Portugal
Há coisa mais portuguesa do que uma bela família Silva?
2018-10-11 22:10:00
Puseram-se a jeito, mas safaram-se. E mereceram.

Se é para Portugal ganhar, é para ganhar à portuguesa. Um Silva, dois Silvas, três Silvas, todos em plano de destaque, na foto. Foi um trio de graça bem tuga que deu a vitória a Portugal, frente à Polónia, por 3-2. Portugal voltou a mostrar-se bem neste sistema e com estes jogadores, mas pôs-se a jeito. Oh se pôs. Mas acabou por correr bem e o triunfo foi merecido.

Em Chorzow, no sul da Polónia, não muito longe da bela Cracóvia, foi também bela a exibição de Portugal em algumas fases do jogo. A equipa portuguesa entrou bem na partida, novamente com um 4x3x3 que contemplou William a segundo médio - parece mesmo ser uma bela invenção - e, desta vez, Rafa no lugar de Bruma. Apesar da boa entrada portuguesa, quem marcou primeiro foi a Polónia, de bola parada, num lance em que o controlo aéreo de Patrício poderia e deveria ter sido bem mais eficaz.

A equipa reagiu bem e conseguiu aquilo que é suposto conseguir neste sistema e com estes jogadores: ter bola, fazê-la circular rapidamente – não pode ser descurada a importância de os passes saírem quase sempre tensos – e fazer correr os polacos, ora apostando em jogo interior, ora exterior (esta variedade é outra coisa nova). E há aqui um pormenor importante: de início, Portugal conseguiu fazer “dançar” o bloco polaco em largura, com Cancelo (que jogador!) e Mário Rui a darem muita profundidade. Mais tarde, André Silva começou a baixar em apoios frontais e, aí sim, o bloco polaco “dançou” também em profundidade, esticando a equipa e obrigando um dos centrais a ser arrastado para fora da sua zona. Aí, Portugal conseguiu encontrar ainda mais espaços, baralhar as marcações sempre algo individualizadas e ter várias ações de 2 contra 1. Ah! E ter muita gente em zonas de finalização, algo que tantas vezes tem faltado a esta seleção. Rafa surgiu muito mais em zonas centrais do que costuma fazer Bruma (frente à Itália, levou Portugal a procurar isolamentos no corredor, colocando o extremo com espaço para arrancar em velocidade em ações individuais).

Bom… mas chamem o Silva! Aos 32 minutos, Bernardo e Cancelo inventaram – inventar foi algo que fizeram durante todo o jogo – e Silva, o André, finalizou à ponta de lança.

Chamem o Silva, novamente! Aos 44 minutos, Rúben Neves quis inventar. Trocou a habitual saída no pé, a três, desde trás, por um tremendo passe longo – se não viu, vá ver – e isolou Silva, o Rafa. A meias com Glik, veio o 2-1.

Na segunda parte, a Polónia teve a paga por algo que fez várias vezes durante o jogo: recuperar passiva e lentamente à perda da bola. Portugal recuperou-a numa zona que até nem era particularmente adiantada, mas a passividade dos polacos, conjugada com a velocidade dos portugueses, deu uma coisa bem bonita. Jogada coletiva, com vários jogadores a tocarem na bola, e Silva, o Bernardo, no habitual movimento interior, finalizou de pé esquerdo, de fora da área. Belo golo.

Aqui, veio a tremedeira. Não que a Polónia estivesse avassaladora, mas estava a conseguir recuperar várias bolas em zonas ofensivas (houve alguma falta de cuidado em algumas saídas de bola) e ter posse no meio campo português, fazendo variar o lado do jogo com facilidade – Pizzi e William pareceram desgastados. O golo polaco acabou por surgir numa fase em que jogavam quase em 4x2x4. Curiosamente, na altura em que a Polónia deveria sufocar… Portugal controlou. A partir dos 83/84 minutos – coincidiu com a entrada de Danilo –, os jogadores portugueses fizeram o que deveriam ter feito há mais tempo: controlar o jogo com bola, fazer os polacos “cheirar” e ganhar faltas que ajudassem a passar o tempo. Renato também entrou bem no jogo. Portugal ainda poderia ter dado um chuto nos polacos, mas falhou três oportunidades de golo nos últimos minutos.

Puseram-se a jeito, mas safaram-se. E mereceram.