Portugal
Já vos contaram a história do dragão chamado Alex?
2018-12-07 22:45:00
No final, temos uma nota tão ou mais importante do que o futebol.

O FC Porto venceu o Portimonense, por 4-1, nesta sexta-feira, num jogo que, por incrível que pareça (dado o resultado), trouxe uma equipa algarvia que estudou bem o FC Porto. Estranho? Talvez. Já explicaremos isto.

Antes das nuances táticas - algumas importantes neste jogo -, começamos por um destaque individual. Vamos contar uma das mais belas histórias que aí anda. É a história do dragão chamado Alex. Alex Telles. Um rapaz que faz, por cá, o que poucos fizeram na história do futebol português. Sim, na história. Este jogo voltou a provar que aquilo que Alex Telles faz nas bolas paradas é algo raro no futebol europeu e poucos fazem isto como ele faz. Houve tremendos marcadores de bolas paradas no futebol português e há muitos no futebol europeu, mas este já ganhou direito a ser caso raro e entrar nessas elites. É inacreditável a forma como o brasileiro bate forte, tenso e bem direcionado. Muita, muita qualidade a bater. Nenhuma destas valências é descurada e elas saem todas como devem sair. É "só" alguém colocar lá a cabeça. Hoje, para além de valerem o canto para o 4-1 (Marega) que descansou definitivamente o FC Porto, valeram o 1-1 (também Marega) que permitiu aos dragões não “panicarem” muitos minutos com o golo de Tormena, que colocou o Portimonense em vantagem, aos dez minutos.

E por falar em Portimonense: é estranho dizer que uma equipa que perde 4-1 foi perspicaz a ler o jogo? Sim, muito. Mas foi o que aconteceu. O FC Porto tem uma jogada-tipo que faz todos os jogos, vezes sem conta: um dos avançados baixa em apoio frontal, arrastando com ele um dos centrais adversários, e o outro – Marega, sobretudo – rompe na profundidade pelo espaço deixado livre pelo central arrastado. Hoje, trazendo um sistema de três defesas – que acabavam por ser cinco –, Folha conseguiu defender bem esta ideia trabalhada no FC Porto. Mesmo que um dos centrais fosse arrastado, o facto de haver um “líbero” permitiu sempre haver dobras. Mais: a equipa percebeu que não poderia jogar com a defesa muito subida, porque deixar profundidade é dar “docinhos” às motas do FC Porto. Para além disto, o FC Porto sempre pareceu lento e, sobretudo, incapaz de verticalizar e criar com qualidade – Brahimi fez um jogaço, mas o craque Óliver, hoje, foi um elemento a menos, acabando por dar lugar a Herrera, ainda na primeira parte. 

É curioso que, aos 16 minutos, foi a primeira vez que o bloco do Portimonense subiu claramente e… deu logo uma bola na profundidade à procura de Soares. O final da primeira parte trouxe um Portimonense a subir um pouco a linha defensiva, talvez sentindo maior incapacidade dos médios em “morder”. E o FC Porto começou a somar oportunidades de golo, mesmo sem ser brilhante.

Por falar em golo: na segunda parte, houve jogo desbloqueado em dois minutos. Primeiro, um lance de desatenção coletiva deixou Marega com espaço para servir Soares. Depois, uma falha individual – perda de bola de Nakajima (que craque) – deu um contra-ataque que Danilo, a servir, e Brahimi, a definir, aproveitaram na perfeição. Marega ainda “matou” o jogo, após o tal canto de Telles, e puff: de repente, assim quase do nada, um FC Porto algo morto e pouco criativo (Brahimi foi a exceção) conseguiu resolver um jogo para o qual a ideia do Portimonense era, na teoria, bem pensada.

A terminar, uma nota que vem no final, mas que é tão ou mais importante do que tudo o resto: os adeptos do FC Porto brindaram Jackson Martínez com a música que lhe cantavam quando o colombiano cá andava. Bravo. Tão bravo como o esforço de Jackson, que passou o jogo todo - mesmo na primeira parte - com visíveis esgares de dor.