Portugal
João Carlos, o miúdo que encantou o Liverpool e não teve espaço no FC Porto
2018-07-27 15:30:00
João Carlos Teixeira é reforço do Vitória de Guimarães. Em 2012, deixou o Sporting pelo Liverpool e já passou no Dragão.

Foi formado no Sporting, regressou a Portugal pela porta do FC Porto, na temporada passada afirmou-se no SC Braga e agora segue-se o Vitória de Guimarães. João Carlos Teixeira fica sempre marcado pela ida para Inglaterra ainda em idade de júnior e tudo começou com duas grandes exibições frente ao clube que depois o contratou, ou seja, o Liverpool FC. Recuamos, então, até 2011, quando o jovem João Carlos se destacou pelos sub-19 do Sporting no NextGen Series (uma espécie de UEFA Youth League não oficial) e deixou ‘água na boca’ dos responsáveis do Liverpool quando defrontou os ingleses.

Mateus Fonseca era colega de equipa de João nas camadas jovens do Sporting e recordou esses encontros diante do Liverpool. “Lembro-me bem, [o João] fez um grande jogo em Liverpool e depois fez um grande jogo em Lisboa. Fez dois grandes jogos contra o Liverpool. A equipa toda esteve muito bem e o Liverpool tinha jogadores como o Sterling, Shelvey e o Coady que é agora o capitão do Wolves do Nuno Espírito Santo. Mas, o João destacou-se muito nesses jogos”, salientou, em conversa com o Bancada, o jogador do Casa Pia.

Na época seguinte, João Carlos fez as malas e partiu à descoberta de Terras de Sua Majestade, uma aventura que não começou da forma que esperaria. “Ele ficou muito empolgado, são propostas que não se podem recusar. Um clube tão grande como o Liverpool, ele ficou muito feliz. Infelizmente, no primeiro mês ele teve logo uma lesão que afetou um bocado a adaptação”, recordou Mateus Fonseca. Nessa primeira temporada na cidade que viu nascer os Beatles, o jovem português realizou 20 partidas pela equipa sub-23 dos ‘reds’. No entanto, desde aí que nunca conseguiu afirmar-se entre as promessas do clube. “Depois acabou por nunca ser aposta dos treinadores, mas acho que ele cresceu muito nesses anos em Liverpool”, considerou Mateus. A verdade é que a época em que mais minuto somou foi em 2014/15, quando esteve por empréstimo ao Brighton & Hove Albion, no segundo escalão.

Foram precisamente os 35 jogos e seis golos que fez com a camisola do Brighton que fizeram com que tivesse a oportunidade de realizar sete compromissos oficiais pela equipa principal do Liverpool em 2015/16. “Depois da época que ele fez no Brighton, em que fez muito bons jogos e golos, ganhando vários prémios, podia ganhar o seu espaço no Liverpool”, referiu Mateus, amigo próximo de João Carlos, que explicou ainda algumas das razões pela qual a aventura do médio no Liverpool não resultou na perfeição. “O treinador via o João a jogar mais na linha, que na minha opinião não é a posição dele. E nessa posição estava o Philipe Coutinho, que estava em grande forma. Foi aí que apareceu o FC Porto e ele não pensou duas vezes.”

Em 2016/17, João Carlos deixou para trás o Liverpool e seguiu para o FC Porto, mas no Dragão não conseguiu encontrar o espaço ideal para somar minutos e ganhar experiência ao mais alto nível. No total, o médio português foi titular nas escolhas de Nuno Espírito Santo em apenas um jogo para a Taça da Liga e jogou na condição de suplente utilizado em nove ocasiões. “No FC Porto faltou a oportunidade. Um jogador que não tem oportunidades, não sente a confiança do treinador. Depois torna se muito difícil mostrares a tua qualidade, como ele mostrou no SC Braga”, apontou Mateus Fonseca. A verdade é que no Minho, na temporada passada, cedido pelos azuis e brancos, João Carlos já conseguiu demonstrar futebol de qualidade e foi um dos elementos de destaque da turma de Abel Ferreira.

Quem é então o João Carlos que se prepara para ser mais uma opção para Luís Castro no Vitória de Guimarães.  Os vimaranenses podem esperar um “tipo animado, que fala com toda a gente. Ele gosta é de falar e palhaçada. É um bom colega”, de acordo com Mateus Fonseca. É precisamente nesta senda que recordamos um episódio caricato da carreira de João Carlos, com o relato a cargo do amigo Mateus. “Quando éramos sub-16, tivemos dois jogos em Chaves contra a Suíça pela Seleção Nacional. Na altura o treinador era o Emílio Peixe. Tínhamos uma palestra antes do almoço, por volta do 12h15/12h30. Quando chegou a essa hora, nada do João, ninguém sabia dele. Ligávamos para o quarto e não atendia. Depois, fomos ao quarto e estava ele a tomar banho de banheira, relaxado. Tinha-se perdido nas horas... quando chegou ao pé do mister Peixe, estava todo vermelho.”