Portugal
Fejsa e Samaris em simultâneo não é garantia de segurança defensiva total
2018-04-16 18:30:00
Frente ao FC Porto, o Benfica voltou a ver um resultado piorar quando Rui Vitória tentou trancar as portas da equipa.

O FC Porto venceu ontem o Benfica por 1-0 com o golo de Herrera a chegar numa fase do encontro em que o Rui Vitória havia já colocado em campo Andreas Samaris, num possível sinal de satisfação com o resultado da Luz. Afinal, o 0-0 mantinha o Benfica na liderança da Liga Portuguesa com um ponto de vantagem sobre o rival. Uma estratégia frequentemente utilizada por parte de Rui Vitória de forma a tentar segurar resultados teoricamente positivos para o Benfica ou, em certos jogos mais complicados, de forma a tentar garantir uma solidez defensiva adicional. A verdade, é que ao longo da história conjunta de Samaris e Fejsa, tal como aconteceu este fim de semana na Luz, foram já alguns os resultados que pioraram ou terminaram negativos para o Benfica devido à utilização simultânea de Fejsa e Samaris por parte de Rui Vitória. Ou seja, nem sempre a estratégia de Rui Vitória dá os frutos desejados e não é um garante de estabilidade defensiva.

Só esta temporada, a utilização conjunta de Samaris e Fejsa, no Benfica, significou três resultados negativos ao Benfica. Rui Vitória utilizou os dois médios mais defensivos do Benfica como titulares frente ao Manchester United, resultado que terminou com a vitória do conjunto de José Mourinho, em Old Trafford, por 2-0. Também frente ao FC Basileia, Rui Vitória utilizou o grego e o sérvio em simultâneo numa altura em que o Benfica perdia por 4-0 com os suíços numa clara estratégia de “controlo de danos”. O Benfica, porém, acabou por sofrer mais um golo frente ao Basileia e saiu da Suíça goleado. Já frente ao FC Porto, quando Samaris entrou aos 74 minutos de jogo, Benfica e FC Porto estavam ainda empatados a zero.

Justiça seja feita a Rui Vitória, porém. Só esta temporada, Vitória recorreu a Samaris em outras sete ocasiões para, em conjunto com Fejsa, garantir uma maior solidez defensiva na manutenção de resultados favoráveis ao Benfica. Se em três dessas vezes o resultado se manteve inalterado, também é verdade que em quatro encontros da presente temporada, após a entrada de Samaris ou Fejsa em campo, o Benfica até avolumou o resultado. Aconteceu perante o Vitória SC em Guimarães, perante o SC Braga no terreno dos minhotos e também frente ao Portimonense e FC Paços de Ferreira nos terrenos adversários. No total do histórico de utilização conjunta de Samaris e Fejsa no Benfica (606 minutos num total de 33 encontros), a equipa encarnada conseguiu segurar o resultado em 19 ocasiões, avolumou-o em oito e registou derrotas ou uma diminuição da vantagem em seis deles. Ou seja, ter Fejsa e Samaris em campo ao mesmo tempo não é sinónimo de segurança defensiva total e por vezes, como diz o povo, o ataque é mesmo a melhor defesa.

“A perspetiva foi atacar de forma diferente. Pôr mais peso e robustez na zona central do terreno. Estava a vir o cansaço ao de cima e era fundamental ter ali mais robustez e atacar de uma forma diferente para um jogo mais longo e direto para o Seferovic, para ganhar uma segunda bola, mas, ao mesmo tempo, estarmos sempre salvaguardados na zona central. Os jogadores do meio acabaram por ter uma disponibilidade física grande, mas ao mesmo tempo muito cansaço, nomeadamente o Pizzi e o Zivkovic. Naquela altura era essencial reforçar a zona central. Reforçámos, mas foi com uma perspetiva de atacar de forma diferente, com um jogador mais robusto, ganhando mais bolas, depois saindo para dois avançados, Seferovic e Raúl, que têm esta apetência pelo golo, mantendo também a equipa contrária sempre de sobreaviso”, justificou o técnico encarnado, após o jogo, quando confrontado com a colocação de Samaris em campo.

Enquanto Sérgio Conceição procurou sempre soluções ofensivas para tentar vencer o jogo da Luz, Rui Vitória pareceu mais preocupado em segurar a vantagem pontual que em ampliá-la. Esta é, pelo menos, a ideia que fica do rescaldo do encontro por parte da análise de adeptos e comunicação social. Rui Vitória terá querido defender o empate e acabou a perder o jogo quando Herrera, em cima dos 90 minutos, disparou de fora da área para devolver a liderança da Liga ao FC Porto.

Desde que Andreas Samaris chegou ao Benfica em 2014/15 – Fejsa chegou na temporada anterior -, os dois médios mais defensivos do plantel encarnado já foram utilizados em simultâneo em 33 encontros, substituindo-se um ao outro em vários outros. Em 606 minutos que convergiram em campo, o Benfica apontou 13 golos e sofreu 8. Em 33 jogos, porém, Fejsa e Samaris só começaram três jogos como titulares ao mesmo tempo, tendo o Benfica registado duas derrotas e uma vitória nesses encontros e há jogos, em particular, cujos resultados diretamente relacionados, não com a colocação de ambos em campo em simultâneo, mas com o desfazer desse duplo pivot. Frente ao Besiktas, na temporada passada, por exemplo, quando o Benfica vencia em casa por 1-0 e após a saída de Fejsa, imediatamente o Besiktas chegou ao empate já em período de compensação. Já esta temporada, em Guimarães, depois de coincidirem 17 minutos em campo, altura que o Benfica passou de 1-0 para 3-0, a saída de um dos elementos mais defensivos do Benfica resultou no golo do Vitória que selou o resultado final em 3-1.

A utilização de Fejsa e Samaris, em conjunto, no meio campo benfiquista não é uma ciência exata nem é garantia de total solidez defensiva. A perda de pontos ou a perda de vantagens no marcador tem sido uma ocorrência pontual e dá voz aqueles que defendem que a melhor defesa é, por vezes o ataque e que o Benfica defende melhor quando o faz mais perto da área adversária.

Todos os jogos em que Fejsa e Samaris foram utilizados em conjunto no Benfica: