Portugal
Formação "é uma lógica de uma linha de montagem", explica António Carraça
2020-02-13 22:35:00
Ex-diretor do Benfica avisa que venda de jogadores continua a ser "inevitável" para os clubes portugueses

António Carraça, que foi um dos principais responsáveis do projeto de formação do Benfica, avisou que os clubes portugueses vão continuar a depender por "muitos anos" das receitas com venda de jogadores.

Ao participar num programa do Canal 11, o ex-diretor das águias considerou que a venda dos jovens talentos "é inevitável" para o futebol português.

"Nesta economia de mercado em que o futebol português está inserido, para um país de dez milhões de habitantes e comparando com as grandes ligas europeias, essa situação é inevitável", começou por argumentar.

A realidade "transformou-se" e, se a principal fonte de financiamento dos clubes nacionais eram as receitas televisivas, agora passam por "formar jogadores de uma forma repetida e consolidada".

"É uma lógica de uma linha de montagem", insistiu António Carraça.

O Benfica é, nos últimos anos, quem mais tem lucrado com a venda de jogadores provenientes da formação. Só João Félix rendeu 120 milhões de euros, o que levanta a questão: se o dinheiro 'entra', porque não se retém o talento?

"Cada vez mais, o futebol profissional é uma indústria, com regras claras e objetivos definidos. É inevitável, os nossos clubes não têm capacidade para reter jogadores porque necessitam dessas receitas", explicou o ex-dirigente.

A estratégia das águias passa agora por, com essa receita das vendas de jogadores, comprar outros "de qualidade" – e apontou o exemplo de Weigl – para "complementar o trabalho" da formação "e alicerçar esses jovens jogadores" que sobem da formação.

"Para competirmos com os ‘big five’... ainda vai demorar muitos anos", concluiu António Carraça.