Portugal
"Hoje sou conhecido como capitão do tetra". Luisão recorda histórias da carreira
2019-09-07 16:10:00
Ex-jogador do Benfica discursou na Universidade de Cabo Verde

Luisão faz parte da comitiva de Luís Filipe Vieira que está desde esta sexta-feira em Cabo Verde. Perante adeptos benfiquistas, o antigo capitão 'encarnado' discursou e recordou algumas das histórias mais marcantes da sua carreira. 

"Ser campeão exige muito sacrifício, rigor, disciplina, responsabilidade e, acima de tudo, caráter. O meu sonho começou aos 5 anos, descalço, na minha cidade (Amparo). Um dia, na inauguração da escola de futebol do meu pai, só apareci eu e ele. Frustrado, disse-lhe: ‘pai, não apareceu ninguém por isso vamos para casa'. Ele respondeu: ‘Pai sou em casa. Aqui, sou teu treinador. Por isso, começa a correr’. Foi ali que percebi que o nosso sonho não era uma brincadeira", começou por contar, citado pelo jornal 'Record'. 

Entre os sacrifícios da infância, onde ganhava 100 euros que enviava à família, Luisão revelou que poupava dinheiro para poder visitar a mãe. Até que um dia se enganou no bilhete e teve de pedir ajuda. 

"Na estação, vi uma senhora a passar e resolvi ir falar com ela; ela, assustada, escondeu a bolsa com medo de ser assaltada. Comecei a chorar, mas ela acabou por vir ter comigo e disse-me que acreditava na minha história. E deu-me o dinheiro que precisava para ir para casa. Este momento não reflete a importância do dinheiro em si. Em determinado momento das nossas vidas vamos precisar de ajuda… Por isso, nunca devemos ter vergonha de pedir ajuda e de ajudar", contou. 

Depois da passagem pelo Cruzeiro, onde recebeu uma "aula de humildade e respeito" de Luiz Felipe Scolari, que mais tarde o viria a convocar para a seleção brasileira, Luisão chegou ao Benfica, "um grande clube da Europa".

"Para sermos vencedores temos de saber lidar com a pressão e ter visão, estratégia e objetivos. Devo dizer que nunca competi contra ninguém: fui sempre eu contra mim mesmo. Queria ser uma pessoa melhor, um jogador melhor, um pai melhor e um capitão melhor. Coloquei o objetivo de ser o primeiro a chegar ao treino e o último a sair. Quando alguém chegava primeiro eu ia 10 minutos mais cedo, acrescentou. 

A lesão sofrida num braço, em 2016, motivou dúvidas quanto ao futuro do ex-internacional brasileiro, mas o central superou as dificuldades e viria a ajudar o Benfica a "conquistar mais títulos".

"As pessoas diziam que já não iria voltar a ser o mesmo. Isso mexeu connosco e um dia, ao chegar a casa, vejo a minha mulher a chorar. Resolvi tirar umas férias e levei toda a minha família. Eu ia treinar duas vezes por dia e não conseguia tirar uma coisa da cabeça: a minha mulher a chorar e as pessoas a dizer que já não voltaria a ser o mesmo. Mas o sonho só ia acabar quando eu decidisse. Tive a oportunidade de voltar, ajudei a conquistar mais títulos e hoje sou conhecido como capitão do tetra", rematou.