Portugal
"Há demasiadas testemunhas que têm de levar com processos-crime"
2019-12-09 18:00:00
Advogado de Bruno de Carvalho ameaça processar jogadores do Sporting com base no depoimento de Ricardo Gonçalves

Miguel Fonseca, advogado de Bruno de Carvalho, apontou a existência de "duas versões" contraditórias sobre o que aconteceu "no mesmo local, no mesmo dia, na mesma hora", referindo-se ao balneário no dia do ataque à Academia de Alcochete.

O causídico socorreu-se do depoimento do diretor de segurança da Academia, Ricardo Gonçalves, para apontar o dedo às "outras testemunhas", referindo-se aos oito jogadores do Sporting arrolados neste processo.

"Há demasiadas testemunhas que têm de levar com processos-crime em cima", ameaçou o advogado, citado pelo jornal O Jogo.

"Quero concretizar que, ou esteve um responsável de segurança no balneário naquele dia, ou estas testemunhas que temos estado a ouvir têm todas de ir presas, porque as duas coisas não são verdade. Tenho uma testemunha [Ricardo Gonçalves], que é paga para ser responsável por segurança, que me diz sob juramento que está num determinado sítio quando está a acontecer um determinado evento. As outras testemunhas todas [jogadores], que estiveram no mesmo sítio, ninguém o viu", explicou Miguel Fonseca.

Recusando tirar conclusões dos argumentos apontados, o advogado insistiu que "as duas versões não podem ser verdade".

"É óbvio que a memória está sempre a pregar-nos rasteiras, mas todas exatamente em relação à mesma coisa é impossível", reforçou.

O defensor de Bruno de Carvalho explicou ainda porque não há imagens do diretor de segurança no balneário, depois dos jogadores do Sporting terem testemunhado que não viram Ricardo Gonçalves no momento da invasão.

"Imagine-se que ate houve quem tivesse arranjado a narrativa de que alguém partiu um botão de alarme para fazer soar um alarme, quando toda a gente que vem a seguir diz que o alarme soa quando a tocha é acesa dentro do balneário, o que é óbvio, porque é para isso que serve o detetor de fumo", comentou.

Para Miguel Fonseca, "é impossível estarem todos a falar verdade", repetindo que "Ricardo Gonçalves tem uma versão" que é "completamente diferente" da apresentada pelos jogadores, "que estiveram no mesmo local, no mesmo dia, na mesma hora".

Já sobre outra declaração do diretor de segurança, que admitiu que "podia ter evitado as agressões aos jogadores", o advogado de Bruno de Carvalho manifestou compreensão.

"Também é certo, e aqui tenho de ser honesto, que ele também diz que teve uma perceção errada da situação. Honestamente, não me acredito que ele tenha achado que algum jogador fosse ser agredido", concluiu.