Portugal
Foi um sonho? Não, correu mesmo tudo bem ao Vitória
2018-08-11 20:20:00
Os sadinos receberam e bateram o Aves por 2-0 na primeira jornada da Liga

Era impossível prever que o Vitória de Setúbal fosse tão feliz na primeira jornada do campeonato perante um Aves que mudou pouco de uma época para a outra e que continuou com o mesmo treinador. Os sadinos, perante o seu público, foram melhores do primeiro ao último minuto, jogaram futebol de qualidade, podiam ter goleado e ainda beneficiaram de duas expulsões dos avenses, o que facilitou a tarefa. Tudo correu às mil maravilhas para Lito Vidigal, o novo técnico do Vitória que entra na Liga com uma exibição (quase) perfeita e que deixa os adeptos com boas perspetivas para o que aí vem. Do Aves não se pode dizer o mesmo, ainda que este não tenha sido um bom encontro para avaliar a qualidade da formação de José Mota.

O início foi fantástico para o Vitória. Numa das primeiras jogadas, Mendy descobriu Costinha com um passe delicioso e colocou o colega na cara de Beunardeau. Com a frieza necessária, Costinha rematou para o 1-0 que abriu a contagem do jogo e da equipa setubalenses na edição 2018/19 do campeonato. Mas rapidamente se percebeu que o objetivo não era ficar por aqui: cinco minutos depois, Mendy e Semedo - ambos de cabeça - estiveram muito perto do segundo golo no mesmo lance. Jorge Fellipe cortou uma das tentativas, enquanto a segunda saiu diretamente para fora.

Perante um Vitória rápido e com critério, o Aves não sabia o que estava a fazer em campo. Ao longo da primeira parte até foi capaz de conseguir equilibrar a posse de bola, mas eram muito raras as ocasiões em que chegava à área adversária com perigo e mesmo quando o fazia nunca finalizava de forma decente. Os verdes, por outro lado, atacava bem, abusando da ala esquerda (Zequinha deu muito trabalho a Rodrigo Soares) e com o ritmo a ser pautado por Rúben Micael. O médio não se destacou por remates perigosos, assistências mortíferas ou fintas vistosas, mas sim por ser o responsável da organização da equipa do Vitória, pegando na bola no meio-campo defensivo e definindo o que se fazia a partir daí.

Aos 32', o 2-0 só não apareceu mesmo porque Beunardeau fez a melhor defesa da tarde até então. Depois de Semedo colocar a bola na área do Aves, Zequinha cabeceou para uma intervenção fantástica do francês, que mostrou ter reflexos, velocidade e agilidade notáveis. O Vitória continuava por cima e uma das principais armas era a aposta nas transições rápidas no contra-ataque, muitas vezes com bolas longas, e, por vezes, ia criando ocasiões de perigo. Costinha, uma das figuras do encontro, foi um dos protagonistas ao longo dos 90 minutos. Pouco ou nada se vê do médio na maioria do jogo, mas sempre que aparece é com muito perigo em desmarcações nas costas da defesa.

Nildo Petrolina (E) e Mano (D) numa disputa de bola (Rui Minderico/Lusa)

O Aves precisava do intervalo para se (re)organizar e esperava que a segunda parte fosse bastante diferente, mas não estava a contar com a tentativa de agressão de Falcão a Costinha já em tempo de compensação que lhe valeu o cartão vermelho direto por parte de Hélder Malheiro, que ainda foi ver as imagens do vídeo-árbitro antes de enviar o brasileiro para o balneário mais cedo. Com menos um, José Mota viu-se obrigado a mudar os planos para a segunda parte. Se tinha na cabeça assumir o domínio da partida para chegar ao empate e, quem sabe, ao triunfo, teve de recuar a equipa. Assim sendo, o Vitória apresentou-se muito mais confortável que o adversário no segundo tempo, tendo a posse de bola e mantendo-se tranquilo na defesa, que na segunda parte mal teve trabalho.

Quem começou a aparecer nos segundos 45 minutos foi Cádiz. O avançado marcou golo aos 48', mas o lance foi (bem) anulado por fora-de-jogo, cabeceou ao lado aos 60' e, à terceira, chegou mesmo ao 2-0. Zequinha lançou uma bola de grande qualidade a partir da direita e o avançado venezuelano apareceu ao segundo poste para desviar para o fundo das redes e se estrear a marcar com a camisola do Vitória. Os três pontos eram cada vez mais uma certeza para quem foi ao Bonfim ou assistiu na televisão, mas passaram a sê-lo de forma definitiva aos 66'.

Já com um cartão amarelo, Jorge Fellipe cometeu uma falta perigosa sobre Zequinha e viu a segunda admoestação e a consequente ordem de expulsão. A decisão de Hélder Malheiro foi correta e aí, com nove jogadores, o Aves percebeu que já não ia conseguir evitar a derrota. Estava em desvantagem, a jogar consideravelmente pior que o Vitória e com menos dois jogadores; a recuperação era uma tarefa praticamente impossível. Tão impossível que o que esteve mais perto de acontecer até foi a goleada por parte do Vitória. Se Beunardeau já havia evitado um golo quase certo na primeira parte, voltou a fazê-lo ao tirar mais uma defesa brilhante da cartola quando Nuno Pinto bateu um livre direto com selo de 3-0.

Com naturalidade, o Vitória continuou a entrar na área do Aves e a criar chances de golo. Aos 75', Costinha (mais uma vez) cabeceou ao poste de Beunardeau e, aos 87', o recém-entrado Allef desviou com subtileza o cruzamento de Mano e a bola só não parou dentro da baliza porque, mais uma vez, embateu no poste. Quando a partida terminou, o Aves respirou de alívio e o Vitória festejou uma tarde muito feliz e um pontapé de saída de luxo para um clube que tem sofrido para continuar na Primeira Liga nos últimos anos.