúbal.

Sete golos nos últimos cinco jogos elevaram Ricardo Horta à condição de estrela maior de uma das equipas sensação do momento no campeonato nacional, o SC Braga. O avançado formado maioritariamente no Benfica e que no início desta época foi contratado em definitivo pelas arsenalistas após empréstimo do Málaga CF já é o melhor marcador português da Liga, com 10 remates certeiros, a par do colega de equipa, Paulinho. O início de 2018 assiste, desta forma, ao renascer de um jogador que, aos 19 anos, dias antes de completar os 20, foi chamado por Paulo Bento pela primeira vez à Seleção Nacional, depois de ter sido lançado por José Mota ainda com idade de júnior na equipa principal do Vitória de Setúbal, a 7 de abril de 2013.

"O Ricardo Horta merece tudo o que de bom lhe está a acontecer. É um jogador com o qual se pode contar em todos os momentos. É humilde, responsável e cria bom ambiente num grupo de trabalho", afirma José Mota ao Bancada, sublinhando: "Dá gozo treinar um jogador como o Ricardo. Tem tudo o que um treinador gosta."

O atual técnico do Desportivo das Aves não esqueceu, aliás, o momento em que apostou no agora avançado do SC Braga, então ao serviço do Vitória de Setúbal. "Era ainda júnior, mas senti que tinha capacidade e na altura apostei nele. Lembro-me que foi num jogo com o Rio Ave. E não foi só ele, também o Rúben Vezo e o Frederico Venâncio vieram trabalhar comigo."

José Mota define Ricardo Horta como um jogador "inteligente, rápido, desinibido, com qualidade técnica e forte no um contra um". "Foi uma aposta para ser ganha", frisa, acrescentando: "Transmiti-lhe sempre confiança e ele retribuiu, transmitindo também confiança no sentido de que poderia acreditar nele." Neste contexto, o técnico, de 54 anos, não deixa de mostrar felicidade face ao sucesso que o jogador está a ter. "Fico feliz. Muito feliz. Falo algumas vezes com o Ricardo e estou feliz por ele. É gratificante ver um jogador em quem apostamos ter sucesso."

José Mota é reconhecido como um dos treinadores que mais jovens jogadores tem lançado no futebol português. "Felizmente quase todos os adversários que defronto têm jogadores em quem apostei, jogadores que lancei. Sinto da parte deles que também me respeitam muito e isso é gratificante. Se calhar, como vocês jornalistas costumam dizer, sou o treinador que mais jovens lançou na primeira liga."

O melhor período de Ricardo Horta coincide com o melhor período do SC Braga na temporada. "Todos os jogadores estão de parabéns e não só eu. A equipa tem feito um grande trabalho e a prova são estas seis vitórias seguidas", afirmava o dianteiro, de 23 anos, após a expressiva vitória em Chaves por 4-1. 

Face ao momento de forma que atravessa, falar de Seleção para Ricardo Horta voltou novamente a ser plausível, embora o jogador prefira relativizar a questão. "Seleção? Já lá estive... Mas não penso nisso, estou focado apenas no SC Braga." O coletivo sempre foi visto pelo antigo jogador do Benfica, que despontou na primeira Liga ao serviço do Vitória de Setúbal, como prioridade, mas também no sentido de ser um meio para atingir as metas de cariz mais individual. Atente-se nas declarações que efetuou quando em julho era apresentado como reforço, em definitivo, dos bracarenses, até 2022. "As ambições passam por fazer uma boa época a nível coletivo, porque, depois, a individualidade destaca-se e é isso que eu desejo. Espero que seja uma época à Braga e acho que temos todas as condições para o conseguir. Espero ajudar o clube e evoluir porque sou um jogador muito jovem. Acredito que vamos dar uma grande resposta."

De resto, já na altura, Ricardo Horta dizia que o seu estilo de jogo encaixava no idealizado pelo treinador do clube da cidade dos arcebispos, Abel Ferreira. "Todos juntos vamos fazer uma grande época. Já deu para ver as ideias do treinador e acho que encaixam bem no meu estilo de jogo. Deu para ver como jogava a equipa B, tinha uma boa organização e um futebol muito ofensivo."

Os números são esclarecedores. Ricardo Horta está a efetuar a melhor temporada da carreira. Ainda estamos em Março e o avançado já soma mais golos do que em toda a época passada, durante a aqual fez nove remates certeiros em 44 desafios. Ao bisar em Chaves no último domingo o jogador  que terminou o processo de formação no Vitória de Setúbal depois de quatro temporadas no Benfica, alcançou os 11 golos em 36 encontros realizados.

Além do número total de golos, a última série de jogos é igualmente histórica. Em cinco encontros, Horta apontou sete golos, um registo sem precedentes na carreira. Nesses cinco jogos em que marcou de forma consecutiva, o camisola 21 deu os triunfos à equipa de Abel Ferreira nas receções ao Olympique de Marselha e ao CD Tondela, tendo bisou ainda nas goleadas aplicadas a Estoril (6-0) e GD Chaves (4-1). Ricardo Horta foi utilizado em 36 jogos até agora, contabilizando um total de 2169 minutos, correspondentes aos tais 11 golos, dez na Liga e um na Liga Europa.

Formado maioritariamente no Benfica, o camisola 21 dos bracarenses foi ainda júnior para o Vitória de Setúbal na temporada 2012/13. Fez seis jogos na equipa principal, com José Mota no comando técnico dos sadinos e foi o atual treinador do Desportivo das Aves que apostou incondicionalmente na sua utilização na época seguinte, durante a qual se afirmou como titular, contabilizando 36 jogos, correspondentes a sete golos. Despertou, então, o interesse dos espanhóis do Málaga CF, onde esteve durante duas temporadas com o registo de 37 jogos e três golos na primeira e de 19 jogos, na segunda, sem qualquer remate certeiro. É então que vem emprestado para o SC Braga na época 2016/17, tendo feito nove golos em 44 jogos, estando agora vinculado em definitivo aos arsenalistas, na companhia do irmão mais novo, André Horta.

O ponto mais alto da ainda curta carreira de Ricardo Horta teve lugar a 7 de setembro de 2014, oito dias antes de completar 20 anos, quando registou a primeira e única internacionalização, ao substituir William Carvalho aos 56 minutos da derrota averbada pela Seleção Nacional, em Aveiro, diante da Albânia (0-1), após a qual Paulo Bento saiu do comando técnico, ainda no início da caminhada para o Euro... 2016, no qual Portugal acabaria por sagrar-se campeão da Europa.

O ÚLTIMO GOLO DE RICARDO HORTA