Portugal
Ivo Vieira contra a norma: despromoção não afeta a carreira
2018-05-29 22:45:00
Técnico desceu de divisão com o Estoril Praia e vai continuar na Primeira Liga em 2018/19

Quando o Moreirense anunciou a contratação de Ivo Vieira para técnico da equipa principal na temporada que vai começar em agosto confirmou-se algo muito pouco comum no histórico recente da Liga. Isto porque não tem sido nada habitual ver treinadores que desceram de divisão com as respetivas equipas arranjarem emprego logo a seguir na Primeira Liga, começando assim a época seguinte no mais alto escalão do futebol português.

O treinador madeirense sucedeu a Pedro Emanuel e pegou na equipa do concelho de Cascais a meio da temporada. Apesar da subida de rendimento reconhecida por todos, os canarinhos não conseguiram assegurar a permanência na Primeira Liga e acabaram mesmo por terminar o campeonato na 18ª e última posição da tabela classificativa com os mesmos pontos do FC Paços de Ferreira e menos um que o Feirense, equipa logo acima da linha que define a despromoção. Ainda assim, o trabalho feito por Ivo Vieira no Estoril Praia convenceu o Moreirense a contratar os seus serviços para dirigir a formação minhota na próxima edição da Liga. Ainda assim, tal confiança depositada em treinadores que não conseguiram a permanência não é nada comum em Portugal.

A última vez que havia acontecido envolveu novamente o Moreirense. Em 2016/17, e apesar de apenas ter estado nos últimos cinco encontros da temporada, Manuel Machado era o líder do banco do FC Arouca quando o clube regressou à Segunda Liga. Em 2017/18, começou a época ao serviço do Moreirense, tendo saído ao fim de 13 jogos com apenas três vitórias. Curiosamente ou não, Manuel Machado também orientou o Nacional em 2016/17, temporada em que os insulares desceram de divisão.

Antes de Manuel Machado, nenhum treinador que levou a equipa a descer de divisão na Primeira Liga conseguiu emprego logo no verão seguinte para começar a época no mesmo escalão com outro emblema ao peito em quatro anos. A anterior ocasião em que se tinha visto isso acontecer foi em 2013 e com um protagonista que vai regressar à Primeira Liga em 2018/19: Costinha. O antigo jogador de AS Mónaco, FC Porto, Dynamo Moscovo ou Atlético Madrid substituiu Ulisses Morais como treinador do Beira-Mar em 2012/13, mas não conseguiu evitar que o emblema de Aveiro descesse de divisão para a Segunda Liga. Costinha foi, logo a seguir, contratado pelo FC Paços de Ferreira para a Primeira Liga.

O ex-internacional pela Seleção Nacional foi o mesmo o escolhido para dar a melhor continuidade possível ao fantástico terceiro lugar conseguido pelos castores na temporada 2012/13. Costinha e a equipa chegaram a disputar o play-off de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões contra os russos do Zenit, mas acabaram derrotados, seguindo para a Liga Europa. O início da época acabou mesmo por ser desastroso para o FC Paços de Ferreira e, por isso, Costinha deixou o clube em outubro. Vai agora voltar a estar presente nos melhores palcos do futebol português após sagrar-se campeão da Segunda Liga com o Nacional, clube onde vai continuar a trabalhar.

De resto, nenhum treinador para além de Manuel Machado e Ivo Vieira conseguiu fazer o mesmo que estes dois depois de Costinha. Augusto Inácio desceu o Moreirense em 2012/13 e entrou de seguida na estrutura diretiva do Sporting, o italiano Giuseppe Galderisi estava no Olhanense quando o clube algarvio foi despromovido em 2013/14 e não mais voltou a Portugal e Carlos Brito não regressou à Primeira Liga depois de descer com o Penafiel em 2014/15. Na mesma época, José Mota treinava o Gil Vicente que não assegurou a permanência e apenas voltou à Primeira Liga dois anos depois, enquanto Norton de Matos e Filipe Gouveia, técnicos das descidas de União da Madeira e Académica, respetivamente, em 2015/16, não regressaram ao principal campeonato. João de Deus, que desceu com o Nacional em 2016/17, rumou à Índia. Resta saber o destino de João Henriques, treinador que foi despromovido com o FC Paços de Ferreira em 2017/18.