Portugal
É preciso ter paciência para esta equipa do SC Braga
2018-08-26 23:20:00
Foi preciso alguém se irritar para as coisas mudarem

É preciso ter paciência para esta equipa do SC Braga. Mas não é nesse sentido que está a pensar. O conjunto de Abel Ferreira apostou num jogo de paciência para conseguir derrubar a bem estruturada equipa do Aves, com constantes variações do centro do jogo, o que obrigava a equipa de José Mota a um esforço complementar para tapar todos os caminhos para a baliza de Beurnardeau. A verdade é que a paciência não estava a levar a equipa bracarense a coisa nenhuma e só depois do golo do Aves se viu algum sangue na guelra desta equipa que tanto se diz destinada a grandes voos. Mas já lá vamos.

O SC Braga entrou disposto num 4x4x2, onde Esgaio surgia sempre bem aberto no lado direito e com Ricardo Horta, no lado oposto, a fletir para o meio, o que deixava espaço para as subidas do lateral Sequeira. No centro do terreno estava João Palhinha, a cumprir a estreia como titular na equipa minhota, e João Novais, com a capacidade que se lhe reconhece de passe longo, o ideal para as variações rápidas de flanco. Na frente de ataque moravam Wilson Eduardo, mais móvel, e Dyego Sousa, mais fixo.

E foi assim que, durante grande parte da primeira parte, funcionou a partida. O SC Braga tentava desposicionar o bloco central do Aves com uma paciente troca de bola de um flanco para o outro e a verdade é que o conseguiu em algumas ocasiões, pecando apenas no momento de finalização. João Palhinha, por exemplo, falhou, solto de marcação, um cabeceamento à boca da baliza. Ora, este jogo de paciência só não resultou devido à falta de eficácia na hora de rematar à baliza, e numa equipa que anda sobre brasas, pode ser receita para a desgraça.

Zero a zero era o resultado ao intervalo. E a paciência começava a ser pouca. Não da equipa, mas da massa adepta guerreira, que tem sofrido alguns dissabores neste início de temporada. A Liga Europa já é história e a forma como o conjunto liderado por Abel deixou fugir dois pontos no Açores, frente ao Santa Clara, ainda está para ser explicada. É que não basta andar a gritar aos quatro ventos que o SC Braga se vai intrometer entre os grandes se não fizer por isso. É cedo, bem sabemos, mas um resultado que não a vitória, frente a Aves, e a paciência dos adeptos reduzia drasticamente.

Por isso, tentava-se perceber qual seria a postura, ou melhor, as dinâmicas do SC Braga no início da segunda parte, quando o Aves chegou ao golo, numa das poucas aparições junto da baliza de Mateus ao longo de todo o jogo - atenção que dizemos poucas, porque existiram. Ora, se a coisa estava complicada para a equipa da casa, pior ficou, certo? Errado. Completamente errado. O golo sofrido serviu de bálsamo à equipa minhota que perdeu toda a paciência depois do tento de Defendi.

O que se viu depois desse momento foi uma equipa com pressa em chegar à baliza adversária. Atenção! Nem sempre isto é sinónimo de se estar mais perto do golo, mas hoje foi. O SC Braga passou a ser mais vertical, Abel tirou Ricardo Horta, que esteve uns furos abaixo do que tem sido habitual, e colocou Fábio Martins, um agitador por natureza. E os resultados foram imediatos, na primeira vez que toca na bola, Fábio Martins envia-a com estrondo à trave da baliza de Beurnardeau.

A partir daí só deu Braga e os golos surgiram em catadupa. Wilson Eduardo fez o 1-1 aos 60 minutos com um remate de primeira, a fuzilar o guarda-redes francês. O empate durou, apenas, quatro minutos. João Palhinha fez o que não havia conseguido na primeira parte e cabeceou para o fundo da baliza de Beurnardeau. Estava consumada a reviravolta no marcador e as bancadas estavam agora mais pacientes com a equipa, até porque o futebol praticado pelo conjunto bracarense era fácil à vista.

O grito final surgiu com o salto vigoroso de Dyego Sousa ao primeiro andar, deixando Mama Baldé na cave, para fazer, de cabeça, o 3-1 final. O jogo estava resolvido e os três pontos iam ficar na Pedreira. O que fica desta partida é uma primeira parte onde foi preciso muita paciência para entender este Braga, que se irritou na segunda parte para fazer uns 30 minutos de grande afirmação. Assim talvez dê para “chatear” os grandes.