Portugal
"O Jordão despediu-se de mim anteontem. Pediu-me para cuidar dos filhos dele"
2019-10-18 15:05:00
O relato emocionado de José Eduardo sobre a morte do "irmão"

Habituado aos comentários, José Eduardo sente-se "demasiado triste" para falar sobre a morte de Jordão, que era "como um irmão" para o antigo colega de equipa.

José Eduardo optou por escrever um testemunho partilhado pelo Expresso, no qual revela a derradeira conversa que teve com Jordão.

"Ele despediu-se de mim anteontem. Aos filhos dizia que iam passar o Natal juntos, na neve. A mim ele dizia o que se passava. Quando cheguei junto dele, puxou-me, abraçou-me e pediu para continuar a cuidar dos filhos dele. Disse-lhe que não merecia que isto lhe tivesse acontecido. Depois, beijou-me", relatou.

O ex-atleta explicou que a doença que vitimou Jordão "não foi detetada a tempo". Foi uma necrose "rara" do coração, "em que este começa a ficar encortiçado", e que afeta "sobretudo os africanos".

E Jordão era "um africano puro que nasceu para o desporto".

"Adorava futebol e todas as semanas ligava-me para falar do Sporting, para dizer que este tinha jogado bem, aquele não", salientou.

José Eduardo revelou ainda que o "irmão" se preparava para escrever uma mensagem de agradecimento aos adeptos, que recentemente lhe dedicaram uma tarja.

"O Jordão tinha uma personalidade fantástica, era genial, único, com pensamentos profundos e difíceis", garantiu.

E divulgou "um episódio caricato", ocorrido há anos num campo de golfe em Cascais.

"Ele vira-se para mim e diz: 'Olha, sabes o que a gente devia fazer? Abrir uma galeria de arte!'. Respondi-lhe que fazia todo o sentido, eu como investidor, ele como artista. Mas havia um senão: ele que tinha de dar entrevistas. O Jordão disse logo: ‘Nem pensar nisso’. Fartámo-nos de discutir: eu perguntava-lhe como queria abrir um negócio e não queria que fosse divulgado? É o artista que tem de aparecer, não eu, dizia-lhe. Mas ele manteve-se irredutivel. Claro que no fim, como bons amigos, abraçámo-nos. Mas o negócio nunca avançou", narrou.

E ficou então a despedida final de José Eduardo: "O Jordão era muito sensível, genial, único. Repito: um irmão".

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