Portugal
Foi justo? Sim, justíssimo
2018-02-04 21:05:00
O Sporting podia ter voltado à liderança da Liga, mas perdeu por 2-0 no terreno do Estoril Praia

O Estoril Praia tinha à sua disposição um autocarro pronto a estacionar, mas Ivo Vieira foi corajoso e obrigou a equipa a fazer manobras arriscadas. Sabia ao que ia e, mesmo assim, entrou para apenas e só para ganhar. Contra um Sporting esbanjador e desesperado, os canarinhos foram mais competentes e conseguiram um resultado onde a justiça é óbvia e clara.

Assim que o apito inicial foi dado, o Estoril Praia apresentou-se atrevido, pressionante e com um objetivo que estava à vista de todos: impedir ao máximo a construção do Sporting, que tinha como maior novidade a titularidade de Doumbia, o único ponta-de-lança. Assim que Rui Patrício se preparava para bater os pontapés de baliza, os jogadores do Estoril Praia não deixavam que o guardião jogasse com qualidade pelo chão. Desse modo, os leões perderam várias bolas quando avançavam para o ataque e viam os adversários partir em contra-ataque pelas alas, que estavam livres depois dos laterais avançarem para o jogo ofensivo.

Aos 7', o Estoril Praia já tinha batido seis pontapés de canto e dois deles resultaram em tentativas de golo olímpico que obrigaram a intervenções atentas de Rui Patrício. O Sporting conseguiu resistir ao ímpeto inicial dos estorilistas e começou a crescer. No ataque, com Bruno César à direita e Bruno Fernandes ao meio, a equipa de Jorge Jesus rematava muito, fosse por Acuña (15'), Doumbia (16') ou Bruno César (17' e 19'), mas foi precisamente na altura em que o Sporting estava melhor no jogo que o Estoril Praia marcou o primeiro.

Canto a partir da esquerda, Fábio Coentrão impede o golo à primeira tentativa cortando em cima da linha de golo mas, na recarga, Kyriakou rematou com a pontaria necessária para a bola entrar no único espaço livre na baliza cheia de jogadores leoninos. Festa na Amoreira e, logo a seguir, o 2-0, num lance em que toda a defesa verde e branca ficou a pensar que Ewerton estava fora-de-jogo. Manuel Mota concordou e não validou o golo, mas o vídeo-árbitro mudou a decisão e atribuiu o tento ao avançado brasileiro. Em poucos minutos, a vitória passou de provável para quase impossível para o Sporting, e tudo piorou perto do intervalo, quando Coates (43') e Bruno César (44') tiveram o golo nos pés e falharam de forma incompreensível.

Jorge Jesus sabia que alguma coisa tinha de mudar e substituiu Battaglia (que teve um duro duelo com Lucas Evangelista durante 45 minutos) por Fredy Montero e o Sporting voltou a ter oportunidades claras para regressar à discussão do resultado. O recém-entrado Montero foi impedido de marcar graças ao corte de Halliche e, aos 53', Renan afastou o cruzamento de Fábio Coentrão e Acuña rematou para Ailton desviar para canto com os pés. Já com Rúben Ribeiro em campo (saiu Bruno César), o clube de Alvalade teve outra chance de bom nível que terminou com novo remate de Acuña, mas para fora.

Apesar de estar a passar pelo período mais complicado da partida até esse momento, o Estoril Praia nunca jogou com toda a gente atrás da linha da bola. Sempre que podia, a equipa colocava a responsabilidade de sair a jogar em Lucas Evangelista, que cumpria (quase) sempre com distinção. Juntando isso ao desespero cada vez mais evidente do Sporting, o Estoril Praia foi recuperando a qualidade e até fez o 3-0, mas desta vez o vídeo-árbitro anulou o golo a André Claro. Foi a segunda decisão correta de Luís Ferreira, vídeo-árbitro destacado para esta partida.

Já sem qualquer estratégia implementada, o Sporting não incomodar o Estoril Praia até aos minutos finais. Aliás, foi o Estoril Praia, por intermédio de Bruno Gomes, que obrigou Rui Patrício a fazer duas defesas de bom nível. Só aos 89', num remate de Mathieu que Renan defendeu, é que o Sporting voltou a criar perigo. Aos 90+5', Montero até reduziu para 2-1, mas o golo foi anulado por fora-de-jogo em mais uma decisão acertada do vídeo-árbitro.

Com hipótese de regressar à liderança da Liga, o Sporting vacilou no Estádio António Coimbra da Mota e ninguém pode dizer que foi por falta de sorte ou por culpa da equipa de arbitragem. A culpa foi, isso sim, daquilo que o Sporting não fez e da exibição corajosa e de grande nível que o Estoril Praia apresentou aos adeptos no próprio estádio. A jogar assim, a permanência não será tarefa complicada para Ivo Vieira e os seus jogadores.