Portugal
Este Benfica fez cócegas ao Bayern que até deixou Renato jogar
2018-09-19 22:50:00
Os alemães meteram o jogo no bolso e até o médio português fez os primeiros minuto da época

A ver se nos entendemos: não foi surpresa para ninguém ver um Bayern completamente dominador no Estádio da Luz. Talvez apenas os mais fanáticos adeptos benfiquistas esperassem um Benfica a controlar as operações, mas não foi isso que aconteceu. Os alemães fizeram o que quiseram e até se deram ao luxo de dar os primeiros minutos da temporada a Renato Sanches, que os aproveitou apenas após o intervalo. A equipa de Rui Vitória acordou os fantasmas europeus da época passada e mostrou uma enorme inoperância no último terço do terreno.

Rui Vitória havia dito no lançamento desta partida, que terminou com uma derrota para as águias (2-0), que não ia alterar os processos da equipa. A verdade é que o treinador dos encarnados não percebe que atuar contra estas equipas de craveira europeia é diferente de defrontar o Rio Ave, ou até mesmo o Vitória de Guimarães, equipas que recebeu e venceu  esta temporada na Luz. E a diferença é simples: não se pode dar espaços a jogadores como os que hoje jogaram pelo Bayern.

O Benfica recusa-se a baixar a primeira linha de pressão e, por isso, permite grandes espaços entre os seus setores. Ora, com executantes do calibre de James, Robben, Ribéry e Lewandowski é meio caminho andado para a desgraça, e foi isso mesmo que aconteceu. Sempre que os alemães passavam a primeira cortina de pressão encarnada era um “ai Jesus” cá atrás. Não fosse a ineficácia de Robben e o Bayern tinha ido para o intervalo com uma vantagem mais dilatada.

Ao contrário do que tem acontecido em grande parte dos jogos já realizados pelo Benfica, esta temporada, a elasticidade de Gedson hoje não apareceu e o meio campo das águias perdeu alguma capacidade para queimar metros em progressão.  É verdade que do outro lado estava uma equipa que, tal como alertou Rui Vitória, está habituada a ganhar e a ir longe nesta competição. Talvez, por isso mesmo, merecesse outra abordagem por parte do treinador benfiquista.

Os alemães nunca se sentiram verdadeiramente incomodados com as investidas benfiquistas, mesmo no período de maior ímpeto da equipa portuguesa, que foi, sensivelmente, entre os 30 e 45 minutos de jogo. Cervi ainda tentou um par de vezes, mas Salvio esteve muito abaixo do que tem feito nos últimos jogos do Benfica e Pizzi nunca se conseguiu agigantar diante do Bayern, como, aliás, raramente faz em jogos desta magnitude.

Não fosse alguma sobranceria alemã no seu reduto mais recuado, onde exagerou nas trocas de bola, acabando por oferecer algumas aos avançados contrários, e o Benfica poucas vezes teria pisado a área contrária, por isso a insistência nos remates de longa distância. Apenas cócegas, diríamos nós.

Ora, se quando estava 0-0 o Benfica nunca recuou a sua primeira linha de pressão, não faria sentido fazê-lo quando estava a perder 1-0. E como não o fez sofreu o segundo golo. Renato Sanches - que jogou os primeiro minutos da temporada em jogos oficiais - recuperou uma bola ainda perto da sua área e só parou na área adversária… para pedir desculpa aos adeptos benfiquistas pelo golo que acabava de marcar. O Bayern tinha o jogo no bolso e fez dele o que quis depois do segundo golo, estando sempre mais perto de marcar o terceiro do que sofrer o primeiro.

O Benfica acordou os fantasmas da temporada passada na qual terminou com zero pontos somados na fase de grupos da Liga dos Campeões. Os encarnados viajam até à Grécia para defrontar o AEK Atenas na próxima jornada, um local onde a equipa de Rui Vitória já foi feliz esta temporada, mas uma derrota aos pés do campeão grego e a vida europeia das águias pode complicar-se, mesmo que o treinador do Benfica queira esquecer o passado.