Portugal
Douglas visa a estreia e oferece mais ao Benfica a atacar do que defensivamente
2017-10-07 21:00:00
Douglas tem estreia à vista no Benfica, neste momento sem minutos somados em jogos oficiais pelos encarnados.

Com o castigo de dois jogos aplicado a André Almeida para a Liga dos Campeões, Douglas surge como a única opção natural para Rui Vitória na lateral direita do Benfica para os duelos diante do Manchester United. O jogador brasileiro tem que somar minutos nos futuros compromissos dos encarnados de forma a chegar a esses jogos com futebol nas pernas, tendo em conta que ainda não disputou qualquer encontro com a camisola do Benfica, desde que chegou à Luz no fecho do mercado de transferências. Ao invés de André Almeida, Douglas irá oferecer à equipa soluções com maior predominância ofensiva do que defensiva. Situação que poderá ter tanto de benéfica como de prejudicial...

Apontado à titularidade já para o jogo da Taça de Portugal, frente ao SC Olhanense, a 14 de outubro, Douglas não tem tido vida fácil na passagem pelo futebol europeu. Contratado pelo FC Barcelona ao São Paulo FC, em 2014/15, numa transferência que deixou meio mundo do futebol incrédulo, como contou ao BancadaPablo R. Guardado, autor no diário digital Asturies.com. “Não o vejo como um jogador para o FC Barcelona e surpreendeu-me que o Benfica o tenha contratado”, referiu. Desse mesmo semblante partilha Tauan Ambrosio, repórter e colunista do Goal.com. “Não era visto como um jogador que pudesse chamar a atenção de uma equipa como o FC Barcelona”, considerou ao Bancada. Luís Prates, colunista da ESPN do Brasil, corrobora a tese. “A reação da imprensa e dos adeptos no Brasil, na época em que o Douglas se transferiu para o FC Barcelona, foi de completa incredulidade. O mesmo vale para a ida para o Benfica.”

Na segunda metade da época passada, Douglas esteve ao serviço do Sporting Gijón, por empréstimo dos catalães, e na equipa das Astúrias realizou 23 jogos e apontou três golos. Números positivos, tendo em conta que fez apenas oito partidas no total pelo FC Barcelona. Assim também o considera Luís Prates, que salientou ao Bancada o facto de “os números do Douglas pelo Sporting Gijón terem sido surpreendentemente bons para quem tinha sido muito criticado no São Paulo FC e não tinha jogado no FC Barcelona.” Tauan Ambrosio também atestou o rendimento de Douglas em Gijón, que demonstrou uma maior eficiência ofensiva do que defensiva. “Conseguiu o ritmo de jogo que não tinha no Camp Nou e terminou a Liga espanhola 2016/17 como quinto defesa que mais golos fez [foram três], provando que o seu forte está mais nas chegadas ao ataque do que na defesa.”

Ora, a passagem pelo Sporting Gijón e o facto de aí ter somado minutos que ainda não tinha tido no futebol europeu demonstrou qualidades, mas também as debilidades no futebol de Douglas. Assim o apontou Pablo R. Guardado. “No Sporting Gijón, teve um trajeto irregular. É um jogador com boas qualidades técnicas, muito ofensivo, mas com muitas debilidades defensivas.” E quais são essas carências? O próprio autor do Asturies.com referiu-as. “Perde a posição muitas vezes e envolve-se mais a atacar do que a defender. Em equipas como o Benfica ou o FC Barcelona, pode sofrer menos atrás, mas no Sporting Gijón era facilmente ultrapassado. Tem qualidade, mas creio que tem falta de confiança. Se a recupera e está cómodo em Lisboa, poderá ser útil para o Benfica, mas se estiver ao nível temporada passada, considero que não seja uma boa contratação.”

Abordadas as debilidades, surgem agora as qualidades. E se o mais negativo está presente no momento defensivo, as principais virtudes apontadas a Douglas são ofensivas, o que perspetiva trabalho árduo para os adversários que o encontrem pela frente. “Em termos ofensivos, chega bem ao ataque, é rápido, tem boa visão e sabe definir as ocasiões”, considerou Pablo R. Guardado. Porém, a ideia de que o lateral brasileiro dá bem conta do recado no ataque não é consensual. “O Douglas era muito criticado no São Paulo FC por ter dificuldade no controlo de bola e na execução de jogadas pela lateral, apesar de ser bastante dedicado na marcação”, deu conta Luís Prates.

Será o castigo de André Almeida a oportunidade ideal para Douglas ganhar lugar e estatuto no Benfica e, consequentemente, relançar uma carreira que aos 27 anos tem estado estagnada? Sim, mas esta também poderá resultar na derradeira chance para o lateral brasileiro demonstrar que tem qualidade para estar nos palcos grandes europeus. Assim o considera Tauan Ambrosio, em conversa com o Bancada. “Com o Benfica, Douglas tem a oportunidade da sua vida: demonstrar que pode ser útil a um grande clube. Talvez seja a última oportunidade de mostrar o futebol que o levou às seleções de jovens do Brasil.”

Estreia à vista nas competições europeias

Douglas pertence ao curto lote de jogadores do atual plantel do Benfica que ainda não fizeram a estreia nas competições europeias. Assim como o lateral brasileiro estão Mile Svilar, Rúben Dias, Filip Krovinovic (não inscrito na Liga dos Campeões), João Carvalho e Diogo Gonçalves, ainda em espera por uma oportunidade na principal montra de clubes do futebol europeu. Ora, no caso de Douglas, não obstante que esta seja a quarta época que compete na Europa, ainda não realizou qualquer minuto em campo seja na Liga dos Campeões ou na Liga Europa.

Com a lesão de André Almeida e sendo o único lateral direito de raiz presente entre as atuais escolhas de plantel de Rui Vitória, é de perspetivar que essa estreia terá lugar a 18 de outubro, em pleno Estádio da Luz, e logo contra um adversário do calibre do Manchester United. Ainda assim, não será a estreia de Douglas em jogos internacionais.

O lateral brasileiro, quando ainda estava no país de origem, já marcou presença na Taça Libertadores e na Copa Sul-Americana. Na Libertadores, são nove os jogos que conta, todos eles ao serviço do São Paulo FC, clube que representava antes de rumar ao FC Barcelona. Na Copa Sul-Americana, o lateral direito realizou um total de 20 partidas, divididas entre o São Paulo FC e o Goiás ES.