O FC Porto perdeu este domingo por um golo sem resposta em Paços de Ferreira naquela que foi a primeira derrota da temporada em jogos relativos ao campeonato e viu reduzida a vantagem que tem na liderança da Liga para somente dois pontos relativamente ao Benfica. Já a equipa da casa, depois de cinco derrotas consecutivas, exultou com o triunfo, que lhe permitiu atingir os 24 pontos e respirar um pouco na angustiante luta pela permanência no escalão maior do futebol português depois de uma exibição plena de garra, plena de querer, com um futebol de pressão sistemática sobre o adversário, à imagem do que tem sido o... FC Porto desta época.

Sem Herrera, Marega e Soares, foi um FC Porto transfigurado, em todos os sentidos, aquele que surgiu em Paços de Ferreira. A grande novidade de Sérgio Conceição passou pela inclusão de Waris, fazendo parceria com Aboubakar na frente de ataque. Ricardo Pereira e Digo Dalot foram os laterais eleitos, enquanto André André mereceu a preferência do treinador portista para jogar ao lado de Sérgio Oliveira no meio-campo, com Corona na ala direita e Brahimi no flanco oposto. Já João Henriques remodelou quase por completo o sector defensivo, composto neste jogo por João Góis, Rui Correia, Miguel Vieira e Filipe Ferreira. Assis teve Rúben Micael como parceiro preferencial com Pedrinho um pouco mais adiantado. Nas alas aparecerem Quiñones e Xavier no apoio mais direto a Luiz Phellype.

Os dragões, como seria de esperar, entraram dominadores, mas sem grande critério na definição, revelando muitas dificuldades em criar desequilíbrios, em criar lances de superioridade, perante um FC Paços de Ferreira, que se revelava criterioso, com bom tempo de saida para o contra-ataque. Neste cenário, perante um relvado ensopado, chuva e vento, o FC Porto só conseguiu criar perigo através da marcação de pontapés de canto. 

André André e Sérgio Oliveira revelavam dificuldades em assumir os cordelinhos do jogo para exasperação de Sérgio Conceição, que viu Miguel Vieira inaugurar o marcador ao minuto 34, respondendo da melhor forma a um cruzamento de Filipe Ferreira. Foi só depois de sofrer o golo que o FC Porto foi mais perigoso através de dois remates de Aboubakar e de um cruzamento rasteiro de Brahimi anulado por Mário Felgueiras, pese embora a falta de intensidade denotada.

Sérgio Conceição não perdeu muito tempo a tentar mudar o rumo aos acontecimentos. Fez sair Waris e apostou na entrada de Otávio, aos 54 minutos, e pouco depois da hora de jogo retirou André André de jogo, lançando Gonçalo Paciência. Não foram precisos mais do que cinco minutos para o FC Porto desfrutar da melhor ocasião do encontro. Bruno Paixão assinalou penálti por alegada falta de Rui Correia sobre Felipe, mas na conversão Brahimi rematou denunciado para defesa de Mário Felgueiras.

A última cartada de Sérgio Conceição passou pela saída de Corona que foi substituído por Hernâni. Era o tudo por tudo do treinador portista que, ainda por cima, via um Aboubakar perdulário, desperdiçando uma boa ocasião à entrada para o último quarto de hora.

O FC Porto passou a jogar com mais coração do que cabeça, apostou tudo no habitual "chuveirinho", mas só por uma vez esteve de facto perto de marcar com Hernâni a rematar ao lado. Curiosamente, acabou por ser da equipa da casa o lance de maior perigo. Em superioridade numérica, numa jogada de puro contra-ataque, Quiñones perdeu demasiado tempo e quando soltou para Xavier já era tarde.

Com todas as substituições para fazer, João Henriques aproveitou os derradeiros minutos para as efetuar e tentar quebrar o ritmo de jogo ao FC Porto. O treinador pacense acabou por ter sucesso na estratégia adotada, conquistou os três pontos e saiu da linha de despromoção fruto de uma exibição plena de entrega e de querer, de enorme solidariedade, perante um FC Porto amorfo, que denotou sempre grandes dificuldades em reagir.