Portugal
Ex-diretora executiva torna-se acionista da empresa que gere SAD do Aves
2020-05-21 23:00:00
Entrada de Estrela Costa reforça o papel do marido e administrador Wei Zhao

A antiga diretora-executiva Estrela Costa tornou-se na quarta-feira a nova acionista da empresa proprietária da SAD do Desportivo das Aves, confirmou hoje à agência Lusa fonte do último classificado da I Liga.

As negociações com o empresário brasileiro Luiz Andrade decorreram até ao final da semana passada, tendo em vista a aquisição de 10% de ações do grupo de investidores ‘Galaxy Believers’ detidas pelo antigo líder da sociedade anónima nortenha, que chegou a exercer funções idênticas no ‘secundário’ Vilafranquense até dezembro de 2019.

A transação foi escriturada na quarta-feira e faz com que Estrela Costa entre no capital da SAD do Desportivo das Aves, reforçando o papel do marido e administrador Wei Zhao na empresa ligada ao marketing desportivo, numa dupla que passa agora a deter 53,3% das ações e do poder de decisão sobre o futebol profissional do emblema da Vila das Aves.

Constituída em agosto de 2015, com 70% do capital na posse da ‘Galaxy Believers’, a sociedade anónima foi dirigida por Luiz Andrade até junho de 2018, antes de passar para as mãos do chinês Wei Zhao, que já era acionista maioritário do grupo de investidores, a par do compatriota Hongmin Wang, e ficou com 90% das ações da SAD.

Após a conquista inédita da Taça de Portugal, em 2017/18, os nortenhos fizeram história com a segunda manutenção consecutiva na elite, numa época em que assinalaram a estreia do escalão sub-23 com os títulos da Liga e Taça Revelação, mas têm atravessado uma série de contrariedades desportivas, diretivas e financeiras desde agosto.

O Desportivo das Aves pode perder dois a cinco pontos pelo atraso salarial verificado entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020, face aos 13 somados em 24 jornadas da I Liga, nove abaixo da zona de salvação, num conjunto de dívidas justificadas pela SAD com a paralisação da atividade económica na China, motivada pela pandemia de covid-19.

O processo seguiu da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) para o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) em 03 de abril e provocou as rescisões unilaterais do guarda-redes francês Quentin Beunardeau e do avançado brasileiro Welinton Júnior enquanto a SAD começava a liquidar parte das verbas.

Acusada pelo antigo dono da baliza avense de repor salários ao iraniano Mehrdad Mohammadi e a Welinton Júnior antes da derrota com o Sporting (2-0), em 08 de março, da 24.ª jornada do campeonato, Estrela Costa demitiu-se há dois meses em desacordo quanto à postura da ‘Galaxy Believers’ na regularização salarial de atletas e funcionários.

A empresa controla 89,9% do capital da SAD do Desportivo das Aves e os restantes 10% pertencem ao clube, liderado desde a temporada 2010/11 por Armando Silva e sem eventuais sucessores anunciados às eleições dos órgãos sociais para o biénio 2020/2022, que estavam marcadas para 09 de maio e foram suspensas devido ao novo coronavírus.

Depois de ter encerrado duas semanas de trabalho individualizado com uma bateria de testes negativos à covid-19, o plantel avense avançou na segunda-feira para treinos coletivos no relvado do estádio do CD Aves, que deve apresentar “um conjunto de correções” para receber os cinco jogos que restam até à conclusão da I Liga.

Na quarta-feira, logo após LPFP e FPF terem informado o resultado das visitas realizadas pelas autoridades regionais de saúde a 15 estádios candidatos a acolher o reinício da prova, suspensa desde 12 de março, Wei Zhao admitiu à agência Lusa que os nortenhos dependiam de “sinaléticas e tapetes desinfetantes” para jogar na Vila das Aves.

Alojado no terceiro e último patamar da LPFP, o recinto será reavaliado em breve pelas autoridades sanitárias para poder receber os embates dos avenses com o Belenenses SAD (25.ª jornada), o líder FC Porto (27.ª), o Moreirense (29.ª), o Vitória de Setúbal (31.ª) e o campeão nacional Benfica (33.ª e penúltima ronda).