Conhecida por construir jogo de forma organizada e de pé para pé, foi, paradoxalmente, através do contra-ataque que o GD Chaves conseguiu dar uma “sapatada” na crise de resultados, conseguindo, finalmente, juntar a performance exibicional à primeira vitória da temporada. Num encontro em que até foi o Moreirense a entrar melhor, a pressão do fundo da tabela acabou por prejudicar, numa fase inicial, as ideias flavienses no processo ofensivo, mas quando o árbitro apitou para o final o marcador não poderia ser mais expressivo: 3-0 para a equipa de Luís Castro.

Depois de dez minutos iniciais de qualidade e com uma ou outra jogada de perigo junto à baliza contrária, o Moreirense viu o Chaves assumir as despesas do jogo, tendo mais bola e chegando-se, aos poucos, mais à frente no terreno. Aos 25 minutos, Davidson deu o primeiro aviso, atirando uma bola ao poste da baliza de Jhonatan. E foi o mesmo Davidson que viria a ajudar a inverter o rumo dos acontecimentos ao longo do encontro.

Em cima do minuto 45 e quando já todos esperavam que o jogo fosse empatado para o intervalo, a turma transmontana viu um penálti cair-lhe do céu. Davidson cruzou na esquerda e a bola bateu no braço de Abarhoun. João Pinheiro recorreu ao vídeo-árbitro e, depois de analisar as imagens, marcou penálti. Tiba não perdoou e o Chaves foi a vencer para o descanso. Uma vantagem que mudou completamente o encontro.

No segundo tempo, a equipa de Luís Castro entrou mais serena, deixou o Moreirense subir no terreno e depois lançou um venenoso contra-ataque à baliza adversária, sempre com Davidson e William – um verdadeiro gladiador, tanto a batalhar com os centrais, como a ajudar no processo defensivo - a intervirem nas jogadas. Bressan, aos 62’, fez o 2-0, após cruzamento de Davidson, e o próprio William, após assistência de calcanhar de Davidson, sentenciou o encontro aos 65 minutos.

Até final o Chaves limitou-se a gerir, acabando o Moreirense por ter mais remates, mas já em desespero. Os transmontanos conquistaram assim o primeiro e tão desejado triunfo da época, que os coloca no penúltimo posto, em igualdade com o Aves. Quem diria que o segredo para as vitórias da equipa de Luís Castro estava no contra-ataque.

Quanto a João Pinheiro, apesar de ter conseguido controlar a partida de forma eficaz, acaba por ter a atuação, inevitavelmente, marcada pela decisão no penálti que deu o primeiro golo ao Chaves. Se é verdade que Manuel Machado aceitou a decisão no final do encontro e muitos poderão considerar a ação do central do Moreirense faltosa, não deixa de ser menos verdadeiro que se trata de um lance duvidoso – o cruzamento é feito em cima, Abarhoun mexe o braço, mas fá-lo no movimento natural do corpo. E, segundo o protocolo, o vídeo-árbitro apenas deveria intervir em erros flagrantes. Se fosse esse o caso, João Pinheiro não teria tido um primeiro intuito de deixar seguir o lance e também não teria tido dúvidas em aceitar uma opinião vinda equipa do VAR, se é que eles mesmos a tiveram…