Há um caso sério sério no futebol português. O Santa Clara continua a surpreender no campeonato nacional, desta feita, ao vencer fora de portas o Desportivo de Aves, entrando num lugar de disputa europeia, com 14 pontos, mais um do que o... Sporting, que só este domingo entra em campo, em Alvalade, frente ao Boavista, e na próxima jornada vai aos... Açores. A equipa liderada por João Henriques funcionou plenamente enquanto coletivo, fruto de uma enorme personalidade e de uma atitude adulta, afundando ainda mais a equipa da casa na tabela classificativa, com somente quatro pontos averbados em oito jornadas.
Com André Ferreira na baliza em detrimento de Beunardeau, o conjunto liderado por José Mota entrou em campo disposta num 4x2x3x1, com Adoua e Vítor Gomes na zona central do terreno, mais recuados relativamente a Baldé, Fariña e Amilton, que jogaram no apoio mais direto a Derley, o homem mais avançado no relvado. Enquanto isso, João Henriques adotou um 4x4x2 com o capitão Rashid e Anderson no meio campo, Bruno Lamas e José Manuel como médios/extremos e uma dupla de ataque formada por Fernando Andrade e Stephens.
Os primeiros minutos indiciaram um Aves mais afoito com dois lances de perigo nos cinco minutos iniciais, ambos protagonizados por Amilton e Baldé. Este facto não atemorizou o Santa Clara, que se apresentou em campo de forma muito personalizada transmitindo a ideia de saber bem aquilo que pretendia. E aos 16 minutos ganhou mesmo vantagem no marcador, através de um livre direto marcado de forma irrepreensível por Bruno Lamas. Quando todos esperavam que fosse Patrick a bater a bola, acabou por ser o médio a rematar, em folha seca, deixando André Ferreira preso ao relvado. Estava inaugurado o marcador na Vila das Aves.
Sete minutos bastaram para o conjunto açoriano aumentar a vantagem, novamente através de um lance de bola parada. Na cobrança de um pontapé de canto, Patrick colocou a bola na cabeça de César, que atirou a contar perante a incredulidade de José Mota que, de um momento para o outro, se viu a perder por dois golos de diferença.
O Santa Clara adotou depois uma atitude bastante adulta, personalizada, soube ter bola e suster um previsível ímpeto do Desportivo das Aves. E a verdade é que foi a equipa forasteira a desfrutar do lance de maior perigo com André Ferreira a sair dos postes e a evitar o golo de Fernando Andrade. Basta, aliás, dizer que o guarda-redes açoriano pouco ou nada teve de fazer ao longo dos primeiros 45 minutos, com José Mota a tentar agitar as águas ao fazer sair Fariña, apostando na entrada de Nildo Petrolina antes de chegar o intervalo.
A segunda parte trouxe um Desportivo das Aves mais dominador perante um Santa Clara mais expectante, mas que nunca deixou de ser acutilante, pese embora a diferença de dois golos no marcador. A equipa de João Henriques soube preencher bem os espaços e só à passagem da hora de jogo é que o Aves desfrutou de uma clara oportunidade de golo com César a revelar-se providencial e a evitar o remate certeiro do conjunto da casa por intermédio que Bruno Gomes, que entretanto havia entrado em substituição de Nélson Lenho, numa aposta mais declarada de José Mota no ataque.
O treinador do Desportivo das Aves ainda fez sair o médio mais recuado (Adoua), apostando no lançamento de Braga, mas a verdade é que o Santa Clara conseguiu manter os acontecimentos controlados até perto da dezenas de minutos finais. O domínio da equipa da casa acabou por ser mais consentido pelos forasteiros, do que pela força de ataque dos avenses. Até que aos 80 minutos, já numa fase de desespero do Aves, Derley reduziu para 1-2. Mas tão importante quando isso, foi a expulsão de Fernando Andrade. O Santa Clara viu-se forçado a disputar os derradeiros minutos reduzido a dez elementos, mas ainda assim, soube ter a serenidade necessária para aguentar o sofrimento final, num jogo que teve um arbitragem segura de Fábio Veríssimo.