Portugal
Gelson Dala, o “miúdo de bairro” com um amor incondicional pelo golo
2017-10-08 16:40:00
Bancada faz viagem até às origens de Gelson Dala, que pode estar prestes a ter a oportunidade como titular no Sporting

Apontado à titularidade no Sporting para o próximo jogo (ARC Oleiros, Taça de Portugal), fruto da onda de lesões no setor ofensivo da equipa, Gelson Dala tem assim a oportunidade de dar a conhecer aquilo que o fez chegar a Portugal, a combinação da primazia na finalização com capacidade técnica num “miúdo que é de bairro”, mas cujo potencial poderá levá-lo a voos bem altos. Nos ‘leões’ desde a segunda metade da época passada, o jovem angolano tem feito do amor pelo golo a característica que mais define o futebol que exibe dentro das quatro linhas.

Com apenas um jogo realizado pela equipa principal, 20 pelo conjunto secundário, o que pode oferecer Gelson Dala a este Sporting? Daúto Faquirá foi o treinador que o lançou no futebol sénior, apenas com 17 anos, e descreve-o como um avançado completo. “O Gelson é um jogador objetivo, também muito forte em termos emocionais, psicológicos, estável, frio. Ele tem golo, não é normal um miúdo que chegou em janeiro e foi logo o melhor marcador da equipa B do Sporting. Na semana passada fez três golos, na época transata também fez hat-tricks com facilidade. É muito dotado tecnicamente, bom de cabeça e com os dois pés, qualidades que não são fáceis de encontrar”, salientou o técnico em conversa com o Bancada.

Numa viagem às origens de Gelson Dala é percetível que o jovem avançado não desperdiça as oportunidades que lhe têm surgido na carreira, tal como é a que poderá estar por chegar, com a onda de lesões que afeta atualmente o setor ofensivo do Sporting. Mas, é agora o momento para recuarmos alguns anos… e quem melhor para falar sobre o início futebolístico de Gelson Dala do que o treinador que o lançou nos seniores do 1.º de Agosto? Pois bem, Daúto Faquirá recordou ao Bancada a forma como o atacante ganhou um lugar a titular, apenas com 17 anos.

“Alguns miúdos da equipa de juniores treinavam connosco e faziam os jogos de um campeonato de reservas que havia. Depois, houve um momento em que o nosso avançado, o Guilherme Afonso, aleijou-se e ele fez os restantes jogos. Já se percebia que tinha um grande potencial”, referiu o treinador ao destacar a reta final do Girabola de 2013.

Jacinto Muondo Dala de nome, mas sempre chamado de “Gelson” por Daúto Faquirá, cedo foi observável o potencial do jovem avançado, que desde logo se destacou entre os demais. “Era um miúdo do qual já se percebia que tinha condições diferentes dos outros. Ele já se distinguia nos treinos, percebia-se que tinha muito faro pelo golo, muito bom tecnicamente”, atestou ainda o treinador. “Miúdo de bairro” que é, foi o ‘mítico’ futebol de rua que deixou traços vincados naquilo que Gelson Dala exibe em campo. Tanto até que não teve o normal percurso de camadas jovens, frequente do desporto rei nos dias que correm. “Ele começou a jogar futebol federado já tarde. Quando começou connosco tinha 17 anos, mas jogava futebol em clube há pouco tempo. Até lá jogava o futebol de rua…”, revelou Daúto Faquirá.

Tal era o semblante de potencial futebolístico que envolvia Gelson Dala que isso levou a que o próprio treinador desse a conhecer o protótipo de jogador que tinha em mãos a Portugal. "Quando estivemos a fazer um estágio cá em Portugal, em 2014, cheguei inclusive a falar com algumas pessoas, treinadores de equipas de cá, para repararem no Gelson. Aquilo que ele mostrava fazia perceber que era um talento tremendo, muito ‘frio’ no jogo. Não é nada que não se perspetivasse”, referenciou Daúto. A verdade é que o jovem atacante angolano, já com 18 internacionalizações pela seleção, chegou mesmo ao futebol português, pela porta do Sporting, com números impressionantes desde janeiro deste ano pela equipa secundária: 16 golos em 20 jogos.

A história do nome errado que terminou em jogos de penalização

Gelson Dala surgiu na primeira equipa do 1.º de Agosto no final de 2013 e quando tudo previa que permanecesse entre o lote de opções principais, tal situação não aconteceu. Porém, não foi devido ao rendimento desportivo. Daúto Faquirá recordou a caricata situação do jovem angolano estar inscrito pelo clube com um nome errado, situação que resultou em jogos de suspensão fora dos relvados, que em muito ‘castigou’ a equipa.

“No início do Girabola em 2014, o Gelson Dala teve um problema na inscrição, porque estava inscrito com um nome que não era o dele. Houve alguns problemas de catástrofes naturais na casa dele quando era miúdo, então quando o matricularam na escola fizeram-no com os documentos do irmão. Foi penalizado, não podia jogar, nem no Girabola nem nas competições da seleção. Depois, apresentou os documentos e a situação resolveu-se. Fomos muito penalizados por não ter o Gelson nesse momento, porque apostámos tudo nele”, lembrou o treinador.